Arte e Cultura

E O JÔ…”DESAFINÔ”…..!

Em fevereiro de 2012, Jô Soares recebeu em seu programa uma jovem pianista brasileira que acabara de chegar dos EUA. Em certo momento, ela tocou a introdução da GRANDE FANTASIA TRIUNFAL SOBRE O HINO NACIONAL BRASILEIRO, de LM GOTTCHALK (1829-1869) e o apresentador deu início ao seu ritual de “brincar debochando” do entrevistado, com a espirituosidade que lhe é peculiar. Dessa vez, entretanto, disse tantas bobagens sobre música e abalou de tal forma a pobre moça, que não resisto a discutir a situação. Até porque, se há alguém que gosta de debochar dos erros dos outros, especialmente da gente mais simples, é o Jô Soares!

Sem saber que a “FANTASIA” é a forma musical mais livre que existe (em oposição à FUGA que é a mais rígida), JÔ começou a exigir da música que apresentasse a mesma melodia, associando cada frase musical a cada verso. “Onde está aí (na melodia da fantasia) o ‘Se o Penhor da Liberdade…’?. E o ‘Do solo és mãe gentil, Pátria amada Brasil’?…..Se não tem, então está errado!!” . É lógico que ele conseguiu arrancar várias risadas meio sem graça na platéia. Todos riram “amarelo”, como a dizer: “Eu não tenho nada a ver com isso. Essas coisas erradas não têm qualquer relação comigo. Eu vejo o programa do Jô! Logo, sou uma pessoas diferenciada!”.

Até para um mero arranjo, uma prisão à melodia (como Jô queria) não é esperada. Quanto mais em se tratando de uma FANTASIA! Um arranjador criativo acreditaria na inteligência musical de seus ouvintes e colocaria algo de pessoal em seu arranjo. QUALQUER COISA DIFERENTE DISSO SERIA ESPERAR UMA REPRODUÇÃO EM “MÁQUINA DE MÚSICA” , como tantas que há por aí. Jô não é obrigado a saber dessas coisas. O que eu não aceito é a arrogância com que vai humilhando pessoas não muito preparadas para responder às suas “brincadeiras”. As aspas são por que: nas brincadeiras os dois se divertem. Quando apenas um se “diverte”, o termo deve mudar para “Sa……” mesmo.

A moça se abalou de tal forma que gritou “Mãããe!”. E não é que a mãe estava mesmo na platéia! “Mãe! Tem ou não tem o ‘Penhor da Liberdade’?”. A mãe e, ao que tudo indica, algumas tias e amigas a seu lado, balançaram a cabeça afirmativamente, como a dizer “Tem sim!”. Se essa fosse a questão essencial….! Por isso, digo SOLENEMENTE: NAQUELA FANTASIA NÃO TEM “Penhor da Liberdade” e, muito menos “Do solo és mãe gentil”. Ainda bem, pois é essa linguagem pomposa que compromete nosso hino, tornando-o incompreensível para a imensa maioria dos brasileiros. Não por insuficiência do povo, mas por resistência mesmo. Nossa gente simples não quer ser arrastada para um conjunto de valores representado naquelas palavras.

Já a melodia…Essa vai diretamente ao coração, até de um estrangeiro. Também aqui “Jô escorregô”! Quando a moça falou o nome do compositor, ele julgou se tratar de um polonês. Diante do protesto—ele é norte-americano— Jô sugeriu que sua pronúncia não fora boa. Será que se surpreendeu de um norte-americano nos prestar uma homenagem daquelas? Curiosamente, aquela talvez seja, hoje, a obra mais tocada do compositor que amou mesmo o Brasil.

2 Comments

  1. Achei o seu comentario um pouco exagerado e desprovido de humor,diria: mal humorado, o jo é inteligente pra c****, sacana ,engraçado, sacana, um improvisador genial,sacana

  2. Obrigado Marcos. V. tem alguma razão. Talvez eu tenha sido duro demais. O Jô certamente levaria com humor. Quem brinca com os outros tem que estar preparado para a “volta do barco, não é mesmo? Só não gosto quando ele pega aquelas provas escolares de pessoas simples e debocha dos erros de português. Quem não comete os seus próprios erros de ortografia e outros, não é mesmo?

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