Temas e Controvérsias

EBSERH: DE COMO UMA EMPRESA VIROU ZUMBI!

(Nossas muitas vitórias tiraram a sua própria razão de ser)

EbserhA falta de senso histórico entre as pessoas envolvidas nas lutas pela PRIMAZIA do interesse social sobre todas as coisas é mesmo impressionante! Ficamos tão presos a IDEAIS, que sua distância faz com que não consigamos valorizar os pequenos, mas firmes passos que estamos dando no avanço das lutas! Falamos em DIALÉTICA, mas não a aplicamos nas nossas avaliações diárias. Por exemplo: quando fazemos parar um processo dos adversários que parecia avassalador não o contabilizamos VITÓRIA. Se o fazemos, a animação não dura muito. E se não AVANÇAMOS, de maneira propriamente dita, consideramos essa conquista algo menor; pequeno diante de nossos “tão elevados ideais”. Ficamos alegres momentaneamente, mas logo o IDEAL nos recaptura e voltamos a falar mal de nosso povo; de sua passividade, etc*. Com isso, caímos do pior dos males que pode atingir os envolvidos nesse tipo de luta: a PERDA DO MORAL “...aquele não sei o que; que nasce não sei onde…”; que nos anima não sabemos muito bem porque. Somente pela elevação da nossa confiança nos que seguem ombro a ombro nossos avanços serão consistentes. É o que está se passando na luta pela preservação e aprofundamento da A. UNIVERSITÁRIA, implicando a expulsão de um INVASOR que responde pela curiosa (e boa de debochar) junção de letras: EBSERH
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“MORDENDO A ISCA HCPA”!
Quem está nessa luta desde o princípio sabe bem que tipo de intenção norteou sua criação: uma PRIVATIZAÇÃO descarada de todos os HUs que passariam a servir aos PLANOS DE SAÚDE (somente aos mais caros, diga-se de passagem) sem qualquer disfarce. Por isso, o HCPA (RGS) foi tomado como PROTÓTIPO e vitrine para o que seria “estendido aos demais HUs”. E quantas romarias—até de SINDICATOS e mesmo da UFRJ—foram feitas para verificar “in loco” o quanto o “sonho era alcançável”. A cooptação era óbvia e também descarada. E o pessoal da saúde, subitamente,”FOI AO PARAÍSO”. Tudo coordenado simultaneamente com uma asfixia e desmoralização progressivas dos RJUs, é claro. E quantos dirigentes e profs se comprometeram (em muitos sentidos) nessas viagens! Há relatos de falas “muito elogiosas” de nossos colegas em reuniões por lá.
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RESISTIMOS…E A EBSERH PERDEU O RUMO!
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Somente esse “se tornar vitrine” pode mesmo explicar o tipo de investimento feito pelo governo naquela unidade: ISCA PARA ENGANAR INCAUTOS; pessoas que não tinham certos PRINCÍPIOS muito claros e que agora se dão conta da perversão de todo o processo. Há lá até andares específicos destinados para PRIMEIRA (Planos de Saúde) e SEGUNDA CLASSES (SUS). E ainda há quem repita que isso é bom para os pacientes do SUS!! Tudo: 1– idealizado pelo B. Mundial (aquele que, como qualquer…BANCO, olha o mundo a partir do LUCRO e espoliação); 2-formulado por egressos do período FHC (membros da CGHU,uma espécie de “OVO DE CUCO” no ninho do PT; 3– e formalizado, assinado e aprovado por ação direta dos governos do PT. NUNCA AS UNIVERSIDADES SOFRERAM UM ATAQUE DE TANTAS FORÇAS ORGANIZADAS! E nós RESISTIMOS! Fizemos parar o rolo compressor. Nossos esforços os obrigaram a recuar progressivamente em seus objetivos. Desde então, a EBSERH está andando de lado; gastando dinheiro público inutilmente. Seu projeto FRACASSOU; sua morte é questão de tempo…de não muito tempo, diga-se de passagem.
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INCOMPETÊNCIA (GESTÃO) E DESINTERESSE DOS RJU?
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Hoje, do ponto de vista da procura de alguma “razão moral de ser” para aquele ALEIJÃO (chamado EBSERH), a única possível passa pela DIFAMAÇÃO e DEGRADAÇÃO dos professores e funcionários das UNIVERSIDADES. Segundo os que idealizaram aquela coisa, e desde seu início: os RJU seriam “desinteressados no trabalho” (para usar linguagem eufemística) e os professores (em geral) seriam INCOMPETENTES em termos de administração hospitalar. Por isso precisariam receber uma espécie de TUTORIA por parte dos privatistas, tão “competentes” que levaram o país à situação em que se encontra. MEUS COLEGAS…meus amigos…meus inimigos…! Não haveria outra “justificativa moral” para a criação de uma estrutura administrativa extremamente cara consumindo recursos que poderiam estar sendo aplicados diretamente nas nossas unidades. Não há mais como tergiversar: quem, dentre nós, apoia ou mesmo aceita a EBSERH está confessando sua descrença na sua própria competência (quem sabe até honestidade?) e na dos demais colegas. Se somos mesmo incompetentes e/ou desinteressados no trabalho—e só nesse caso— então a EBSERH tem razão de ser.
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PREPARANDO O PÓS-EBSERH
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Não há também como negar: a “erva daninha EBSERH” (desde sua própria concepção) partiu e avançou no “terreno fértil” do nosso pouco compromisso; da nossa INÉRCIA e também do ESPÍRITO DE CORPORAÇÃO. Muitos de nossos HUs foram mesmo perdendo progressivamente sua função social, passando a servir mais aos seus próprios funcionários do que à população. Nas muitas discussões que tive durante o processo de luta, ao ouvir diversos gestores falando mal dos funcionários RJU; de seu descompromisso e absenteísmo, perguntava sempre: “Quantas Com. de Sindicância você abriu para avaliar essas situações e tomar as medidas necessárias?”…SILÊNCIO constrangedor….NENHUMA! Era a resposta invariável. Então, como diz o personagem da TV: “NÃO ME VENHAM COM CHURUMELAS!”. É um PRINCÍPIO que sempre aplico: antes de falar mal dos outros, FAÇA A SUA PARTE. Qualquer coisa diferente disso resulta em uma FEIRA DE MALEDICÊNCIA, cheia de acusações mútuas…e pelos cantos; cada um atribuindo aos outros as razões do fracasso.
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*E como nos refugiamos da dor? Dando um “salto quase mortal” sobre a HISTÓRIA e repetindo o chavão HEGELIANO: a inevitabilidade da revolução e do socialismo, etc. Esse sim, é uma espécie de ÓPIO, só que…dos intelectuais.

Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ