Arte e Cultura

“PREGÃO”-MAROTO: UFRJ NÃO É “MASSA FALIDA”

(BNDES a serviço do "Bocão" insaciável do CAPITAL )
Minerva prego
NOTA: o Edital do pregão para avaliação de nossos “ativos imobiliários” está completando um aninho: “07/08/2018, 15 h (horário de Brasília – DF)”. Só agora foi “vazado” para os maiores interessados. Nesse período, fizemos reuniões com “tiradores de dúvidas” (apresentados como “nossos colegas”) que calaram sobre ele. Imagino que a Reitora (recém empossada) também tenha sido “esquecida” nessa discussão. É um fato suficiente para que eu tome uma decisão PESSOAL: não mais me reunirei com “tiradores de dúvidas”, exceto PUBLICAMENTE (e para discutir a resistência ao tal projeto). Não preciso deles. Não tenho qualquer dúvida: estamos sendo, além de desrespeitados, muito prejudicados. No final das contas, tudo dependerá da nossa resistência POLÍTICA (da comunidade da UFRJ, em geral e do IPUB em particular) e também dos cuidados da nossa REITORIA (que só tem nos dado razões para confiar, vide a antecipação da resistência ao “FUTURE-SE”). Por fim, quando nomearam o tal “VivaUFRJ” pareciam se dirigir a um LÁZARO precisando ressuscitação. Há que demonstrar: estamos mais vivos do que nunca. E se cabe alguma metáfora, há de ser a da FÊNIX ressurgindo em todo o seu esplendor.
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De pessoas que tinham alguma informação sobre o lento processo de “negociação” de “ativos imobiliários” da UFRJ—a partir de reuniões convocadas pela direção do nosso “FÓRUM DE CULTURA”—tenho ouvido a sentença de surpresa diante do “VivaUFRJ” e sua ameaça direta ao IPUB: “Mas seria só para a área do Canecão e da Casa de Cultura”! Pobres ingênuos que nunca lidaram com a sanha devoradora do CAPITAL! Se não conheciam seu “BOCÃO INSACIÁVEL”, agora estão conhecendo.
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TENTANDO ENTENDER O PROCESSO
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De tudo isso, entendo: os “interessados” começaram por sondar para ver com quem estavam lidando. Afinal, nossa Reitoria era “ocupada” por uma “ultra esquerda” (segundo sua avaliação) que execrava o CAPITAL. Logo perceberam, entretanto, que:
1- o “vermelho” não era tão vermelho assim (agora talvez, e de vergonha)
2- o poder de sedução do capital tinha passagem quase livre por ali (desde que fossem salvas as aparências).
3- muitas personalidades tinham sido como que “amolecidas pelo fogo” e desmoralizadas em uma campanha suja movida pela mídia.
E então, NÃO ENCONTRANDO QUALQUER RESISTÊNCIA digna do nome, esqueceram-se das aparências; rasgaram as fantasias e abriram totalmente suas “BOCAS DESMEDIDAS”: todo o patrimônio da UFRJ  está sendo tratado apenas como ATIVOS IMOBILIÁRIOS nos documentos do BNDES de INTERMEDIAÇÃO de venda (as aparências obrigam a chamar “cessão”) e criação de fundo de investimento.
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FUNDO DE INVESTIMENTO: QUEM SERÁ O “PATO” NA HISTÓRIA?
 “..implantação..de outorga de concessão de uso e/ou constituição de fundo de investimento imobiliário de ativos…da UFRJ” (Edital)
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Os espertos da área (esqueçam “expertize”, são apenas espertinhos mesmo) têm um ditado: “quando, em uma negociação envolvendo várias partes, você não identifica quem é o pato a ser depenado, pode estar certo: O PATO É VOCÊ”. É o espírito muito americano e não por acaso o “poker” é o seu jogo por excelência: 2 ou 3 combinam “ferrar o próximo”…e ainda se dizem cristãos! No caso, alguém tem dúvidas quanto a quem será o “pato lesado”? E é bom assinalar que, estão usando esse “levantamento geral” de patrimônio como forma de diluir seu interesse VERDADEIRO: a área da PV.
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Além disso, estudando o edital do “PREGÃO-MAROTO”, vi que a UFRJ seria transformada em um enorme “FUNDO DE INVEST. IMOBILIÁRIO” (jeito moderninho de construir e vender imóveis sem aplicar CAPITAL PRÓPRIO, somente através dos investimentos de incautos). Isso quer dizer: não seremos atacados só de uma vez! Seríamos sangrados lentamente sob a ilusão da participação na gestão de um fundo. Tomar nosso patrimônio não é suficiente, eles querem tomar a nossa alma; sonham que vamos gostar tanto de investimentos e contas que mudaremos nossa função social! Como os vampiros, acham que, depois de nos morder…seremos “iguais” a eles. Aplicando outra metáfora, ficaríamos na posição da “aranha-zumbi”  picada pela vespa (para ser mantida viva) enquanto sua carne serve de alimento à larva depositada em suas costas.
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E O BNDES? PÚBLICO OU FERRAMENTA DO PODER DE GRUPOS?
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Esse banco talvez seja a maior demonstração do quanto as POLÍTICAS DE ESTADO praticamente não existiram na nossa história*. Ele tem servido apenas aos interesses dos grupos de poder e segundo sua IDEOLOGIA. Sob FHC, intermediou privatizações; sob Dirceu, serviu a um projeto de poder que envolvia outros países do assim (mal) chamado “terceiro mundo”. Agora, é apenas uma ferramenta dos bancos de verdade e, no nosso caso, nada mais do que uma espécie de “CORRETOR diferenciado” a serviço do CAPITAL FINANCEIRO e pagos por nós. Afinal, se desistirmos do “negócio”, teremos que pagar uma multa.
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COMO CONQUISTAR O PROTAGONISMO NO PROCESSO!
Já fui contrário a qualquer venda ou cessão de patrimônio. Concluí, entretanto, que a cidade clama por uma solução para o problema daquele local. Afinal, o assim chamado CANECÃO está no imaginário popular, certamente por seu papel na história e afirmação de nossa cultura. Mas precisamos tomar o leme do processo. Não podemos aceitar que nos digam, por ex., o que vão fazer em troca; que o HU estaria de fora da ações, por seu custo elevado (matéria de jornal), etc. Quem são eles para dizer o que faremos ou não com os recursos públicos? Sendo assim, peço aos meus colegas do HU que considerem a possibilidade de transferência para a PV. Recursos certamente haveria. Com isso resolveríamos os problemas do nosso HU (para além do mundo material). Isso não é somente do interesse da área de saúde, mas da própria UFRJ e da população em geral. Sempre que a mídia nos ataca, as imagens das mazelas do HU (inventadas, por vezes) são as mais exploradas. E peço desculpas aos meus colegas por essa intromissão talvez indevida.
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*Curiosamente, uma das poucas POLÍTICAS DE ESTADO aplicadas entre nós foi a assim chamada “Reforma Psiquiátrica” (em verdade, um revolução, no sentido da inversão total de paradigmas). Correspondeu a um clamor público. Por isso é tão bem sucedida, apesar dos esforços da reedição da INDÚSTRIA DA LOUCURA através do uso de falsas igrejas e “comunidades terapêuticas”.
Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ