Arte e Cultura

“MUNDO LÍQUIDO”? COLAPSO DO PODER MASCULINO -I

(Internet….Facebook…”Água mole em pedra dura…“)
Márcio Amaral, vice-diretor IPUB
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“Houve um tempo em que conceitos eram SÓLIDOS. Ideias, ideologias, relações, blocos de pensamento moldando a realidade e a interação entre as pessoas. O século 20, com suas conquistas tecnológicas, embates políticos e guerras viu o apogeu e o declínio desse mundo sólido…”, Introdução à entrevista de Zigmunt Bauman
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Troquemos o predicado “SÓLIDO” por “DURO” na sentença e nos daremos conta de que essas mudanças estão mais para SUPERAÇÃO do que PERDA. Tomemos, então, essa DUREZA como algo fora dos seres humanos; “FÔRMASRÍGIDAS às quais as sociedades precisariam se amoldar, e teremos uma boa e ampla avenida para dissecar os piores males sociais apesar do “choro” do pensador. Reparemos, por fim, nos “blocos de pensamento moldando a realidade e a interação entre as pessoas” e teremos certeza: não há nada a lamentar pela perda desses valores artificiais, impostos há milênios; sempre contra os seres humanos. BLOCOS DE PENSAMENTO…!! Como pode alguém ainda ver nisso algum valor? Um breve olhar para a história é suficiente para demonstrar quantos horrores deles decorreram. Significativamente, SEMPRE se associaram a uma falsa VIRILIDADE totalmente desviada de foco e anti humana. Quando de sua derrocada (inevitável: nazismo, fascismo, stalinismo e outros) restaram apenas cacos e frangalhos do próprio povo vitimado. Aquilo de que precisamos são de PRINCÍPIOS básicos—uma espécie de “espinha dorsal” firme e flexível—aplicados segundo a dimensão humana. E quem tem mais capacidade de protagonizar esse processo senão as mulheres? Que a prática brasileira muito bem sucedida (antes do terremoto pelo menos) no HAITI: só distribuir gêneros às mulheres, sirva como referência para as relações sociais em geral.
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BEM VINDO! “…Tanto bate até que fura…”!
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Para que se entenda o percurso do próprio Bauman é preciso lembrar: adorou o que houve de mais DURO e DURADOURO dentre os sistemas sociais e de poder de sua época, o STALINISMO. O próprio nome escolhido por STÁLIN (AÇO em russo) é o melhor exemplo do culto a essa dureza. Há um forte odor de decadência em toda a entrevista reportada aqui; disfarçada por uma “crença” em algum futuro não visível, resquício daquela outra crença (quase religiosa) dos antigos comunistas de que o mundo caminhava, cedo ou tarde, para essa forma de organização. Em suas relações com o ocidente, BAUMAN se liquefez , a ponto de, em sua longa entrevista, não pronunciar duas palavras que parece ainda acalentar: SOCIALISMO (pois se diz ainda socialista) e CULTURA. Pelo contrário, terminou fazendo uma apologia da EDUCAÇÃO como um objetivo nela mesma, ainda que EXECUTADA nos MOLDES DUROS das forças dominantes e representem um ENQUADRAMENTO das pessoas violentando todas as culturas! São já bem conhecidas as consequências de MODELOS de educação que, visando principalmente “formação de mão de obra”, como na COREIA DO SUL (uma espécie de laboratório de desumanidade). Até a década de 1980, as taxas de suicídio por lá eram de 8/100mil/ano. Depois do seu “enorme sucesso” entre os “tigres asiáticos”, aquelas mesmas taxas atingiram 36/100mil/ano especialmente entre jovens. Não há paralelo na história de uma elevação desse tipo, sequer em tempos de crise. Curiosamente, o mesmo Bauman termina por exaltar CONFÚCIO*, o teórico do modelo de domínio oriental sobre os homens: aquele que promove extinção das INDIVIDUALIDADES.
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SÓ OS ADOENTADOS FALAM DE SOBREVIVÊNCIA (NIETZSCHE)
“..Todas essas formas aprendidas de SOBREVIVÊNCIA NO MUNDO não funcionam direito mais…” (Bauman)
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O entrevistado parece estar em desespero. Chega a repetir, em certo momento: “portanto, desordem…desordem”, referindo-se à avalanche de acontecimentos novos, obrigando à renovação permanente das concepções: “..Não temos tempo de transformar e reciclar fragmentos de informações variadas numa visão, em algo que podemos chamar de sabedoria…“. Parece até querer dizer: “PAREM O MUNDO QUE EU QUERO SALTAR!”. Como alguém consegue usar a palavra “RECICLAR” nesse contexto!? Só pode estar falando dele mesmo e da sensação de ter se tornado algo desprezível. Não sei também, aliás, de onde ele tirou esse conceito de “sabedoria”. Pois se ela é muito mais associada à consciência da limitação da própria RAZÃO do que ao conhecimento! A maior manifestação de sabedoria em Sócrates, por exemplo, estava não somente na consciência do “Só sei que nada sei!”, como também no seu “demônio” (em verdade a INTUIÇÃO) que lhe “soprava ao ouvido” sempre para PARAR. Mas para o “grande sábio” entrevistado: “A sabedoria nos mostra como prosseguir…”. Pois se até o “velho marinheiro” sabe que, em condições adversas, há que “levar o barco devagar”! Meio perdido, Bauman pede ajuda a Wittgenstein: “‘Compreender é saber como seguir adiante.’ E é isso que estamos perdendo. Não sabemos como prosseguir”. Até a citação foi mal compreendida: “saber como seguir” implica ter controle, um certo mapa e direção, mas não está ali dito que é um CONDIÇÃO para prosseguir. Na maior parte das vezes, aliás, caminhamos sem saber muito bem para onde…Essa submissão da VIDA à RAZÃO é um dos maiores sinais de decadência de uma sociedade e de seus teóricos.
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QUE FALTA DE SENSO HISTÓRICO!
“…O século 19 foi um período de grande otimismo…as pessoas estavam convencidas de que, com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, seria possível refazer o mundo…Era uma relação leve e despreocupada com a realidade. A realidade existia para ser reciclada, modificada, aperfeiçoada etc…”
Um século é tanto tempo! E como é perigoso afirmar o TRAÇO FUNDAMENTAL de cada um deles! O XIX, por exemplo, tirando um certo otimismo do período napoleônico e do final, com o POSITIVISMO, aquele foi o século do “mal do século”, de Werther e de Schopenhauer. Não há registros de um pessimismo tão generalizado e teorizado como o que se seguiu à queda do romantismo…tudo isso, no séc 19. Mas a citação podia piorar muito mais ainda:
“…Foi o período da revolução industrial. No final, todos se tornariam trabalhadores. Uma boa sociedade na grande fábrica com funcionários satisfeitos. Era o período da modernidade sólida e da sociedade industrial”.
Se ele estivesse usando um tom de deboche seria bem mais interessante. Gostaria de lembrar a ele que “O GRITO” foi pintado entre 1893 e 1910 e os olhares mais agudos intuíram a catástrofe que se aproximava: um choque inevitável entre TODOS os grandes IMPÉRIOS INDUSTRIAIS. Sempre em função de uma falsa VIRILIDADE e perda da dimensão humana, típica do mundo industrial.
…………..CONTINUA….
*Confúcio foi contemporâneo dos filósofos assim chamados “pré-socráticos” (550-479 AC). Mas…enquanto esses afirmavam individualidades impressionantes, os princípios do chinês: “…Favoreciam uma lealdade familiar forte, veneração aos ancestrais, submissão das mulheres e tomar a família como a base para um governo ideal…”. Não é à toa que o GRANDE CAPITAL está invejando tanto os governantes chineses. Querem acabar até com nossa grande herança GREGA…

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