Arte e Cultura

E ENTÃO…SUBITAMENTE…O BRASIL ACORDOU!

(“E a Família?!…”…”Vai muito mal…usada! Obrigado!”)

Márcio Amaral

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“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente…” (Const. Federal: art. 1. Par. Único).

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cunha_xuxa2Em outros tempos, quando os movimentos conservadores usavam a “FAMÍLIA” como instrumento para brecar qualquer avanço político e cultural, tinham o cuidado de se referir às “FAMÍLIAS BRASILEIRAS” em geral; à preservação do conceito considerado um tanto sagrado e assim por diante. Havia alguma hipocrisia nisso, não somente pelos desarranjos generalizados na falsa rigidez das suas próprias famílias, como também por não haver qualquer cuidado com a maioria de desafortunados que OS INTERESSES DA SUA PRÓPRIA FAMÍLIA.

baixinhos

Parecia que a família se tornara uma desculpa para todos os seus roubos, mais ou menos explícitos. Se “a Pátria é o último reduto dos canalhas”; “a FAMÍLIA se tornou a última desculpa dos corruptos”. Um deles citou até sobrinhos! Outro, que esquecera de citar o nome de um filho durante sua peroração, voltou correndo ao microfone algum tempo depois para se desculpar pela “terrível OMISSÃO”. Parecia até a loura da propaganda: “Ei…Ei..Vocês se lembram da minha voz? Continua a mesma…mas os meus cabelos…Quanta diferença!”. Já em relação à omissão para com os interesses da sociedade como um todo…dessa, nenhum se desculpou.

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DORMIA A PÁTRIA TÃO DISTRAÍDA: AS TENEBROSAS TRANSAÇÕES

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Efetivamente, aquele parágrafo único da CF poderia ter sido mais explícito. (“emana do povo…e SÓ em seu nome deverá ser exercido…”Os constituintes de 1988 talvez tenham considerado desnecessário dizer o óbvio. Não desconfiavam que a geração vindoura, crescida sob o comando da “Rainha dos Baixinhos” (“XUXAS de todos os gêneros”), um dia gostaria de dançar sob a batuta de um “REI DOS MUITO BAIXOS”…moralmente. Aquele tipo de baixeza que está condenada à perpetuidade. Sim! O Congresso abrigou o último “SHOW DA XUXA” de suas vidas. Em meio a tudo aquilo, eu pensava nas pessoas que aprecio, mas que apoiavam o impedimento, por “não aguentar mais o PT”, como se um país e um povo tivessem que se curvar aos seus próprios gostos e caprichos. Estariam elas acompanhando aquelas imagens e falas? O que estariam pensando a respeito? E a resposta veio logo, através de um filho que também se deixara levar na onda do impedimento e acabara de chegar: “É com essa gente que estou me aliando! É a esses interesses que estou servindo! Não me reconheço nesse circo imoral, atrasado e CAFONA antes de tudo”. E foi com uma enorme felicidade que vi crescer muito à minha volta a compreensão quanto ao que estava em jogo. Finalmente, a VERGONHA caiu sobre todos (ou quase) os homens e mulheres de boa vontade do Brasil. E a verdade, quase no sentido bíblico, está se impondo, aqui e no exterior.

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SERIA A FAMÍLIA SEMPRE VOLTADA CONTRA A SOCIEDADE?

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De início, sim; na sua origem pelo menos. A derivação do termo a partir de “FÂMULO” (empregado doméstico) dá a pista quanto ao que se passou “há dez mil anos atrás”. Antes da Revolução Agrícola, éramos nômades e a propriedade privada se limitava a facas, panelas e outros utensílios. As mulheres eram o centro da sociedade, enquanto a LUA a referência de tempo. Não havia propriamente herança, mas o que era deixado ficava para a “GEM” original da MULHER. Um dia, no O. Médio, cresceu um cereal que muito alimentava e de fácil cultivo. Alguns homens mais agressivos foram tomando posse da terra, acumularam riquezas e contrataram capatazes de todos os tipos—a partir do “ORIGEM DA FAMÍLIA, DA PROPRIEDADE PRIVADA E DO ESTADO”, de F. Engels, baseado em “ANCIENT SOCIETY” de L. Morgan—. A certeza da paternidade e a transmissão de herança para o filho mais velho passou a ser sua primeira prioridade. As mulheres foram “aprisionadas” (com ou sem aspas) ao lar ou prostituídas (por isso a tal expressão: “primeira profissão das mulheres”). Por fim, CAIM, o agricultor ambicioso e invejoso, matou o poético pastor de ovelhas,  ABEL ( quebrando sua lira inseparável); recebeu de Deus um ESTIGMA na testa— quem sabe a propriedade privada, que confere poder, mas compromete o AMOR?—e continua a vagar pelo mundo, infernizando todas as sociedades com sua ganância insaciável. Como antes, o CAIM de hoje também é movido por INVEJA…mas de que? Do desprendimento e da poesia de tantos “ABEL” que há entre a gente do povo. Sim: é por insuficiência e não por superioridade que CAIM precisa acumular riquezas até que seu restinho de alma termine por apodrecer.

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Mas não precisa ser assim. Não há por que o amor à família continuar a ser excludente em relação à sociedade. Criticamos muito a família, mas quem não a tem consigo é um infeliz, quase necessariamente. Os laços de sangue e convivência, especialmente formados durante a infância, tornam essas relações uma parte indissociável de nós mesmos: para o bem ou para o mal. E os “efeitos colaterais”!? O mais difícil, nessas relações, é a preservação do respeito às escolhas de cada um. E se há uma expressão simbólica daquele ataque de CAIM a ABEL, nos últimos tempos, ele se expressa na perseguição aos boêmios por parte dos muito invejosos herdeiros de Caim só interessados em amealhar riquezas. Mas aqui, no Rio pelo menos, a falsa dicotomia que opunha dois amores: a FAMÍLIA E A BOEMIA, já vem sendo derrotada há muito tempo. O samba abaixo é dedicado às muitas FAMÍLIAS BOÊMIAS que conheço.

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A FAMÍLIA E A BOEMIA
(O Fim da Dicotomia)
Márcio Amaral

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Lembra do velho boato, já configurado em fato
Que o malandro agora anda chacoalhando na Central? (Pois)
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Ouça a nova fofoca, cuja origem não é minha (O)
Boêmio tá chegando cedo, quem me “bateu” foi sua vizinha
Sequer passa na birosca, vai direto prá vendinha
Chega em casa com sacolas, de YOGURT e coisa e tal
Ninguém lá mais o amola (quem sabe a raiz do mal?)
No cachorro faz festinha e não dispensa um mingau
(Mas ainda sente que é o TAL)
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Continua indo à LAPA, bebe, toca e canta como outrora
Sua arte não lhe escapa…é na inspiração que ela mora (mas)
Subitamente se levanta como se tivesse um teto
Se despede dos amigos, um pessoal que é papo reto,
Segue em frente com seus passos, borbulhando de afetos
Já partindo pros abraços da mulher, filhos e netos
(Mas continua inquieto)
………………….(muda espírito: lamentoso)
Mas será que todo mundo virou pequeno burguês? (Só)
Preocupados com os fundos prá chegar no fim do mês? (retorno)
Não..! (PAUSA) O que findou, já era dia, foi a falsa dicotomia
Que opunha dois amores: a família e a BOEMIA
De vez em quando juntam todos, que adoram a companhia
E os sorrisos veem a rodo sempre sob o lema da harmonia.
(Quem tá vencendo é a POESIA)

 

 

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