Arte e Cultura

“ESQUERDA” FLERTANDO COM O GRANDE CAPITAL MUNDIAL”- I

(​"Quem tentar montar o dorso de um tigre há de parar na sua barriga" dizem os chineses...a propósito)
Morte
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“…teve um interesse enorme…das maiores empresas de consultoria do setor mobiliário, OS GRANDESNós queremos fazer uma apresentação desse projeto…na China ou Taiwan, algum lugar da Ásia, Europa e Estados Unidos e S. Paulo, claro…” (do ex- Reitor- UFRJ: ATA Cons. de Curadores, JUL-2018 sobre o tal projeto que ameaça devorar a alma da UFRJ).
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Foi com um certo luto que me debrucei sobre essa ATA. E não gostaria que as críticas se limitassem a UMA pessoa. Afinal, a REITORIA tem inúmeros cargos DE CONFIANÇA e seus atos foram acompanhados de perto por vários colegas que já considerei amigos e também se calaram a respeito. A RESPONSABILIDADE há de ser compartilhada. Uma das maiores críticas que faço à “entourage” de um certo ex-presidente é terem-no tratado como um “reizinho”: sempre tinha razão. As consequências…todos pagamos por elas. Mas há algo de mais perverso nisso: o medo de perder cargos; de ter sua carreira abortada, etc. Que TODOS tinham um sentimento profundo quanto aos absurdos lentamente gestados podemos deduzir do SILÊNCIO PROFUNDO que se seguiu à divulgação do “BOTAABAIXO”. De todos os membros da antiga Reitoria, somente o Prof. C. Veiner fez uma declaração pública: apesar do cargo que ocupava*, tudo ali passou ao largo do Fórum. Sempre há tempo para uma boa reflexão e autocrítica!
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OS DEVANEIOS DE UM REITOR! (trechos comentados da ATA referida)
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Quando de uma das apresentações do “tal projeto” no IPUB, diante da pergunta de uma professora quanto às demais áreas (no Fundão) que faziam parte do projeto, um ex-presidente do BNDES respondeu de maneira um tanto cínica que aquilo era jogo de cena; que todo o interesse era mesmo na P. VERMELHA. Haveria ali um deboche dos DEVANEIOS que ouviu do nosso ex-reitor quanto ao interesse possível em TODAS as áreas “oferecidas”? Vamos aos DEVANEIOS!
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1- “A C. Universitária é o caminho para a Barra…Baixada…Ilha do Governador”. “Aqui é uma área que você pode ter um nicho de serviços para toda a cidade”.
NÃO! Não sei o que ele considera “caminho”, mas definitivamente não é caminho para a Barra…etc. Tem que sair muito do caminho! E que caminho! Já com relação a “poder ter um nicho de serviços”, poder…quase tudo pode…Apenas, ninguém empreende alguma coisa ou aplica P. Pública baseado em “possibilidade”. Seria a fórmula do fracasso, fiasco e…falência.
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2- “Tanto que, quando as empresas de consultoria foram conversar com o BNDES, essa aferição prévia que o BNDES fez sobre essas possíveis empresas interessadas para participar da licitação, imediatamente começaram a olhar a C. Universitária, no que o próprio BNDES também ficou surpreso... tiveram essa percepção de que aqui é uma área que não tem serviço…”.
Bem…Eu fico com a SURPRESA do BNDES. Será que o ex-reitor não conhece o ditado: “Quem desdenha quer comprar!”? Diz um outro ditado comum entre empresários: “Quando, em uma negociação, não sabemos quem é o PATO, pode estar certo, o PATO é você!”. Os empresários certamente fingiram bem! ATENÇÃO: Serviço lá não tem por não haver a quem! Nenhuma empresa investe em SERVIÇOS esperando que as pessoas venham..a posteriori! É tão fácil identificar o PATO da história! Nós mesmos.
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Quando da expansão de uma cidade—desde que gerida por um bom PODER PÚBLICO—este vai na frente (depois de muitos estudos) preparando a infra-estrutura do lugar (água, luz, transportes, parques, escolas, unidades de saúde e outras). Só depois dessa preparação meticulosa (estabelecidas boas bases), iniciam-se os investimentos privados (restaurantes, lojas, oficinas, etc. que vão ocupando espaços segundo a evolução). É o que vejo acontecer em diversos lugares na Suécia** onde vou todo ano e me maravilho diante desses cuidados (independentes, aliás, quanto a ser a administração da cidade “de esquerda ou liberal”). Está na CULTURA e procedimentos de um povo.
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3- Mesmo a pessoa que vai para a Barra, que tem serviço, dependendo de onde você mora, você não vai no Barra shopping para fazer sua compra..ou serviço, você para aqui e já vai direto para casa. Então, cada área tem a sua vocação possível econômica…”. 
Trata-se de um exercício ocioso de quem não conhece a BARRA e não conhece a MENTALIDADE de quem lá mora! Deixo para outros a avaliação! O que dizer da palavra “POSSÍVEL” no meio de “vocação….econômica”. Não faz qualquer sentido. Ninguém faz investimentos esperando o surgimento de uma “vocação econômica”…possível. E a VERDADE não custou a aparecer: todo o interesse, no sentido de MORADIAS E SERVIÇOS, resume-se à PV. Já em relação às grandes corporações (petróleo e outros), penso que o FUNDÃO há de ser um dos endereços mais caros no mundo. As 2 destinações me parecem tão opostas…mas tão opostas, que penso se EXCLUÍREM.
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E ESTÃO PLEITEANDO A ADMINISTRAÇÃO DA CIDADE…
Vamos ao que há de MAIS IMPORTANTE nessa questão: a incompetência e o descaso de nossas esquerdas para com a GESTÃO em geral. Em verdade uma tenta esconder a outra: como sentem sua grave limitação a respeito, fogem da questão evitando o sofrimento que vem com a súbita consciência da limitação. E assim tudo “avança” (ou não, em verdade) para um abismo, com um matiz de “ôba ôba” que cada vez me incomoda mais. Não há como negar a proximidade que o ex-reitor tem com um certo partido bastante cotado para as eleições municipais. Trata-se de um partido sem qualquer experiência de gestão direta*** e que não parece muito preocupado com essa questão absolutamente essencial. Em termos de gestão, aliás, só temos testemunhado desastres (Estado e Município). O próprio Prefeito atual tenta esconder sua INCOMPETÊNCIA atrás de um moralismo tosco. O fator predominante para o seu fracasso é mesmo a INCOMPETÊNCIA para a gestão. Definitivamente, uma prefeitura não é uma igreja. Mas a mente mesquinha não consegue se alçar um pouco acima dela. Já as “esquerdas” sofrem do mal oposto: vagam nas nuvens dos devaneios prazerosos do momento. O que os dois têm em comum? O afunilamento em direção ao DESASTRE.
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*Presidia o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ
**Essa questão é tão levada a sério por lá, que já derrubaram conjuntos habitacionais inteiros, construídos (sem esses cuidados) na década de 1950/60. Confesso que fiquei horrorizado! Eram prédios que agradariam tanto à nossa gente sofrida!
***Aquele mesmo ex-presidente também não tinha essa experiência, mas estava cercado de pessoas que tinham alguma, além de ser dotado de uma enorme intuição política.
Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ