Arte e Cultura

REITORIA-UFRJ: ELEIÇÕES “SOB O DOMÍNIO DO MEDO”

(Sem contestar o resultado ou duvidar do preparo da colega eleita)
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Download minervaDesde as primeiras notícias que me chegaram quanto aos primeiros movimentos do processo sucessório, fui tomado de enorme estranheza, para dizer o mínimo. Senão, vejamos:
1- Um “esforço concentrado” para a apresentação de “CHAPA ÚNICA”
Considerando haver tendências (legítimas e naturais) de pensamento bastante díspares quanto a alguns PRINCÍPIOS a serem aplicados em uma eventual gestão da UFRJ, essa parecia ser essa uma tentativa não apenas oportunistacomo demagógica e ANTIDEMOCRÁTICA. Afinal, privava a comunidade de se pronunciar quanto a qual das propostas a maioria gostaria de ver aplicada. Além disso, apontava no sentido da abdicação da atual gestão em dar início ao processo e apresentar sua gestão para julgamento da comunidade acadêmica. E foi com grande surpresa que não vi qualquer representação da atual gestão sequer esboçada nas 3 CHAPAS que se apresentaram. O argumento usado para explicar esse “renúncia” causou-me profundo mal estar: muitos dos membros da atual gestão pertenceriam a um certo partido cuja direção teria “achado melhor” não se apresentar!!! Por isso respondi de imediato: “Não acredito! Isso seria uma total inversão de valores. A UFRJ estaria sendo colocada em segundo plano em relação a um PARTIDO. Não repitam isso, por favor!”.
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Entendo que pessoas não se sintam mais em condições de seguir certos caminhos e/ou exercendo certos papéis, seja por doença ou desinteresse, mas que não houvesse ninguém, próximo à atual gestão, disposto a dar continuidade ao seu trabalho …difícil de aceitar. Era uma confissão tácita de fracasso. E dizer que, no início dessa gestão, cheguei a pensar que esse exercício serviria para capacitar pessoas para gerir outros órgãos públicos e até mesmo PREFEITURAS!
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2- RECUANDO POR ANTECIPAÇÃO!!!
Ouvi argumentos explícitos defendendo uma “antecipação de recuos” de maneira a evitar eventuais perseguições e ataques à UFRJ por parte do Gov. Fed. Tudo funcionaria como se “O BICHO-PAPÃO” ou o “LOBO MAU” estivessem à espreita e não se pudesse mais “passear no bosque”. Triste é que tudo esteja apontado para confirmar o quanto esse espírito se impôs. Trata-se de umargumento e PRÁTICA nada edificante, para dizer o mínimo. E dizer que o primeiro “bicho papinho” (com sotaque) caiu de podre,  antes mesmo de poder fazer algo contra nós! Já o “UVADEVINHO”(Weintraub) não demora, “vai pro vinagre”! Decididamente, havia que seguir os mesmos PRINCÍPIOS que têm norteado nossas eleições há décadas e entregar todo risco de desgaste aos arbitrários, para dizer o mínimo. Sob o domínio do medo…as decisões costumam ser desastrosas…
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3-DEBATES “MUITO COMPORTADOS”
Foi o que ouvi de várias fontes: não havia polêmicas ou contestações diretas. Aquele esforço do atual Presidente de abolir a POLÍTICA parece que nos atingiu em cheio. E que medo será esse da POLÍTICA? Pois se ela está em todas as atividades coletivas! Ou alguém acha que um debate daqueles não podia “enveredar para a política” e todas as “divisões” que ela acarreta? Gosto de dizer: “Do jogo da política ninguém fica de fora. Quem dela fugir agora… será jogado…como a bola!” E então ficamos todos como “estudantes muito bem comportados”; envolvidos por comportas abstratas, as piores, pois mais difíceis de perceber e derrubar.
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4- “COROAMENTO”: SEM 2 TURNOS E DESCONSIDERANDO CATEGORIAS
E então veio a surpresa: o resultado foi divulgado por TOTAIS DE VOTOS, desconsiderando uma prática profundamente democrática de respeitar o peso de cada categoria (Professores, Funcionários e Alunos). Será que não perceberam o quanto abriram caminho para todo tipo de aventureiro e demagogo em próximas e obrigatórias seleções de candidatos nas diversas Faculdades, Institutos, Hospitais, etc.? E quem disse que tinham esse direito de desconhecer nossa HISTÓRIA dessa maneira? Em toda DEMOCRACIA que se preza, mudanças muito importantes não se podem dar através de maiorias fortuitas e eventuais.  Por isso se aprovam CONSTITUIÇÕES. Não fosse assim e o DESMONTE DA PREVIDÊNCIA já teria ocorrido. NÃO DEVEM SER ACEITOS ACORDOS ENTRE CHAPAS VIOLENTANDO PRINCÍPIOS.
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O que dizer, então da abolição pura e simples do SEGUNDO TURNO, na medida em que nenhuma das chapas alcançou maioria? Realmente, o ser “COOL” parece ter se tornado o objetivo maior de nossos colegas; fizeram de tudo para “não levantar poeira” e levar em “banho maria”. O segundo colocado poderia simplesmente renunciar a concorrer. Era um direito. E então, o terceiro ganharia a condição de se apresentar. Com isso, estariam defendendo o DIREITO DA COMUNIDADE DE ESCOLHER AQUELA QUE CONSIDERAR A MELHOR PROPOSTA. Será que não percebem a força que tem um segundo turno? O maior fator de instabilidade nas antigas eleições (GV, JK e outros) residia no argumento “foi eleito com 30 e poucos % de votos”.
SUCESSO À COLEGA QUE VENCEU! PODE CONTAR COM MEU ESFORÇO, tanto para que a escolha se imponha quanto para que tenha sucesso na sua administração.