Temas e Controvérsias

EBSERH NO SENADO: MOVs SOCIAIS MANIPULADOS!

(De como "uma misturada só" atrapalhou a luta pela Autonomia)

Quem não viu nunca mais verá um exemplo semelhante de tão marcante dissociação entre um discurso (aparentemente progressista) e uma prática totalmente reacionária como a ocorrida no SEMINÁRIO promovido por colegas que assessoram o Sen. P. Paim (23/11):
1- uma defesa “in abstracto” da AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA; com discursos pomposos, velhos e dirigidos a ouvidos moucos;
2- enquanto faziam figuração no maior ataque à única instituição que afirmou aquela mesma AUTONOMIA derrotando os governos: a UFRJ.
De minha parte, assim que li um trecho da convocação para o tal seminário (logo omitido pelos promotores, diga-se de passagem) anunciando a discussão de uma pretensa “autonomia” dos HUs em relação às Reitorias, percebi a malícia embutida na tal discussão. O que estaria em discussão seria um FATIAMENTO da AUTONOMIA: uma autorização os HUs escolhessem à vontade aderir ou não à EBSERH. Ou seja, seria a morte da autonomia como a concebemos: um apunhalamento pelas costas das nossas Reitorias. Quem participa dessa luta desde o princípio, aliás, sabe que os MÉDICOS em geral (especialmente diretores de HUs) apoiaram a EBSERH. O caso do EX-DIRETOR do HUCFF é paradigmático para avaliar os riscos dessa proposta: o trânsfuga, depois de ser eleito “surfando” na luta ANTI-EBSERH, “virou casaca” pouco tempo depois. Todos acompanharam o seu recente afastamento pela nossa Reitoria. Eu, como acompanhei suas práticas antiuniversitárias desde sua posse e como sabia haver amigos seus entre os promotores daquele SEMINÁRIO, antecipei publicamente: o que está em curso é um ataque cerrado à UFRJ. E até alertei: há de ser seu TEMA PRINCIPAL.
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Foi o que por lá se verificou. As esquerdas também têm os seus “inocentes úteis”. Depois de uma série de discursos meio batidos, veio a fala da Representante do TCU! Depois de citar a Min. Carmen Lúcia citando sua “metáfora floral” muito cafona e piegas: “a democracia é como uma roseira que se não tratada torna-se uma ERVA DANINHA para o arbítrio” (só quem nunca viu uma roseira…ou uma erva daninha…poderia dizer isso*), começou ela a enumerar as tais “ervas daninhas”. Entre elas, incluiu a conduta LEGÍTIMA da Reitoria-UFRJ de afastar um diretor que teimava em afrontá-la e que vinha desenvolvendo práticas “administrativas” no mínimo duvidosas e outras francamente irregulares. Mas a malícia maior foi parear esse afastamento LEGÍTIMO ao que afrontou a Reitoria e a Autonomia na UFAL. Os dois foram apresentados como “ervas daninhas”, como se tivessem mesmas raízes. Ouvi mais alguns oradores e tenho quase certeza de que NINGUÉM ali se pronunciou em defesa da UFRJ e sua REITORIA. Como disse uma colega da UFF: “Foi uma misturada só”! E eu pergunto: a quem interessam misturadas desse tipo? A nós que temos propostas CONSTITUCIONAIS e todas baseadas em PRINCÍPIOS, ou aos trânsfugas Agora, nossa Reitoria está obrigada a levar esse confronto às últimas consequências: não apenas legais para garantir a aplicação de sua decisão, como exigir uma investigação rigorosa das GRAVES ACUSAÇÕES que surgiram em relação à gestão do ex-diretor do HUCFF.
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E. CÔRTES: UMA VITÓRIA DE PIRRO?
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Mas um lado meu, abstraindo dos prejuízos que viriam ao HUCFF, até que gostaria de ver aquele professor reassumir. Tenho quase certeza de que olharia para os lados e…que desolação! Não veria ninguém….a não ser capachos sem expressão. Eu também não gostei do momento em que ele foi afastado: imediatamente antes de uma eleição na qual era candidato, mas isso só obriga nossa Reitoria a aprofundar as investigações das possíveis e muito prováveis irregularidades. Será que aquele diretor acredita mesmo na possibilidade de retomar um comando que já estava podre e se desfazendo? De reerguer uma equipe que não mais acreditava nele e que, em grande parte, o ABANDONOU imediatamente quando da intervenção? Seria mesmo engraçado vê-lo dando ordens para ninguém. Que fique por lá alguns dias, suficientes apenas para a caracterização da sua mais completa desmoralização….até agora, pois é bem provável que venha outra ainda maior quando das investigações. Mas…voltemos ao tal “SEMINÁRIO dos inocentes úteis”!
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“DISCUTINDO” A AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA
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Essa foi a maneira pela qual o seminário foi anunciado. Não havia qualquer complemento do tipo “A implementação plena…”; “O financiamento de maneira a viabilizar aprofundamento…”. Assim, somente “discutindo a Autonomia”, mais parecia uma convocação de INIMIGOS dessa AUTONOMIA. Como não perceberam a DEFORMAÇÃO? Para quem tem essa AUTONOMIA entranhada, NUNCA ela está em discussão, especialmente em ambiente de gente que não perde oportunidade de seu ataque. Era o que eu respondia a todos aqueles que diziam serem seus representantes da EBSERH muito simpáticos e que estavam me convidando para “sentar prá conversar sobre a EBSERH”. RESPOSTA: “Quem sentar prá conversar, em ambiente particular, já está começando a aceitar! Façamos discussão pública!”. Nunca o aceitaram.
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A EBSERH NO PÓS-TEMER
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Se há uma discussão que precisamos travar e que envolve o PT e seus parlamentares, é: como fechar a EBSERH! Sua criação foi o último DECRETO de Lula e seu fechamento pode ser o PRIMEIRO de um outro eventual governo daquele partido. Não é uma coisa tão complicada. A sentença que dissecamos neste blog meses atrás, dando ganho de causa à UFRJ apresenta também os caminhos a serem trilhados por quem aderiu. Os funcionários da EBSERH são TODOS provisórios. Essa provisoriedade pode ser mantida enquanto não são promovidos novos concursos para RJU. A Reitoria da UFRJ, aliás, soube muito bem aproveitar aquela SENTENÇA: chamou dezenas de concursados que aguardavam convocação e já assumiram seus cargos. A questão que precisamos discutir me parece ser: como gerir bem funcionários estáveis; como ter um retorno pleno de sua força de trabalho respeitando direitos, mas exigindo contrapartidas e aplicando as sanções previstas quando isso não ocorrer. SIM! Há muita gente que usa mal a estabilidade e há ainda mais gestores que se omitem nessa cobrança.
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*Tenho a impressão que ela queria mesmo era falar da muito batida associação das flores com os espinhos. Mas…das duas uma: as “ervas daninhas” ou as rosas entraram nisso como PILATOS NO CREDO.

Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ