Arte e Cultura

B. BRASIL: BUROCRACIA MATA..O PATRIMÔNIO DO POVO!

(Perdida a dimensão humana…resta um “governo de ninguém”*)
Márcio Amaral, vice-diretor IPUB
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NOTA: Erra quem julgar haver nesses registros um ataque a uma instituição à qual me sinto ligado…de alguma forma. Nem consigo me imaginar cliente dos outros bancos que existem por aí. Em meio a tantos ataques ao nosso patrimônio público—por parte de membros do atual governo e o exemplo da PETROBRAS é candente—não seria de todo absurdo supor haver dentro do próprio BB gente “jogando contra o patrimônio….do povo”. Afinal, o que aí vai descrito parece mesmo se tratar de um “HARAQUIRI” empresarial. Com a esperança de provocar discussões internas….
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Era uma vez um correntista de décadas (e com ligações históricas com o BB) que, no processo de compra de imóvel—véspera da assinatura da escritura (08/11/17)—dirigiu-se à sua agência, fez o resgate de aplicações e solicitou a preparação de um cheque administrativo em nome do vendedor. Foi quando ouviu quase em tom de ameaça e acompanhado de um olhar no qual havia uma ponta de maldade: “Olha…o beneficiado não pode ser correntista do BB….nem de POUPANÇA”. A sensação do absurdo se impôs de imediato, mas ainda sem uma reflexão mais profunda: “Como assim? De quem é essa ordem?”. Resposta: “Acho que do B. Central…!”. E então, depois da verificação, veio o veredito e a descoberta como se fosse fosse uma ficha criminal (quem sabe um vício insanável?): ”É…ele tem conta no BB…Então não pode!”. A sensação do absurdo se agravou, mas ainda sem configuração muito clara. O correntista saiu e ligou para os interessados. E como todos estranharam a notícia! ”Como assim?! Nunca ouvi falar nisso!” E foi nesse momento que a desconfiança silenciosa se instalou: “Será que esse cara está nos enrolando? Quem sabe não tem o dinheiro e está inventando desculpas prá retardar o pagamento…?”.
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BB: TOTAL IGNORÂNCIA QUANTO AO C. ADMINISTRATIVO.
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A ignorância dos atuais responsáveis pelo BB é de tal ordem que desconhecem a própria origem e razão e ser desse tipo de cheque: uma escritura, depois de lavrada, não pode ser mais anulada, ainda que o cheque do pagamento não tenha fundos. Assim, o BB atirou dois de seus correntistas numa situação de risco e em um dilema terrível: 1- o comprador fazia a transferência direta (sem qualquer garantia e sem poder assinalar sua finalidade); 2- ou então o vendedor aceitava um cheque sem garantias, passando parte de seu patrimônio para outra pessoa que pouco conhecia em troca de um cheque “de risco”. Nesse caso, seria numa sexta-feira transmissão, o fim de semana deveria ser dedicado a rezar para que tudo desse certo. Bem… a outra possibilidade seria pagar em DINHEIRO (ou dólares como antigamente)…mas essa opção anda meio superada e envolve riscos ainda piores.
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O GOVERNO DE NINGUÉM! E OS RESPONSÁVEIS?!
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O correntista retorna aos seus gerentes, questiona mais uma vez e pergunta a origem da ordem. De volta recebe mesma resposta: “Parece que é do BC”. Ele pede uma comprovação por escrito da ordem, até para poder mostrar aos vendedores, e ouve mais uma NEGATIVA. É quando entra em ebulição: “Chamem a polícia, pois não vou sair daqui sem pelo menos uma confirmação por escrito da existência dessa ordem!”. Um pequeno escândalo: “O Sr está nervoso! Ninguém aqui está gritando!”. “Vs espremem as pessoas e quando elas protestam É porque estão ‘nervosas’! Não vim ao mundo para ser calminho! Os calminhos acabam em campos de concentração”. Ao lado disso, e enquanto o gerente procurava pela origem da ORDEM, o prejudicado (a palavra passara a ser essa) repetia alguns mantras em voz baixa, mas audíveis: ”As boas regras se baseiam em bons princípios e nunca perdem a dimensão humana!”; “Uma medida meramente administrativa não pode ter preponderância sobre um PRINCÍPIO que envolve tantas pessoas, direitos e interesses!”. E eis que os gerentes começam a se dar conta do absurdo da tal ORDEM. Depois de muito investigar, conseguem um contato com outro gerente, de outra agência, que lhes informa: é uma ORDEM do próprio BB e aquele mesmo gerente estaria, naquele momento, emitindo uma resposta a respeito a outro interessado. Por fim, é emitido um comunicado oficial da tal ORDEM que é enviado aos demais interessados e a confiança (pelo menos) é restabelecida. O vendedor resolve aceitar o risco e comunica que aceitará um cheque comum. Tudo parece estar resolvido…APESAR DO B do Brasil.
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DOS RISCOS DE SER CLIENTE (ESPECIAL) DO B. DO BRASIL!
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Saí dali pensando e tentando encontrar outro exemplo em que dois clientes de uma mesma empresa tenham a previsão de uma DESVANTAGEM em uma transação qualquer envolvendo aquela empresa simplesmente pelo fato de ambos serem seus…clientes. Podem procurar que não encontrarão. Já o oposto…é quase uma LEI da vida empresarial: em telefonia e nos benefícios para toda família, amigos e até estranhos que sejam ligados à empresa; grupos que vão a restaurantes em aniversários, quando o aniversariante é dispensado de pagamento e tantas outras ofertas semelhantes. Só uma empresa como que “adoecida” pela mentalidade burocrática e com pouquíssimo respeito por seus clientes poderia gerar uma aberração daquelas. Falar em “DESVANTAGEM”, aliás, não é fiel ao que ali aconteceu. O que houve ali foi um sério PREJUÍZO (desnecessário detalhar) implicando um RISCO considerável.
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PENSAM QUE ACABOU?!
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Feita a escritura e emitido o cheque, mesmo com todos os gerentes informados a respeito e com as ressalvas escritas no verso do cheque, na segunda-feira (13/11/17), o tal cheque foi devolvido, sob a falsa alegação de dúvidas na assinatura. Tudo porque aquele que o emitiu não pode atender um telefonema de verificação antes das 11 horas. Eis que, por volta das 13:00, quando parte da família do emitente estava reunida em sua casa para comemorar seu aniversário, veio o telefonema quase fatídico e com a notícia. Nova corrida ao BB; transferência do valor diretamente (sem sequer ter o cheque de volta) e agora quem ficaria (e ficou) com um cheque emitido, sem garantias e sem fundos, foi o próprio. Por fim, como todos eram pessoas honestas e APESAR DO BANCO, tudo acabou bem.
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*É como H. Arendt denomina os governos “devorados” pela burocracia: aqueles nos quais as ordens visam principalmente a própria “ordem” (senão exclusivamente), ainda que desumana. Ver “Einchmann em Jerusalém”. Quando isso ocorre, resta SEMPRE a CRUELDADE FRIA e IMPESSOAL: aquilo que chamou “a banalidade do mal”.

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