Arte e Cultura

CORIN: CASSANDO A AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA..INTERNAMENTE!

(Apostando na SUBMISSÃO generalizada dos nossos gestores!)
1 mentoria
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NOTA: Este texto estava quase pronto quando se configuraram plenamente um ABUSO e um DESRESPEITO à Direção do IPUB: 1- “alguém” acionara o MPF se queixando de que nosso BLOG publicava “opiniões pessoais” (não conheço opinião que não seja pessoal); 2- Nosso DIRETOR foi oficiado PESSOALMENTE por uma PROCURADORA (em 09/12/2019) pedindo informações quanto a se havia “disciplinamento e orientação” para uso das nossas redes; 3- Por não dispor dessa informação, nosso Diretor encaminhou um pedido de ESCLARECIMENTO à Reitoria; 4- Como a resposta demorou muito, nossa secretaria contatou o CORIN (29/01) e foi informada de que “a resposta ao MPF já fora enviada” por eles mesmos. Ou seja: todo o circuito de ABUSO e DESRESPEITO (discutido abaixo) se fechou: trilhado na prática. Reparar que o CORIN foi anunciado 3 dias depois do pronunciamento da PROCURADORIA.
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Quando um membro da comunidade acadêmica—seja professor, estudante ou funcionário—sente e compreende profundamente o espírito da AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA passa a aplicá-la como um bem universal! E é esse espírito que não vem sendo respeitado pela Reitoria na sua relação com as unidades que compõem a UFRJ e que são sua razão de ser. Quando achávamos que as universidades seriam trincheiras na luta contra o avanço da mentalidade que vem promovendo o arbítrio, especialmente bem perto de nós, eis que constatamos haver quem, entre nós, tenha se tornado um braço auxiliar daquela mesma mentalidade.
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GESTORES TORNADOS “CAFÉ COM LEITE” NO “JOGO DA VIDA”!
O anúncio do CORIN não traz qualquer informação quanto a alguma decisão da REITORA e/ou do CONSUNI: “…venho por meio do presente informar que a Coordenação de Relações Institucionais e Articulações com a Sociedade é o canal oficial de relação da UFRJ com os órgãos do Estado….”. Tudo ali é apresentado na primeira pessoa (C. de Gabinete) e apenas “INFORMANDO”: sem apresentação de razões e sem qualquer possibilidade de discussão! Tudo tão anti-universitário! Mas é um pouco mais adiante que espírito arbitrário fica mais evidente: “…requisito que todas as demandas vindas de órgãos de controle e judiciais que chegue (!) em suas unidades, sejam encaminhadas imediatamente para o CORIN.”. Comecemos pela linguagem chula (deixando de lado o erro de concordância):
1 “..que chegue (!) em suas unidades” é muito mal escrito: como se essas demandas chegassem aqui fortuitamente ou até por engano. Em verdade, são a NÓS DIRIGIDAS;
2- “vindas dos órgãos de controle” restou a impressão de que vieram andando por aí. Em verdade, somos seu DESTINO e ACUSAMOS seu recebimento oficialmente. No momento final, somos transformados em mera CAIXA POSTAL…de repasse.
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O PODER DA LINGUAGEM E A DENÚNCIA DOS MÓVEIS INTERNOS!
Mas o coroamento do pouco respeito se dá na palavra “IMEDIATAMENTE”. Trata-se de um termo que SEMPRE desclassifica e humilha. Nunca o apliquei para qualquer pessoa! Quem o redigiu não sabe bem o seu significado. Implicaria que não poderíamos sequer abrir um envelope com a marca de algum daqueles órgãos. Talvez seja essa a intenção, mas não tiveram coragem de dizer: IMEDIATAMENTE e sem abrir o envelope, ainda que dirigida aos Srs. Mas, nada disso se deve APENAS à ignorância dos termos que se devem aplicar nessas situações*. O que ali se lê é a REVELAÇÃO de como nos julgam: “Sem um poder central, vocês são quase nada! Por aí, tudo é contingente sem um poder CENTRAL (por mais que seus ocupantes possam ser, eventualmente, verdadeiras toupeiras). Recolham-se à sua insignificância e deixem tudo por nossa conta. NÓS saberemos cuidar de vocês, desde que se comportem, é claro”
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POR QUE NÃO “INFORMAM” ÀQUELES MESMOS ÓRGÃOS (MPF e outros)?
Seria bem mais simples: “Gostaríamos de ‘informar’ que, a partir dessa data, somente o CORIN está autorizado a responder às demandas dos Srs PROCURADORES! Sendo assim (e para evitar que elas fiquem andando por aí) encaminhem-nas diretamente a nós”. Sabem porque não o fazem? Os representantes daqueles órgãos ririam do desplante. Querem respostas diretas e dos RESPONSÁVEIS diretos. Certamente desconfiariam muito da medida estapafúrdia. Afinal, RESPONSÁVEL é aquele que RESPONDE diretamente. Que a Reitoria cobre o envio posterior de todas as demandas é um DIREITO e até obrigação nossa. Cassar nosso DIREITO e OBRIGAÇÃO de responder àquilo que foi a nós dirigido; torna-nos meros figurantes (aqueles que não têm voz no teatro, critério aplicado também para os escravos)? Inaceitável. Nossos colegas do CORIN deveriam aprender com quem viveu profundamente essas relações. Nosso diretor dirigiu H. de Custódia e exerceu outros cargos na área; eu mesmo fui Coordenador de SAÚDE PENITENCIÁRIA (DESIPE, final da década de 1980)**. Conhecemos bem essas situações. O desgaste da UFRJ com aqueles órgãos há de ser enorme. Significativamente, não há registro de consulta à nossa PROCURADORIA.
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E QUAL SERIA A ORIGEM VERDADEIRA DE TUDO ISSO?
Teriam, essas decisões, origem na própria UFRJ? Ou fariam parte do processo de nossa submissão a forças externas terríveis? Há ali duas pistas (nas “funções” anunciadas do CORIN): 1- “Articulações com a Sociedade”; 2- “Canal institucional de relação da UFRJ com o G. Federal, estaduais, municipais e os diversos órgãos de controle externo”. Quem se lembra de que a REITORIA passada contratou uma pessoa estranha à UFRJ, com a estranha função de “articulação e intermediação das relações da UFRJ com a sociedade”? Quem se lembra de que essa pessoa está à frente (à maneira de um corretor de imóveis) dos esforços para que nossos TERRITÓRIOS se transformem em ATIVOS IMOBILIÁRIOS e sejam entregues ao “mercado”***, ameaçando, inclusive, o bairro que nos acolhe? Ou seja: tudo leva a crer que as “garras” dessas pessoas se aprofundaram no dorso da presa….nós mesmos.
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*Não são muito hábeis esses nossos colegas. Caso reforçassem o aspecto de proteção àqueles gestores que se assustam com os MPs obteriam melhor resultado sem ferir ninguém diretamente. Há tantos que não se sentem à vontade para responder àqueles órgãos, aceitando essa perda de autonomia como uma bênção!
**De minha parte, comunico: caso me encontre em situação de responder a demandas dos órgãos de controle, e me sinta capacitado para responder, não cumprirei essa ordem. Significativamente, essas “ordens” nunca são acompanhadas das SANÇÕES que seriam cabíveis no seu descumprimento. Seus emissores sempre confiam na submissão acrítica e generalizada. Pois eu afirmo: não apresentam sanções por não serem previstas. E ordem sem sanção, é como MORDIDA DE BANGUELA.
***Com a desmoralização do discurso da “proteção ao aluno pobre” afundou o único verniz moral que servia de justificativa para um projeto completamente imoral.
Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ