Arte e Cultura

AS “THORTUOSAS” INVESTIGAÇÕES NA BAIXADA

(“HOPI-HORRORES” TAMBÉM NO RIO-II)

É muito provável que o ciclista atropelado pelo filho de Eike Batista tenha mesmo cometido a imprudência de atravessar a estrada inadvertidamente. É também bastante provável que tivesse bebido e estivesse com os níveis anunciados de concentração alcoólica no sangue. A pressa com que os policiais da delegacia (para onde o atropelador foi levado) divulgaram todo um “pacote de informações” visando “livrar a cara” do atropelador, entretanto, colocou todos seus procedimentos sob suspeição. Ficamos suspeitando de que já existe nas DPs um “KIT livra-cara de Barão”.

Quem já viu um teste do bafômetro ser aplicado em uma delegacia com aquela velocidade? Pois se, recentemente, liberaram uma “autoridade policial” em uma DP de Niterói exatamente por ser impossível aquela mensuração! E a contraprova? Considerando a gravidade da situação, por que não guar daram material para confirmação posterior? E a liberação quase imediata do atropelador na DP, ao arrepio dos dispositivos legais vigentes? Tudo ali apontou para procedimentos nem um pouco Republicanos. Não é de se admirar. O mesmo Eike declarou, diante do escândalo da utilização pelo Governador de seus aviões: “O avião é meu e eu empresto para quem eu quiser!“. O avião pode ser dele, mas o Governador esperava-se que fosse da REPÚBLICA e do povo do Rio. Efetivamente, toda aquela situação foi tratada como se o “filho de um Barão” tivesse atropelado um mero gentio que “estava ali prá atrapalhar”.

Antes até mesmo que os resultados da perícia fossem divulgados, apareceram “especialistas” no poder público para dizer que o carro estaria entre 100 e 110km/h, velocidade (“na medida”) e permitida no local. Ao lado disso, e imediatamente, iniciou-se um esforço de desmoralização do atropelado, cujo momento mais hipócrita—desonesto mesmo—foi a declaração do atropelador de que uma lata de cerveja fora parar dentro do seu carro, proveniente, certamente, das mãos do atropelado. Ele agora está obrigado a provar a afirmação. Mais respeito com o morto “Senhor Thor”! Volte para os seus desenhos animados, pois lá seu martelo não mata ninguém. Pare de atacar pessoas que não podem mais se defender!

Logo surgiram FATOS constragedores sobre a “carreira” do atropelador: em seus poucos anos de carteira, já atropelara um idoso na Barra e fora multado por mais de uma dezena de vezes por excesso de velocidade: TUDO COMPROVADO POR REGISTROS CONFIÁVEIS e não baseados em “latas de cerveja”. Quem acredita que, no momento do atropelamento, ele fora tomado por uma súbita consciência social e estava na velocidade permitida no local? E o poder público que não lhe retirara a carteira, como seria de exigir para tantos pontos perdidos na carteira. Nada que algum dinheiro não possa resolver! Mais uma do “Senhor Barão”!

Por fim o teatro: missas à revelia (!) da família do falecido; declarações de ajuda eterna; declarações da família do idoso—por ele também atropelado—como se pudesse mudar um fato e “melhorar a situação do acusado”. Mas o “Barão” mesmo nem apareceu! Na situação ele foi o “..Nunca ele Batista”. Não tinha nada a ver com isso. Pobre de seu filho, talvez também uma vítima! É fácil imaginar o número de vezes que “passaram a mão sobre a sua cabeça” em vez de lhe cobrar um mínimo de respeito às pessoas.

Agora…pior, mas pior mesmo, foi a legenda da foto do carro em OGlobo: “Os estragos que o corpo do ciclista causou no carro”. Há uma inversão de valores indisfarçável nessas palavras. Toda a referência de “valores” estava dirigida ao dinheiro e ao poder! A gente do povo…! Que saia da frente e deixe de estragar o carro e os fins de semana de quem voa nas pistas das estradas do Brasil!

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