Arte e Cultura

o BRASIL “desGRINGOlou”!

(ABRIU SEU CAMINHO…E SE TORNOU REFERÊNCIA PARA OUTROS POVOS!)

Entrou na moda dizer que o “Brasil é um país disfunci onal”, especialmente entre os formadores de opinião nos antigamente chamados “países líderes”. Até o responsável pela chacina de Oslo, no texto que postou, repetiu essa frase, certamente ouvida dos amigos de seu pai (muito ligado à “Legião Estrangeira”: essas forças das sombras). Agora, na “Newsweek“, os termos mudaram um pouco. Estão perplexos diante da pergunta: como pode um país tão “disfuncional” ter tanto sucesso em várias áreas, e ao mesmo tempo? Bem… se as nações fossem empresas, como eles adorariam—uma “Grande Singapura”—, a palavra “disfuncional” seria aplicável. Tratando-se de países, nações, culturas…espera-se que as coisas sejam um pouco diferentes. Naquela palavra, a confissão do objetivo de fazer um “MUNDO S.A”. Pensando bem, gostariam mesmo é de uma “Companhia Ltda”, com quatro ou cinco “sócios”.

Por muito tempo, fomos caudatários das “nações líderes”. Alguns até afirmav am: “é melhor ser o último dos primeiros do que o primeiro dos últimos“. Além de imoral—uma vez que reforça a idéia da dominação dos ricos sobre os pobres—há uma enorme tolice na idéia de que nosso crescimento dependeria da adulação dos poderosos. Alguns aspectos do sucesso atual podem ser referenciados a procedimentos iniciados no governo FHC. Nosso protagonismo na política externa deve ser totalmente creditado ao governo Lula. Nisso, ele retomava uma corrente indomável subjacente em nossa cultura, pela primeira vez levada à política: a independência a partir do deprendimento nas condutas, com quebra de artifícios e protocolos. De um lado, os positivistas tentando nos fazer europeus com suas suíças e bigodes. De outro, Macunaíma. Somos seus herdeiros.

E que grande papel teve Mário de Andrade nesse culto à valorização da nossa própria história! Em n enhum momento esse esforço se mostra tão combativo quanto em sua correspondência com Drumond, logo depois da publicação dos suas primeiras publicações. Com que dureza (e ternura) apontou os riscos da adulação da França pelo Itabirense! Estava tomando o caminho dos franceses, já em sua decadência (imitando A. France e outros). Não haveria o Drumond que conhecemos sem o “choque” que M.de Andrade lhe deu. Um dia, alguém ainda vai cantar a beleza das amizades que se criaram entre os nossos poetas do século XX: Bandeira, M.Andrade, Drumond, Quintana, Cecília e outros! Os dois primeiros são os grandes patronos desse acontecimento.

Outro adulador dos ouropéis franceses (embora grande poeta) foi Bilac; aquele mesmo que se lamentou, em “Última Flor do Lácio”, de ser obrigado a escrever em uma língua tão inacessível (“esplendor e sepultura”) ao “mundo culto”. Seria um impedimento para um Nobel, é verdade. Mas que artista digno do no me fica muito preocupado com esses prêmios? Considerando que o negaram a Tolstói—por suas atitudes de condenação às Igrejas—esse prêmio não deve valer tanto assim. Foi o mesmo Bilac quem escreveu ser nosso povo uma mistura de “3 raças tristes“. Só que, por algum milagre, que nem os alquimistas explicariam, essa mistura criou um amálgama (Obrigado J. Mautner) onde impera a alegria. As três raças, tornadas tristes (admitamos), amaram-se mutuamente e, com isso, descobriram a alegria! Quem sabe foi assim? Logo depois da morte de Bilac, O mesmo Mde Andrade escreveu o seu “Prefácio Muito Interessante“, enterrando não só Bilac, mas a influência do parnasianismo. Nunca uma poesia envelheceu tão rapidamente como a de Bilac. Sem perder seu valor, é verdade.

O que dizer, então, das “Chanchadas da Atlântida“? A brincadeira já começava pelo nom e: eles tinham HOLLYWOOD, enquanto nós…”o continente que afundou”. Eles tinham o OSCAR; nós…o “Oscarito”. Eles exaltavam seu OTHELO; nós….o “Grande Otelo”. E as brincadeiras, em samba de breque— misturando “bang-bang” com futebol—do inesquecível Moreira da Silva! Eram as maiores influências da época! A penúltima herdeira desse espírito foi a Tropicália. Em menos de dois anos, ela estava morta! VIVA A TROPICÁLIA, cuja morte mais se pareceu com a queda de Tróia: suas sementes se espalharam por aí, como as palmeiras que se consomem em uma explosão sexual.

LULA, independentemente das simpatias de cada um, foi a afirmação desse espírito na política e no Planalto. Eu mesmo confesso que fiquei um pouco constrangido vendo-o bater na barriga do muito bem humorado Rei de Espanha. E quando, ao receber o prêmio Cervantes, “deu o braço” a uma estátua do D Quixote, ficando mais parecido com um Sancho Pança! Tão Brasil! E de quantos pernósticos ouvi sua comparação (depreciativa, é claro) com os protocolos da realeza britânica! Ainda há quem confunda seriedade com sisudez! Todas as sujeiras, que levaram boa parte da humanidade a um atoleiro, foram promovidas por pessoas muito sisudas e nada sérias. Não haveremos de perder a dimensão humana e há que retirar dos protocolos tudo aquilo que implique desumanização.

Voltando à política externa, a questão essencial não se resume a errar ou acertar—até porque a vida é feita de correções permanentes de rumo—, mas de agir de acordo com as próprias convicções e segundo princípios. No mínimo, erraremos com originalidade! Quantos aparentes erros mostram-se, no seguimento, grandes acertos! E como temos sido ouvidos pelos que procuram caminhos alternativos!! Tudo isso, apesar dos ataques da imprensa que se deixa pautar pelas agências de notícias!

Aqueles que se informam somente pela “Rede Globo” não souberam, por exemplo, que foi criada a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe), órgão que incluiu Cuba e excluiu os EUA e Canadá. A questão não é ser isso “certo” ou “errado”, mas a sua importância e o que representa (talvez não precisasse ter sido em Caracas). No mesmo dia em que foi aprovada a nova Organização, a Globo deu espaço enorme a u ma ventania que, em UTAH, derrubou muitas árvores. Tudo o que se passa na “Casa Grande” repercute muito na “Senzala“. Vários países que eram tratados como um “quintal” pelos “do Norte” aproximaram-se de nós. E no OMédio? Buscando a referência da Turquia, quantos erros temos evitado, deixando de seguir cegamente as provocações européias e norte-americanas!

Haverá sempre, entretanto, os que vivem a “macaquear” os poderosos do momento. Agora mesmo, não apresentou a “VEJA” uma lista daqueles que chamou “OS CARIOCAS DO ANO”, vestidos “a rigor”! Que Carioca—“da Gema ou por espírito, pois ser carioca é um estado de espírito—se identificaria com aquelas figuras que parecem estar prestes a “macaquear” Sinatra cantando “NEW YORK!…NEW YORK!”? Não! Se eles são mesmo cariocas, então concorreram ao prêmio “OS CARIOCAS ‘mais Av. Paulista’ DO ANO”.

Em homenagem àquele grande povo, há que atacar sua identificação com o que é apresentado nas suas colunas sociais. Os colunáveis aparecem mais, apenas porque são a “espuma flutuante” de um imenso oceano cujas correntes profundas são bem outras.

¹Oh! Povo de Shakespeare! Como podem ter deixado um “Cabeça de Cameron” reduzir seu país a “Uma nação comercial“?!

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