Temas e Controvérsias

CAFEÍNA PROMOVENDO INTEGRAÇÃO DA CONSCIÊNCIA-II!

(Contra o POSITIVISMO que assola a MEDICINA, uma dose de DIALÉTICA)

NOTA: até 10/4/18 a situação clínica do paciente em questão tem apresentado pequenas oscilações, mas não mais aconteceram situações incontornáveis.
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Formacao retNinguém mais do que eu gostaria de aplicar a situações semelhantes alguns controles que melhorariam muito as possíveis conclusões: doses, concentrações, EEG, imagens, etc. Como, entretanto, sou eminentemente um clínico e como há uma fragilidade considerável na situação, penso que esse tipo de intervenção corresponderia a uma “CURIOSIDADE IMPERTINENTE”. Verifico uma tendência entre nós à mistificação da experimentação, como se fosse, ela mesma, a CIÊNCIA em si. Prefiro pensar em um OLHAR CIENTÍFICO para os fenômenos que nos cercam e, nesse caso, como bem o disse G.W.LEIBNIZ, o essencial é conseguir juntar diversos fenômenos associados em um TODO, dando-lhes uma explicação razoável. Isso é fazer ciência. Além disso, não foram poucas as hipóteses e teorias formuladas a partir da observação de fenômenos bem antes da possibilidade de uma experimentação para sua confirmação. O melhor exemplo é a Teoria HELIOCÊNTRICA criada por N. Copérnico e confirmada décadas depois através da experimentação por Galileu.
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Talvez o mais importante, nas condutas clínicas aqui descritas, seja o estímulo aos jovens profissionais da área para que exercitem—COM RESPONSABILIDADE, é claro—sua capacidade de crítica e imaginação (por que não?) diante de situações que fujam ao habitual; especialmente quando as medidas ditas “consagradas” estão falhando rotundamente. Há que ter em mente sempre o PRINCÍPIO “Primum non nocere” (antes de tudo, não fazer o mal). Eventualmente, contudo, somos atirados a situações que nos obrigam a aplicar predominantemente um outro raciocínio (sem esquecer do primeiro, mas tentando avançar cuidadosamente): sopesar RISCOS e BENEFÍCIOS, sempre mantendo a consciência de que andamos em terreno não muito firme e que alguns riscos—caso queiramos mesmo fazer avançar o conhecimento—são inevitáveis. Por isso, digo sempre: quanto mais distante é uma medida (ou atitude) em relação àquelas que são protocolares e consagradas, mais quem as adota precisa DETALHAR seus procedimentos por ESCRITO.
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EFEITOS PARADOXAIS OU ESTREITEZA DO PENSAMENTO?
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Quem pode negar a nossa quase inevitável tendência a tomar o conhecido como referência na abordagem do desconhecido? Somos SEMPRE, mais ou menos, REDUCIONISTAS. Mas podemos também ser mais ou menos flexíveis nesse processo. A observação de um aparente PARADOXO indica apenas que precisamos rever a nossa maneira de pensar. A palavra é tão bonita e impactante que chegamos a nos esquecer da sua origem: DOXA nada mais é do que opinião ou crença, devendo-se a ela contrapor EPISTEME (conhecimento verdadeiro, mas também questionável, é claro). Aquela expressão (“Efeito Paradoxal”), a rigor, nem caberia mais no caso aqui descrito, pois se tratam de observações já bem conhecidas. A rigor, ela apenas ilustra e confirma a tendência dos médicos ao pensamento LINEAR, com matiz positivista. Para que se tenha uma ideia, TODAS as medidas adotadas até então (no caso em questão) visavam ações em um único sentido: sedação, diminuição de psicomotricidade, uma certa contenção motora e assim por diante. Esquecemo-nos de que no nosso próprio cérebro há estruturas (principalmente as circunvoluções pré-frontais) que têm (elas mesmas) função frenadora. Ou seja, quando ESTIMULADAS, exercerão um muito melhor e mais construtivo—talvez até criativo—direcionamento das energias de alguém. O nosso “OBJETO DE ESTUDO” (humanos em geral) é bem mais complexo e rico do que um aparelho eletro-mecânico qualquer, sem contar com as muitas outras interações e variáveis, ambientais e orgânicas que não podemos controlar.
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A ACADEMIA SOB TUTELA E A ORIGEM DESTE BLOG
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Em 2010, estava eu na direção deste Instituto quando apresentei aos coordenadores do nosso JBP um artigo para publicação. Como todos sabem, esses artigos são submetidos à avaliação por pares (“peer review“) ANÔNIMOS. Em outras oportunidades, eu já tivera dificuldades para publicar ali e até aceitei um desvio de textos para a seção de “Cartas ao Leitor”. Daquela vez, porém, houve uma NÃO ACEITAÇÃO ao que tudo indica tão peremptória (quem sabe ofensiva?) que a administradora do JBP se recusou (delicadamente) a me mostrar o “parecer”…anônimo…é claro. Por mais que lhe pedisse uma cópia (um direito), ela dava desculpas para não o mostrar. Talvez temesse a “morte do mensageiro” de más notícias. Foi quando decidi criar este BLOG no qual me libertaria de todas as amarras formais e protocolares obrigatórias nas “publicações oficiais”. Mas bem pior do que as formalidades eram: a cobrança de ser “membro do clube” (ou “panelinha”) e o obrigatório “beija-mão” dos mais poderosos. Quem me conhece sabe o quanto isso é absolutamente impossível para mim. Bem… posso dizer que este BLOG alcançou algum sucesso, pois conta entradas e acessos na casa das muitas centenas de milhares!!
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E eis que, lendo o excelente livro “A ERA DO CAPITAL IMPRODUTIVO“* (Ladislau Dowbor: “Outras Palavras & Autonomia Literária, 2017)—onde é demonstrado o quanto as GRANDES CORPORAÇÕES como que “sequestraram” não apenas a economia, mas a própria vida na maioria dos países (especialmente o Brasil)—me deparei com o capítulo “Controle do Ensino e das Publicações Acadêmicas”: “…o controle (daquelas corporações, financeiras, na sua maioria) das próprias visões acadêmicas avançou radicalmente nas últimas décadas, por meio de financiamentos diretos e, em particular, pelo controle das publicações científicas…O embate aqui é grande inúmeros pesquisadores estão fugindo do cartel de publicações científicas com fins lucrativos e publicando gratuitamente “online”…o próprio controle corporativo das publicações favorece a massa de pseudo pesquisas de interesse das próprias corporações…**”. Concluí que, apesar de estar um tanto solitário por aqui, estou em boa companhia; e também que a luta em função da AUTONOMIA das investigações que procuram por algum saber mais consistente está mais viva do que nunca. O espírito MEDIEVAL retornou com muitas sutilezas: antes ele recorria ao MEDO; agora aposta na vaidade e também que “a plateia só deseja ser feliz”.
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*O texto nos induz à conclusão de que, em verdade, trata-se do “CAPITAL PARASITÁRIO”, até porque seu efeito maléfico sobre a própria economia é tão marcante que as coisas têm caminhado para a “morte do hospedeiro”.
**A situação mais marcante e óbvia que presenciei foi a declaração em nosso C. de estudos de um Prof da UFRJ (microbiologia) sobre a Zica. Teria recebido um telefonema de um grande laboratório oferecendo fartos recursos para uma pesquisa sobre o tema. Ele se surpreendeu muito, mas não desconfiou de manipulação. Estava (e ainda está) em tela a ENORME manipulação daMONSANTO e outros tentando abafar a NOTA TÉCNICA DA ABRASCO que apontava o uso do larvicida PIRIPROXYFEN (adicionado diretamente às caixas d’água do povo nordestino) como o maior responsável pela epidemia de microcefalia ocorrida especialmente nos locais onde ocorreu aquela violação do PRINCÍPIO DA POTABILIDADE DA ÁGUA (ver neste BLOG: http://www.ipub.ufrj.br/portal/ensino-e-pesquisa/ensino/residencia-medica/blog/item/618-o-zika-circus-est%C3%A1-montado-oms-ms-globo)

“Entrevista com a mãe do paciente estudado realizada pelo Dr Allan G. Dias.”

Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ