Arte e Cultura

LEIBNIZ “vs” NEWTON, ÍDOLO DA TRIBO DOS FÍSICOS?-II

(Estaria a “FÍSICA ferida” com a GRAVIDADE…e há séculos?)

Márcio Amaral, vice diretor IPUB

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“É também sobrenatural o fato de se atraírem os corpos de longe, sem intermédio algum. E ainda de ir um corpo em círculo sem se afastar pela tangente, mesmo que nada o impedisse” (Leibniz, Corresp. com Clark).

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NOTA: um sentimento de vergonha parece estar subjacente à recusa dos físicos a repensar a GRAVIDADE. É compreensível! A ferida ao amor próprio seria grande demais: um escândalo de proporções “galácticas”, que tantas mentes brilhantes tenham abraçado um modelo falso por tantos séculos. De minha parte, e como meu acesso à discussão se deu a partir de uma admiração enorme pelo primeiro pensador a duvidar da proposição de Newton, o caminho da dúvida foi muito natural. Vejam a “equação”: 1- confio demais em Leibniz e em suas formulações muito consistentes; 2- seus argumentos contrários à gravidade são convincentes, merecendo, NO MÍNIMO, consideração; 3- essa consideração e crítica (da gravidade) parece NUNCA ter acontecido (pelo menos pelos físicos mais conhecidos); 4- identifico uma submissão um tanto vergonhosa ao que está parecendo ser uma mera crença; 5- aplicando um raciocínio inspirado em Leibniz (contra a gravidade) encontrei algumas aparentes respostas que me obrigaram a correr o risco de dizer tudo isso.

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A “TEORIA DAS CORDAS” DE ERIK VELINDE!

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Eis o primeiro físico moderno (holandês) a duvidar não somente da tal “matéria escura” como também da própria gravidade a partir de medições nas galáxias. Dadas as massas (estimadas) dos astros, as forças ditas “gravitacionais” lá encontradas foram muito maiores do que as esperadas*. E então foi imaginada a tal “matéria escura” ao que tudo indica, para “salvar” uma modelo roto, adiando um REPENSAR. Uma certa “Teoria das Cordas” (carentes de muita afinação) parece ser muito anterior a Velinde e teria respondido a algumas questões candentes, embora muitos nela não vejam qualquer lastro teórico confiável. Curioso é que identifiquem essa base teórica na muito estranha gravidade (ver citação de Leibniz*). Estranho mesmo é que ninguém tenha pensado em uma força de REPULSÃO generalizada como a primordial na relação entre os astros. Afinal “O conflito é o pai e a mãe de todas as coisas” (Heráclito 500AC). Se o choque permanente é a regra na natureza, por que no Cosmo as coisas seriam tão diferentes? “Segundo o físico holandês, o que faria os corpos se moverem e “orbitarem” uns aos outros não seria a distorção do espaço-tempo, e sim a tendência que as coisas têm de se espalhar de forma desordenada até encontrar um equilíbrio”. A verdade é que sem recorrer a alguma FORÇA geradora do movimento, as “cordas desafinam” e a explicação vaga no éter. Que seja a força do “big bang” e não uma propriedade dos corpos e da matéria REPELIR a outros corpos! É razoável, mas pensar em movimento, sem recorrer a alguma força (ou inércia a partir de uma força inicial), pode acabar tendo os “anjos” como determinantes.

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METÁFORA DOS CABELOS REFORÇANDO A PRESSÃO GENERALIZADA

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Curiosamente, uma metáfora por ele mesmo utilizada reforça muito a ideia da existência de pressões externas terríveis e em conflito permanente: “…o cabelo encrespa no calor e umidade, porque há mais formas dele ficar curvado do que reto, e a natureza gosta de opções. Logo, é necessária uma FORÇA para deixar o cabelo reto e eliminar as opções da natureza…” . Estaria aí a explicação?! Sim, pois somente uma PRESSÃO de fora e/ou generalizada poderia manter os “cabelos retos” (fixados), assim como a superfície da água de uma lagoa que se torna quase um espelho quando a pressão do ar está muito elevada. Por que, então, tudo seria tão diferente no universo; reinando uma “harmonia universal” na qual todos os corpos se atrairiam? Haveria aí uma curiosa HUMANIZAÇÃO/EROTIZAÇÃO dos astros levada a efeito pelos muito mecânicos ingleses? Afinal, se a Terra atrai a Lua; se esta atrai a Terra e se não há um outro entre elas, esse seria o amor mais paltônico de todos tempos! Aliás, essa tal “harmonia no universo” só quando vista à distância e somente até que novos rearranjos de forças terríveis se processem. Agora! Só quem nunca teve um contato mais profundo com a filosofia poderia atribuir CAPRICHOS à natureza. Aqui eu serei completamente LEIBNIZIANO nem que, para isso, precise acreditar em Deus: Ele teria sim, todas as possibilidades, mas escolheu a melhor e não fica recorrendo a milagres para resolver problemas e fazer reajustes na “máquina” (como defendido por Newton**).

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TEORIA DO “CHEGA MAIS PRÁ LÁ”: QUESTÕES A RESPONDER

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Considerando que para além e fora daquela “película” (delimitando a periferia dos astros) haveria um equilíbrio e anulação de forças, outra pergunta seria: por que então a “gravidade” na lua parece tão menor, como se houvesse relação (proporção a ser estudada) entre sua massa e “atração gravitacional”? HIPÓTESE: considerando a importância primordial da ação da Terra sobre a Lua, aquela sua dita “pequena gravidade” seria apenas uma consequência da PRESSÃO não muito intensa exercida pela Terra: sua capacidade de EMPURRAR os corpos sobre a lua (elevada pela força da lua também de afastamento) e não de uma eventual atração lunar. Também a própria formação de alguns astros no tempo infinito poderia se melhor explicada pela hipótese da REPULSÃO/PRESSÃO generalizada. Astros como a lua (e outros) seriam agregados de corpos—uma “reciclagem de lixo cósmico”—que encontraram uma área de PRESSÃOequilibrada. Como sofrem pressão externa (igual e a partir de todos os lados) e giram permanentemente como em um TORNO, tenderam à fusão e arredondamento, como uma bola de cerâmica. Pode parecer infantil, mas os corpos que estão em equilíbrio tendem a ser esféricos, enquanto os que vagam, mudando de órbita ou sem nenhuma, têm formas irregulares e dureza metálica. As pressões por eles sofridas, por isso mesmo, nunca se equilibrariam. Daí seu movimento aparentemente errático?

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E AS MARÉS? COMO EXPLICÁ-LAS?

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Quando me lembrei das marés e de sua grande relação com a Lua, pensei: “Agora que tudo vai por água abaixo mesmo!”. Como o PRINCÍPIO de que tenho partido é bom, entretanto, muitas possibilidades logo apareceram. Sinto ser aqui, aliás, que se poderão encontrar evidências para resolver definitivamente a questão (para alguns há muito resolvida). Há, em princípio, 2 possibilidades nessa relação LUA/MARÉS: 1- atração lunar exercida sobre a água, aquela que todos aceitam. Mas isso não explicaria o porquê do Sol (teoricamente exercendo muito mais poder—seja de atração ou repulsão—do que a Lua) não provocar variações maiores na distribuição da água pelos oceanos; 2- a Lua exerceria uma função de ANTEPARO contra a PRESSÃO de todo o Cosmo (o sol inclusive) sobre a Terra: segundo essa hipótese, uma elevação do nível mar acompanharia a trajetória da Lua nas suas evoluções. O desvio dessa pressão (contornando a Lua), teoricamente, elevaria aquela mesma pressão no entorno da projeção (vertical) da LUA, o que elevaria ainda mais o mais o nível da água diretamente “sob” a Lua (seria gerado uma espécie de “Cone Lunar” de menor pressão nos oceanos. É, no mínimo, engenhoso. Triste é ver o quanto a submissão ao ÍDOLO DA TRIBO “achatou” as mentes em sua imaginação (PRESSÃO). Assim, tento exercer uma certa “gravidade” atraindo algumas (poucas que sejam) mentes à reflexão.

 

NEWTON E GRAVIDADE: “ÍDOLOS DA TRIBO” DOS FÍSICOS?!

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Eis uma bela formulação de outro inglês, F. Bacon (1561-1626): ídolos da tribo são “…falsas noções que bloqueiam a mente e invadem o intelecto humano gerando dificuldades para as ciências e impossibilitando o acesso à verdade …”. Pelo menos algumas coisas precisam ser ABSOLUTAMENTE RECONHECIDAS: 1- a gravidade NÃO é uma propriedade intrínseca à matéria; 2- a origem de sua ação está longe de ser explicada; 3- baseia-se tão somente na observação de que as coisas caem. Convenhamos: uma observação empírica é muito pouco para gerar certezas a ponto de se atribuir esse fato a umapropriedade intrínseca de alguma coisa! Essa “harmonia atrativa universal” parece uma humanização da natureza como as que já foram feitas em muitos outros campos do conhecimento. Por fim, o deboche que um outro alemão (o poeta e ensaísta judeu, H. Heine) fez do ingleses: Um cientista inglês teria “criado” um robot que se comportava exatamente como um homem…Era um perfeito gentleman…só lhe faltava a alma. Essa, porém, o mecânico inglês não lhe soube dar (tinha perdido a sua?). Assim, o robot foi para o continente onde implorava a todos: “GIVE ME A SOUL…”(“A VERDADE E OS ATOS”)

…….CONTINUA: “A filosofia está morta?” (S. Hawkings)

*É de se esperar que a PRESSÃO conjunta de um SISTEMA (galáxias) contra outros sistemas seja exponencialmente maior do que internamente, no próprio sistema: cada galáxia. Agora…chamar, como estão fazendo, a tal “matéria” de “anti gravitacional” é demais. Haja “especulação” (deriva de espelhos: um diante do outro)! Que tal simplesmente tirar a gravidade da equação?

**Em sua infância/adolescências, Newton era obcecado por relógios que montava e desmontava. Acabou por imaginar o universo como se fosse um imenso relógio que precisaria de ajustes periódicos por parte de Relojoeiro muito especial (Deus). Leibniz debochou disso, mas sua teoria da HARMONIA UNIVERSAL,implicando que Deus teria previsto tudo no próprio momento da criação do universo também foi motivo de deboches.

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