A tão anunciada saída de Fernando Haddad do Ministério da Educação (ME) finalmente se concretizou. O novo Ministro, Aloísio Mercadante, deve ser saudado com grandes esperanças, não somente pela sua história—e pelo sucesso obtido por sua gestão no Mininistério da Ciência e Tecnologia—como também porque todos os últimos movimentos do anterior apontavam para o uso do ME com uma espécie de trampolim para sua próxima tentativa de decolagem.
Pensam, porém, que FH vai “largar o osso” facilmente? Segundo nota da coluna “Panorama Político” (O Globo, 29/01) ele teria recomendado ao novo Ministro manutenção do “…presidente do FNDE, José Carlos de Freitas. A preocupação é com o grande volume de dinheiro movimentado peloFundo. ‘Aquilo ali é uma bomba’! Ele teria dito.”. Essa declaraçã o (aliás não desmentida) é o último ato de uma comédia de muitos erros. Afinal, EXATAMENTE POR MOVIMENTAR MUITO DINHEIRO, AQUELE FUNDO DEVERIA ESTAR SOB CONTROLE ESTRITO DE UM BOM MINISTRO. Não consta que aquele senhor citado seja “acima de qualquer suspeita”. Aliás, ficou pairando no ar a suspeita de que FHaddad não teve qualquer controle sobre o que se passava sob seu aparente comando. Aquela frase soa como uma confissão.
Não é preciso ter sido Ministro para saber que a “chave do poder” no ME deve estar exatamente naquele cargo. O que vale aqui entre nós, meros mortais, vale também lá no “Olimpo”. Já vi vários casos nos quais uma gestão somente se iniciou, verdadeiramente, depois do afastamento de algum “funcionário chave”, “herdado” de uma administração anterior; seja em um hospital, em um governo de Estado, ou em uma pasta ministerial. MERCADANTE! É ali que as batalhas decisivas para o bom exercício da sua gestão serão travadas! Por isso…se adiante!
A princípio, pensei que o interesse do ex-Ministro fosse continuar a manter algum poder por lá. A expressão que utilizei: “largar o osso”, foi inspirada nessa idéia. Relendo a referida nota, porém, parece não ser esse o caso. Tudo leva a crer que FH, em verdade, nunca exerceu plenamente o poder e agora teme o que pode estar dentro da tal ” bomba”. Algo que enterraria sua carreira? Se há uma “bomba”, a primeira atitude deve ser desarmá-la.
Há tantas outras “bombas” por ele deixadas! Uma certa Empresa de direito privado para gerir hospitais universitários (aprovada depois da aplicação de um “garrote vil” no HUs, e da rejeição de uma Empresa Estatal)! Perda do comando sobre a RM e sua quase entrega ao MS e outras.
Há mesmo quem trate o apoio de Lula como uma espécie de salvo-conduto. Nada menos Republicano! Deixemos os “Delfins de França” na história, até porque, nos dias que correm, esse tipo de “protegido” costuma apunhalar seus protetores pelas costas. Quem se lembra do que fizeram Genebaldo, Ibsen, Jobin e outros com Ulysses Guimarães?
1-NOTA PÓS-PUBLICAÇÃO: “VAI-SE A PRIMEIRA ‘BOMBA DESARMADA’…”! (com o perdão de Raimundo Correa!)-O Ministro Mercadante desarmou a primeira das “bombas” que Haddad admitiu haver deixado no Ministério que comandou por vários anos: vai comprar “tablets” somente para os professores da rede pública (600.000) e não para todos os alunos do ensino médio (muitos milhões), conforme anteriormente planejado. Disse o novo Ministro: “É mais seguro e dá tempo de amadurecer o projeto pedagógico” (OGl-03/02). Palavras de quem tem cuidado com a coisa pública. Todos sabem como a compra de aparelhos “sofisticados” tem sido utilizada para os piores propósitos. Que fim levaram as centenas ambulâncias compradas até para cidades que não tinham sequer emergência instalada? E as centenas de computadores que abarrotam salas, enquanto sofrem defasagem e a montagem de redes se arrasta? A situação do novo Ministro não é nada fácil! Já imaginaram se ele encontra coisas que detonariam uma candidatura patrocinada por LULA? Ainda há tempo para mudar de candidato!
