Arte e Cultura

MASSACRE DE ORLANDO E A “BELEZA AMERICANA”!

(Os perigos da homossexualidade não aceita em uma sociedade explosiva)

Márcio Amaral: vice-diretor IPUB

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orlandoCausou muita surpresa o fato de o atirador da boate de Orlando ter sido um frequentador relativamente assíduo do lugar. A princípio, julgaram que, nessas idas, ele tinha a intenção “apenas de planejar o ato”. Agora, sabe-se que não, e eu confesso ter ficado muito mais preocupado com o acontecimento e seus desdobramentos. Uma coisa é certa: não podemos, de forma alguma, perder o foco daquilo que é o problema principal e está na base dos acontecimentos: a tendência muito americana de resolver seus problemas com tiros. Pensam que aquela infinidade de tiros nos “saloons” que inundaram e inundam os cinemas há muitas décadas podem passar sem maiores consequências? Por isso, culpar somente “um louco” por esse tipo de conduta corresponderia a inculpar alguém por uma explosão ao acender um fósforo em um ambiente cheio de gás. Os EUA deixaram de ser a “terra da promissão” há muito tempo. De lá têm vindo os maiores perigos para o mundo e a humanidade.

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Há, sim, muitas diferenças e choques culturais na relação entre o ocidente e os países e povos de fé muçulmana. É muito comum que jovens muçulmanos, depois de terem tido uma formação religiosa/cultural muito rígida na infância, deixem-se levar, na adolescência, pelos apelos de uma sociedade onde tudo parece ter um preço. Como aquela rigidez anterior raramente é superada (através de uma crítica mais profunda), qualquer fracasso na sua inserção nos meios sociais “ocidentais” (e rejeições mais ou menos explícitas) tende a refluir para uma rigidez maior ainda; e agora com fantasias de eliminação e catástrofe. Os resultados todos conhecemos. Apesar de todas essas diferenças, há um aspecto que penso estaruniversalmente presente e subjacente a todo ATO HOMOFÓBICO e em qualquer lugar do mundo e cultura: um jogo de ATRAÇÃO/REPULSÃO (muito dialética, pois, por sob toda aversão desse tipo, podemos vislumbrar atração e desejo).

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APRENDAMOS COM “A BELEZA AMERICANA”

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nypdEsse fenômeno foi dramaticamente muito bem tratado em “A BELEZA AMERICANA”. Nunca o choque entre: 1- a necessidade vital de carinho e acolhimento masculinos por parte um outro homem (sim, todos tivemos e ainda temos essa necessidade); 2- e a rigidez quase absoluta de um antigo militar, foi expressa de forma tão convincente. Apanhado no meio de um jogo de forças que se excluíam mutua e artificialmente; e não conseguindo conviver com uma testemunha da sua procura por CARINHO PATERNO—entendido por alguns como necessariamente homossexual—, era muito natural que a “solução militar” desembocasse na ELIMINAÇÃO daquele que despertara sentimentos não aceitos pelo próprio*. O mesmo já foi feito pelos inquisidores religiosos: atribuíam culpa às mulheres por lhes terem despertado concupiscência, mandando-as para as fogueiras. Há uma lógica nisso que só o POSITIVISMO INFANTIL, muito comum entre os psiquiatras norte-americanos (mas também do mundo que sofre sua influência) impede de ver.

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trumpÉ muito comum que os defensores de valores morais muito rígidos (e…contra a natureza) acusem o amor homossexual de ser uma aberração…contra a natureza. Assim, criaram um pavor que assola as famílias, especialmente suas crianças, de que algum de seus membros venha a apresentar a tal “aberração…”. Com isso, estabeleceram limites muito rígidos…e contra a natureza, nas relações entre as pessoas, impedindo (ou restringindo) contatos físicos entre as pessoas. SOMOS, ANTES DE TUDO MAMÍFEROS E GREGÁRIOS; por isso, essa necessidade de trocas e toques é OBRIGATÓRIA, sem que tenha nada de homossexual associado necessariamente: “Expulse a natureza pela porta da frente e ela arrebenta a porta de trás….” (de um poeta latino); “A natureza detesta ser contrariada!” (João Saldanha). E assim, sob pretexto de eliminar uma “ABERRAÇÃO contra a natureza”, cometem-se, AÍ SIM, as piores ABERRAÇÕES… Ouvi de uma brasileira vivendo em Boston: “Eles querem dar a impressão de que não precisam de ninguém!” . Pois eu repito em alto e bom som: PRECISO DE TODO MUNDO!

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E A POLÍCIA AMERICANA: QUANTOS MORRERAM COM SUAS BALAS?

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A última informação, um tanto desencontrada, teria sido uma ameaça do “terrorista” (durante o ataque) de que iria vestir um cinturão de explosivos e lançar tudo pelos ares. Essa soou muito mal. Nunca soube que os tais cinturões só explodiriam quando na cintura. Além disso, quantas mãos teria o atirador para portar uma AR-15, uma pistola e ainda carregar um cinturão de explosivos…na mão. É APENAS UMA DESCULPA PARA JUSTIFICAR O TIROTEIO FINAL promovido pela própria polícia, no qual podem ter morrido muitos dos frequentadores. A situação era “EXPLOSIVA” mesmo e eu não vou atacar a polícia por ter atirado meio sem critério (centenas de tiros na escuridão e que vinham de diversas armas). Eu também não saberia o que fazer. Uma coisa é certa: é obrigatória a divulgação do número de pessoas que foram atingidas por balas disparadas pela polícia. É o mínimo: a informação. Ocorre, porém, que a polícia—em função da exploração do medo que atinge a quase todos por lá— se tornou uma instituição quase sagrada nos EUA. Com isso, toda a sociedade vai passando a se organizar (sem sequer se dar bem conta disso) segundo um padrão estabelecido pela POLÍCIA. Eis o ESTADO POLICIAL atingindo a “nação líder”. Pobre humanidade! Por aqui ainda temos uma chance, embora os aparelhos de segurança de lá estejam fazendo de tudo para trazer o espírito do TERROR para cá. Quem sabe não vão promover, eles mesmos, algum?

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*Houve um outro caso desse tipo de homossexualidade não aceita pelo próprio  envolvendo um rapaz muito americano (um dos irmãos Willians) que mataram homossexuais e atacaram sinagogas na Califórnia em 1999. Aquela é mesmo uma “receita” muito explosiva.

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