Arte e Cultura

O “MERCADO” QUER RESSUSCITAR PALOCCI!

(E acabar com as Nações. SOBERANA? Só mesmo a dívida)
Márcio Amaral

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Sempre que entro nesse tema, não tenho qualquer veleidade de discutir com especialistas. Faço-o como um observador atento que: 1- reúne e associa dados disponíveis a todos; 2- suspeita de manipulações midiáticas dos dados e das notícias; 3- observa e investiga buscando identificar intenções inconfessáveis de maneira torná-las verbo. Com certeza erro e isso não chega a ser um grande problema. Minha maior intenção é despertar a saudável desconfiança que todos os seres humanos deveriam ter na leitura de jornais. Dessa forma, consegui identificar (outros também, certamente) uma enorme manipulação de dados no início de junho/13 associada a uma campanha pesada das grandes corporações “antinacionais” contra a nossa economia e a política econômica do governo brasileiro. Na sua linha de frente, como sempre, estava o FTimes. Na “quinta coluna”, a Rede Globo (seu porta-voz interno)*.

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Na época, C. Sardemberg escreveu um curioso artigo defendendo que o “mercado” (as grandes corporações, em verdade) esperava a indicação de um Min. da Economia “TIPO PALOCCI”, aquele mesmo que teria capitaneado uma aproximação entre Lula e o “mercado”. A curiosa expressão: “TIPO…”, aliás, é uma demonstração de como essas pessoas lidam com as pessoas em geral…fazem-nas deixar de ser pessoas, tornando-as apenas…TIPOS! Mas, se não gostam mesmo das pessoas…! Assim, enumerou ele as qualidades esperadas de um ministro e que que fariam o “mercado” parar de guerrear o governo. Era uma proposta de trégua em uma situação um tanto mal avaliada. Os “grandes players não tinham jogo algum”; estavam blefando e os leilões do pré-sal eram uma das razões desses ataques.

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“Quando a chanchada deu em nada” (logo começaram a surgir dados desmentindo aquela falsa e mal intencionada avaliação), ficaram com “cara de tacho”, acusando a economia brasileira de imprevisibilidade; altos e baixos surpreendentes, etc. O bom mecânico não culpa suas ferramentas e o bom estudioso não culpa seu objeto de estudo. Estão simplesmente lá para serem decifrados por quem for capaz…e não seja mal intencionado. Agora, mudaram de tática: não querem mais um “tipo Palocci”. Vão tentar ressuscitar o próprio das catacumbas. E eis que, de repente, começaram a surgir as absolvições “PALLOCIANAS”, em série e seguidinhas. Absolvido por isso e por aquilo. E ninguém chiou. Ah….! Se fosse o mensalão! Teriam sido apenas por coincidência todas essas absolvições em tão pouco tempo, ou houve manobras “subpalacianas” (há mesmo um “subpalácio do planalto”!) Aguardemos os próximos movimentos no tabuleiro.

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Agora, o mesmo Sardemberg resolveu fazer um artigo mais “de fundo”, demonstrando o mal que representam os governos, em geral, especialmente aqueles que mais defendem a economia e o mercado de seus países. E quem ele citou? R. Reagan, aquela conhecida “toupeira” que mais se parecia com um “boneco de ventríloco”, precisando de alguém ao lado, durante os discursos, soprando o que repetiria. “O problema é o governo!”, disse aquele que teria sido eleito para ser o guardião dos interesses da sociedade americana (razão de ser de qualquer governo), mas que nada mais era do que um “cavalo de Tróia”: aquele que tem a intenção de destruir algo de dentro para fora. Bem…em seu artigo, até que o Sardemberg argumentou bem, atacando as trapalhadas do nosso governo nos leilões das estradas.

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Fiquemos apenas no título de seu artigo: “O risco é o governo” (19/9). As coisas evoluíram muito, do ponto de vista dos interesses das grandes corporações e suas relações com as nações em geral. A crise de 2008 demonstrou que, em verdade, hoje estão fazendo tudo para acabar com as próprias NAÇÕES (transformando-as em meras carcaças vazias e formais) e todos os limites que podem impôr aos movimentos do Capital. Não são mais os governos os “problemas”, mas a existência de nações. Efetivamente, o CAPITAL nunca foi muito de respeitar fronteiras e pessoas. O mais engraçado, é que estão sempre a repetir uma expressão que sequer entendemos bem: DÍVIDA SOBERANA! Que coisa estranha, não é mesmo? Se há algo que retira boa parte de nossa (e de países) soberania é uma dívida! Quem se lembra de nossos governos se ajoelhando diante do FMI sabe bem o mal que pode fazer uma dívida e a falta de crédito internacional. Nesse quesito estamos bem.

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Por que, então, reproduzimos aquela estranha expressão? As expressões um tanto incompreensíveis, passam a representar uma espécie de charada a ser decifrada; algum significado subjacente que se impôs—também inconscientemente e por expressar, certamente, alguma verdade—e foi passado adiante junto com a própria expressão. É o caso desse enigma e ele me concede autorização para um esforço de decifração. Se for um disparate, fica como uma curiosidade. Se fizer sentido, haverá de se impôr: a dívida é, do ponto de vista dos grandes bancos, o seu próprio instrumento de soberania sobre os governos. Soberana é a dívida e não os governos; é ela quem impera, sozinha e… SOBERANA; 2-Se a dívida é soberana, então os governos credores poderão usá-la como pretexto para intervir até militarmente. Se é essa a soberania possível, digo que eu passo.

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E então, chegamos ao porquê de eu estar gostando muito de uma possível vitória dos chineses na leilão do pré-sal: A CHINA É A ÚNICA POTÊNCIA CAPAZ DE CONTRABALANÇAR O PODER BÉLICO NORTE-AMERICANO. Para sorte, ou azar, da humanidade, a riqueza natural (sem falar na sua capacidade tecnológica) dos EUA é mesmo estupenda, mas não é infinita. Historicamente, qualquer império (e alguém duvida da tendência deles ao império?), sempre que se sentiu ameaçado (seja por falta de insumos/energia, seja por bloqueio de mercados) atacou. Venezuela, Iraque, Líbia deveriam ser suficientes para prová-lo. De que há muita gente importante, lá pelo norte, que não quer reconhecer os direitos brasileiros sobre o pré-sal, é bom não duvidar. Diante de uma crise grave de sobrevivência (como todo império até hoje) e tendo o poder bélico para isso, inventariam inúmeras razões para demonstrar seu “direito” a tomar para si o que é dos outros…e ainda encontrariam quem os apoiassem por aqui.

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A nota curiosa, foi ver, na página oposta do jornal, o artigo “De cabeça para baixo” assinado por “Marcelo Coutinho, prof. de Relações Internacionais”, sem indicação de sua ligação com a UFRJ. Considerando as afirmações ali contidas, a UFRJ não há de lamentar a falta dessa associação. Segundo ele, na questão Síria, o Brasil se “…juntar aos que impedem a comunidade das grandes potências democráticas de fazer alguma coisa (leia-se bombardear) beira o genocídio”. Há muito não leio uma avaliação tão desfocada e sem qualquer parâmetro. Dentre os que se opuseram ao bombardeio estava simplesmente a ONU, ou ele não lê jornais? Além disso, se há uma expressão que é um “ALEIJÃO” é essa tal “comunidade das grandes potências democráticas“. Nós, aliás, ainda não fomos a ela apresentados. Associar “comunidade” e “democrática” com “grandes potências” é quase um oxímoro (quadratura de um círculo). A única “grande potência” que existe (USA) não se desenvolveu assim para garantir direitos de outros povos, mas para impôr seus próprios interesses. Não fosse assim, não protegeriam tanto a Arábia Saudita. A tal “comunidade”, aliás, até existe: é armada até os dentes e se chama OTAN. Segundo ele, ainda, “…os chefes de estado em democracias devem sempre fazer o que é certo…”. Considerando que nem sempre é muito fácil saber o que é certo, ele está dizendo que TUDO O QUE AQUELES CHEFES FIZEREM SERÁ CONSIDERADO CERTO. Eis a defesa do direito da força. Grandes estudos de relações internacionais!

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Por fim, o mesmo autor fez uma misturada danada com os acontecimentos envolvendo nossa Embaixada na Bolívia e produziu uma sentença no mínimo ambígua em relação à ação de Eduardo Sabóia: “…foi um herói na violação dos direitos humanos da qual carceragem e tortura a presidente foi coautora na Bolívia…”. Eu pensava que as pessoas poderiam ser heroínas na lutaCONTRA a violação, etc. Não é um mero detalhe, considerando a gravidade do tema e que o resultado muda completamente o sentido da frase. Além disso, uma publicação do gênero, para quem adora ver seu nome em grandes jornais, é um grande acontecimento, exigindo muitas revisões e correções. Eu confesso que tive que ler o texto várias vezes e até duvidei de tê-lo copiado ipsis litteris. Lendo seu último parágrafo, então, tive certeza: ele não sabe o que diz nem como fazê-lo. Depois de condenar Dilma por ter afirmado ser nossa embaixada na Bolívia muito confortável, disse: “A presidente antiheroína pode até mesmo demonstrar isso durante algumas horas na terra de Morales, que se especializou em exportar toneladas de cocaína e crack para o Brasil”. Traduza essas palavras quem for capaz! Engraçada é associação: ela seria “antiheroína e prococaína”…? Quem sabe por ser um “produto da A do Sul”?

Mas bonita mesmo foi a ilustração: uma pomba branca voando de costas, com uma fita no bico “ordem e progresso”. Para mim: somos mensageiros da paz até debaixo d’água e voando de costas

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*Quem capitaneou os ataques foi o Sardemberg, motivo suficiente para imaginar que o resultado não seria lá muito satisfatório para eles. Assim, durante duas semanas (um pouco antes de eclodirem as grandes “jornadas de junho”) vimos uma maré montante de ataques: persos artigos manipulando dados do crescimento; comparações indevidas com resultados de meses imediatamente anteriores; erros graves, até de contas aritméticas (coonestados por “especialistas”); uma aposta da “Standard and Poor” (“standard e pobre…de espírito”, aquela mesma que só tem “dado foras”) na queda do nosso grau no “ranking” (criado e desmoralizado por eles mesmos); artigos debochados no próprio FT contra Mantega e outras escaramuças de menor repercussão. (Ver série de artigos naquelas mesmas semanas, neste mesmo blog, antecipando que o crescimento estava sendo muito maior do que o anunciado pela Globo)

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