Temas e Controvérsias

IPUB: “DOIS CORPOS” SEPARADOS DE PROFESSORES?!

(Isolar qualquer colega do DEPARTAMENTO é promover conflitos)
Márcio Amaral, vice-diretor IPUB
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As últimas obras de Goya são cercadas de mistérios e controvérsias. Esta tela parece nos dizer: Aqueles que estão ‘condenados’ à proximidade e ao mesmo espaço precisam buscar algum entendimento.

As últimas obras de Goya são cercadas de mistérios e controvérsias. Esta tela parece nos dizer: Aqueles que estão ‘condenados’ à proximidade e ao mesmo espaço precisam buscar algum entendimento.As últimas obras de Goya são cercadas de mistérios e controvérsias. Esta tela parece nos dizer: Aqueles que estão ‘condenados’ à proximidade e ao mesmo espaço precisam buscar algum entendimento.Recentemente, em apresentação no C. de Estudos (como parte dos festejos dos 80 anos da instituição), um(a) nosso(a) professor(a) disse a seguinte frase: “O IPUB está criando um corpo de professores a ele ligados diretamente e já conta com x professores…”. Pensei se tratar apenas de um “deslize verbal”, especialmente pela aplicação da palavra “corpo”. Afinal, eu nunca fizera diferença entre nós (professores) dependendo da ligação ou não com o DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA E MEDICINA LEGAL. Para mim, havia apenas UM corpo de professores por aqui. Sempre achei que quanto mais colegas, que tenham bom preparo e dedicação, melhor para todos nós. Saí antes do término da apresentação e não me pronunciei a respeito para evitar atritos desnecessários. Mais tarde, comentei com nossa diretora (que presidia a mesa) meu estranhamento com aquelas palavras e ela não negou a minha observação.

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O PROBLEMA ERA MAIS SÉRIO…E APARECEU NA PLENITUDE
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Mas o problema, em verdade, era bem maior e não demoraria a ficar totalmente exposto durante a campanha eleitoral para a sucessão da direção: não apenas havia “2 corpos” bem artificialmente demarcados, como estavam em campos opostos. Até aí, era apenas uma contingência associada à formação de cada um. Em um ambiente DEMOCRÁTICO temos que conviver e respeitar as diferenças naturais, especialmente quando se tratam dos cuidados em SAÚDE MENTAL onde tantas paixões estão em curso. Além disso, o que (um dia) foi chamado “poder médico” anda sofrendo muitos ataques. Tenho a impressão, entretanto, de que estamos preparados para discutir os problemas e acolher aquilo que nos convencer. Eu, particularmente, tenho sido um crítico do isolamento típico dos médicos em relação às outras profissões da área da saúde. Muito grave, entretanto, foi a tentativa dos membros daquele auto proclamado “corpo de professores do IPUB” de bloquear a participação de vários de nossos colegas do DEPARTAMENTO alegando serem eles da MEDICINA LEGAL e/ou trabalharem fora do IPUB (HUCFF e outros) e “não fazerem nada aqui”. Criar um “corpo à parte” não bastava, era necessário “MUTILAR” o corpo tratado como se fosse um inimigo. E então a celeuma se instalou.
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PRESENÇA DO CCS/REITORIA GARANTINDO DIREITOS
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Cobrei pronunciamento de nossas instâncias superiores (direção, inclusive) e estava disposto a procurar instâncias da SOCIEDADE para garantir o respeito a um DIREITO LÍQUIDO E CERTO, caso nada funcionasse internamente. Por fim, a situação foi EQUACIONADA; não de todo resolvida, pois votaram (aqueles professores) em separado “para avaliação posterior”. Havia até algo de desrespeitoso associado. Diga-se de passagem a colega da REITORIA demorou a entender qual era a questão. A rigor, NÃO HAVIA MESMO QUESTÃO ALGUMA, do ponto de vista da lógica pelo menos. O que estava em jogo era somente o ARBÍTRIO em estado bruto. Por fim, conseguimos evitar uma violência contra princípios ligados à origem das próprias UNIVERSIDADES: sua relação íntima com FACULDADES e DEPARTAMENTOS, pois são esses que dão sustentação às atividade dos seus INSTITUTOS. E o ESPÍRITO UNIVERSITÁRIO? Até então, tudo parecia caminhar para a mais mesquinha “solução caseira” e anti-universitária que já vi. Curiosamente, aqueles que vivem falando em “derrubar muros”, agora defendiam que somente quem estava INTRAMUROS poderia votar.
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A LIGAÇÃO HISTÓRICA ENTRE A PSIQUIATRIA E A MED. LEGAL
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Não vou discutir as raízes dessa ligação, nem seria a melhor pessoa para isso. Há, sim, uma forte ligação entre as duas atividades, ligação essa que é de interesse social e tem tido importante papel na defesa dos direitos dos pacs psiquiátricos. Só quem nunca esteve perto da direção de uma instituição psiquiátrica pode desconhecer a quantidade de casos que envolvem a LEI e a avaliação da responsabilidade penal de nossos pacientes quando da ocorrência de algum ato ilícito. Também inúmeras são as pessoas que se sentiram prejudicadas por uma intervenção psiquiátrica qualquer, envolvendo também outros profissionais de saúde mental. Além disso, é a nós que os pacientes costumam recorrer quando sofrem algum abuso, seja por parte de autoridades, de familiares ou de outros cidadãos. Quem pode duvidar da importância social da PSIQUIATRIA FORENSE? E o que dizer da sua ligação profunda e indelével com a MEDICINA LEGAL? Uma coisa é certa: haveremos de promover uma maior aproximação de TODOS os membros do CORPO DE PROFESSORES DO IPUB (sem distinções artificiais) do nosso funcionamento no dia a dia. É O QUE IMPÕE O ESPÍRITO UNIVERSITÁRIO.

Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ

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