Arte e Cultura

C. BATTISTI: LULA TINHA RAZÃO!

(Itália condenada por violação aos direitos humanos)

Durante o doloroso debate que cercou a decisão sobre a deportação ou não de Cesare Battisti, confesso que não consegui formar opinião muito clara a respeito. A condenação recente da Itália pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, pela deportação de grupos de cidadãos líbios—entregando-os aos seus possíveis “carrascos”—deixou absolutamente claro que a decisão de Lula, contrária àquela deportação, foi totalmente acertada.

Minha dúvida tinha por origem o tipo de crime realizado pelo grupo do qual Battisti fazia parte. Segundo todas as informações, em mais de uma oportunidade, alguns deles voltaram aos locais assaltados para matar cidadãos que, por suas reações, haviam causado a morte ou aprisionamento de membros de seu grupo. A imoralidade envolvendo esse ato era grande demais para ser entendida a partir de alguma teoria ou objetivo político “mais elevado”. Tudo se resumia apenas a vingança! Até mesmo os criminosos comuns reconhecem existir uma espécie de “código não escrito”, pelo qual alguém que está ameaçado tem o direito de se defender. Da mesma forma, ninguém tem pena aumentada por tentar fugir de uma prisão. É um direito querer se evadir. Pode-se perder reduções de penas e “regalias”. Ser submetido a novo julgamento, apenas pela tentativa, não!

Só uma falsa teorização política poderia ter levado os membros do grupo de Battisti ao colapso de todos os mínimos e muito sutis códigos morais que perpassam as sociedades. Aquelas pessoas eram movidas apenas por inveja e ressentimento,travestidos de virtude. Quem anunciou o novo código que estava se gestando entre os primeiros grupos terroristas, foi Dostoiévski em seu “Os Possessos”: até então, os criminosos em geral reconheciam que estavam cometendo um delito e estavam preparados para aceitar o código implicado na sua escolha. O terrorismo político havia engendrado o criminoso convencido de estar agindo certo.

Quer isso dizer que o terrorismo nunca tem justificativa? Não! Quando voltado contra forças de ocupação, ele pode até mesmo ser associado ao heroísmo e à redenção de um povo, como os realizados pela Resistência Francesa contra a ocupação nazista. Em tempos nos quais só se fala mal de refugiados em geral, há que assinalar especialmente a atuação de uma organização de estrangeiros (ou seus descendentes na França), imortalizados no filme “O Exército do Crime”. No próprio OMédio, foram os sionistas os primeiros a aplicar atos terroristas contra os inglêses. Inaceitável foi a execução do Conde Bernadotti—sueco enviado pela ONU à palestina ocupada—por grupos extremistas judeus em 1948, preocupados com sua crescente simpatia pela causa palestina.

Essa aceitação, e até louvor, a atos terroristas, entretanto, deve se limitar à resistência contra uma ocupação forânea, situação na qual a política deixa simplesmente de existir. Nesse caso, os “entendimentos” passam a significar apenas traição e covardia, como a de Pétain, na França. Fazendo parte de um jogo, dentro de uma sociedade, o terrorismo é sempre um ato contra essa mesma sociedade; visa acuar seus membros em geral e sempre degenera nas aberrações que conhecemos. Não conheço uma situação sequer onde o terrorismo tenha sido efetivo na luta política.

Voltando à decisão de Lula, ficou evidente estar o governo italiano, durante todo o episódio, sendo movido apenas por ódio e sede de vingança. O mais provável era que Battisti fosse lançado aos leões em um dos seus “Coliseus”, para desviar as atenções de muitos escândalos. O que falar, ainda, da típica hipocrisia européia na relação entre seus países? Battisti esteve semi-oficialmente na França durante anos e não se criou qualquer incidente diplomático em torno disso. Quando veio para cá, “desabou a tempestade”. Havia muita hipocrisia em tudo aquilo. A RECENTE CONDENAÇÃO DA ITÁLIA PELO TRIBUNAL EUROPEU DE DIREITOS HUMANOS É UMA DEMONSTRAÇÃO DO QUANTO LULA ESTAVA CERTO. O ódio era, naquele momento, a marca do funcionamento do governo e dos tribunais italianos.

LONGA VIDA A BATTISTI! LONGA VIDA AO PERDÃO!

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