Arte e Cultura

GRANDE MÍDIA OU GRANDE MAL?! I

Márcio Amaral

HIDRA DE LERNA OU MEDUSA PARALISANTE?

Os horrores do nazi-fascismo—ameaçando a toda a humanidade—tiveram pelo menos uma consequência grandiosa na história dos povos: nunca houvera uma união tão ampla, abrangendo quase todos os povos, em torno de um interesse comum. As “diferenças” entre os governos das nações (pois os povos se entendem), as classes sociais, raças e outras foram para um segundo plano e todas as tropas anti-facistas se abraçaram nos vários campos e frentes de luta pela defesa de alguns valores humanos fundamentais. Finda a guerra, os franceses voltaram a perseguir e oprimir os povos do norte da África (que tanto tinham lutado pela libertação de Paris); o império cambaleante dos ingleses fez ainda alguns últimos esforços por sua preservação, atacando as mesmas pessoas que tinham ajudado na sua defesa; os soldados negros norte-americanos voltaram a sofrer as mesmas discriminações quando do seu retorno ao seu próprio país. “A Banda” acabara de passar! Tudo retomou seu lugar, deixando em cada canto uma dor. Nunca mais os povos se abraçariam daquela mesma maneira em todas as praças do mundo! Será que a humanidade precisa desse tipo de cataclismo para reencontrar fraternidade e solidariedade?

Desde então, todos os “males” foram como que setorizados e “parciais”: para os norte-americanos, a grande ameaça era o comunismo; para os soviéticos, o capitalismo e sua capacidade de “corromper os povos”. Para os EUA, a AlQaeda; para a AlQaeda… Para Israel a OLP (depois o Hamas), vice-versa e assim por diante. Está mesmo muito difícil para que a humanidade encontre algum consenso mínimo sobre algo que a ameaça de maneira generalizada. Eu acho que identifiquei uma: a GRANDE MÍDIA INTERNACIONAL e seus associados, AS GRANDES CORPORAÇÕES. Há quem diga que a grande mídia está “a serviço” das grandes corporações, mas isso já é coisa do passado. Hoje, redes como FOX, NBC, Murdoch e outras estão completamente entranhadas nas grandes corporações. São apenas mais algumas dentre elas, como os bancos que extorquem as nações; as grandes empresas que destroem os parques industriais locais; os atravessadores das “comodities” que destroem a agricultura regional na África e em outros lugares; as petroleiras que inutilizam as terras e os rios na Nigéria e em outros lugares…

Foi um princípio quase religioso, para mim também, o da DEFESA DA LIBERDADE DE IMPRENSA. Desde o seu surgimento, no século XIX ( imprensa própriamente dita, com jornais diários), seu papel foi saudado como instrumento fundamental de divulgação de idéias novas e de abalo de todas as formas arbitrárias de poder, tivesse ele origem nas famílias reais (e sua nobreza), em líderes religiosos ou nas ditaduras militares. Esse tipo de papel, de imprensa propriamente dita, deve continuar sagrado para todos nós. Algo de novo, entretanto, surgiu nas últimas décadas: uma rede internacional de defesa de interesses muito particulares—próprios e de certos grupos—cuja confissão se pode encontrar no “slogan” da Globo: “Muito Além do papel de um Jornal”. Estavam eles, em 2008, lançando uma “convergência de mídias na produção* e divulgação de notícias” (ver Internet). O jornal honesto, e que se esforça pela isenção, é algo tão elevado que qualquer coisa que se lhe acrescenta, em verdade o diminui. Qualquer “para além do seu papel”  há de ser uma confissão de seu uso para outros fins, necessariamente de poder e envolvimento com outros interesses, financeiros, na maioria das vezes e sempre contra o espírito da imprensa.

Tudo isso para dizer: há no mundo uma situação completamente nova,  exigindo uma abordagem igualmente nova por parte da sociedade, de maneira a se proteger. O melhor exemplo do quanto o papel da imprensa tem se pervertido foi o escândalo Murdoch/”The Sun” e a promiscuidade da rede com o governo inglês e sua polícia. O que me pareceu mais grave, aliás, foi que o primeiro jornalista (Sean Hoare) a denunciar as fraudes apareceu morto logo depois, em circunstâncias duvidosas (sozinho em sua própria casa). Passados alguns dias, fêz-se um total silêncio a respeito. Quando fez a primeira denúncia, disse ele: “Há mais por vir. Isso não vai simplesmente passar” (UOL notícias SP, 18/7/11). Seu passamento foi anunciado poucos dias depois. Agora uma sutileza da linguagem, altamente denunciadora. Diz o comunicado oficial da polícia ser a morte: “…inexplicável, mas não há suspeitos” (idem e várias outras fontes). Tudo depende do original em inglês (e agradeço caso alguém o obtenha), mas INEXPLICÁVEL é muito diferente de INEXPLICADA (ainda não explicada). Há, no uso daquela palavra, um aviso de que não iriam investigar: se eu declaro, em princípio, que algo é inexplicável, por que haveria de tentar explicar? Só um acordo generalizado e “global” da grande mídia poderia explicar esse abandono de uma notícia com tantos possíveis desdobramentos**.

TENTANDO MANDAR NO FUTEBOL E NO CARNAVAL

Desde 2009, a G. Mídia Internacional (GM) vem se imiscuindo e tentando comandar nosso carnaval. Os tentáculos da “subsidiária local, apesar do nome global”, já se faziam sentir há muito tempo, mas a FOX, de maneira nada sutil (e não à maneira das raposas) resolveu intervir diretamente: “bancou” o desfile do Salgueiro sobre o CINEMA. Em verdade, deve ter apresentado a proposta inteira que desceu “goela abaixo” da comunidade, certamente “azeitado” por um dinheiro a ser lavado. Vestiram a bateria de preto, imitando o BOPE/CAVEIRA, e conseguiram atravessar, literalmente, um KING KONG na avenida, quase levando a Escola para o buraco. Os “Deuses do Carnaval” (a exemplo dos do futebol) estavam de plantão. Depois, lançaram um vídeo na Internet: mudo e “apressadinho” como nos anos 30. Visualmente, tenho que concordar: estava mesmo bonito! Nosso carnaval é belo e indomável. Seu espírito haverá de pairar por sobre os homens, inspirando-os a lutar por um mundo melhor e mais justo. Mas isso…só se todos fizermos nossa parte na luta pela preservação da cultura brasileira. Os “Deuses” não fazem nada sozinhos.

(Continua)

Àquele desfile, e à GM que o patrocinou, dedico o samba: “Oh! Grande Mídia…Conheço a tua perfídia!”

*Talvez exista aqui mais uma “confissão”. PRODUÇÃO! Isso lá é palavra para se associar a uma notícia? Fica bem melhor na linguagem industrial. Poderiam ter dito também TRANSFORMAÇÃO, pois se tornaram verdadeiras “indústrias de transformação” dos fatos em…”notícias”! Quando a linguagem dos homens da cultura e das letras começa a ficar submissa à de outros campos, há algo de muito errado acontecendo!

**As múltiplas sujeiras em que está envolvida a Scotland Yard antecedem de muito o que fizeram com Jean Charles. Mister Hide está devorando Dr Jekyl rapidamente. Confessaram, finalmente, ter falseado os dados envolvendo as 96 mortes em um estádio inglês (1989), de maneira a inculpar os próprios torcedores (OGl 13/9). Curiosa foi a manchete desse jornal, muito preocupado em poupar o Gov. inglês: “TORCEDORES FORAM INCULPADOS PELAS PRÓPRIAS MORTES”. Logo abaixo, em letras muito grandes: “VERDADE NÃO SE APAGA COM O TEMPO”. Que conclusão qualquer mortal tiraria da associação dessas 2 frases? Eles sabem muito bem que a maioria não passa das manchetes! Só bem mais embaixo, e em letras pequenininhas disseram: “Prim. Ministro admite erro da polícia…“. Além disso, como diria um conhecido jornalista: “ERRO É O CACETE!”. O ERRO foi durante o acontecido. O que veio depois foi apenas crime mesmo.

(Continua)

Música – Grande Mídia

Letra Música – OH! GRANDE MÍDIA! CONHEÇO TUA PERFÍDIA!

Márcio Amaral

OH! Grande Mídia! OH! Grande Mídia
Não precisamos de teu veneno e tua insídia!
O! Grande Mídia! OH! Grande Mídia!
Em cada movimento teu percebo a tua perfídia!
Bem melhor antigamente
Quando o pessoal do samba
Tinha um cartaz muito inocente (e)
Que era singelo prá caramba:
Saudamos a imprensa escrita,
Falada e televisionada…
A palavra tava dita…
E a passagem tava dada!

Hoje tá tudo diferente
Inventaram a “mídia mundial” (que)
Tem olho grande na gente
E quer comandar o carnaval!
Em tremenda afronta, os “bambas”
Fizeram correr feito bonecos,
Em desfile mudo, sem samba
Que nem dum surdo tinha eco.

OH! Grande Mídia….

Mas até ficou bonito!
Com aqueles tons em amarelo
Tudo muito esquisito
Uma “Broadway” sem paralelo.
Eles pensam que a imagem
Substitui a própria vida!
E um King-Kong…Que viagem!
Atravessaram na avenida

Acumulam numerário
Até a alma apodrecer.
Pensam que a gente é otário
Porque “deixamo” acontecer
Tempo prá eles é dinheiro
Prá nós…projeto de prazer (por isso)
Um bom samba brasileiro
Nunca vão compreender!

OH! Grande Mídia….

Letra, melodia e voz- Márcio Amaral

Arranjo, violão, cavaquinho e coro- Luiz Henrique: >ape_estudio@hotmail.com<

4 Comments

  1. Obrigado Dalva!
    É nas expressões mais singelas onde se encontram as verdades mais profundas. Agora estou mais confiante.
    Márcio Amaral

  2. Mais uma pérola Márcio Amaral. Muito bom! Um forte abraço!

  3. Oi Marcio gostei da musica, procurei por tudo lado e não achei ela, SERÁ QUE PODE MANDAR para meu e-mail, por favor… Obrigado.. Grande Matéria.
    Jorge

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *