Arte e Cultura

OTAN: NOVAS CRUZADAS! AGORA CONTRA O MUNDO?

(De como Porochenko, “o rei do chocolate”, tomou o maior “chocolate”*!)

Márcio Amaral

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 P. Porochenko
P. Porochenko

O cessar-fogo (firmado em 05/9) na Ucrânia não resultou de negociações com fins humanitários, etc., mas de uma derrota militar acachapante de Kiev…infelizmente. As bases desse acordo? As mesmas que Putin havia proposto 3 dias antes e Porochenko (o “rei do chocolate”) recusara. Ao mesmo tempo, Rasmussen (S. Geral da OTAN) as denunciou como uma manobra para escapar da “ofensiva ucraniana e da retirada apressada dos terroristas, etc.”. Tudo isso, diziam, depois de “o exército ucraniano ter se preparado melhor e reequipado, etc. com o apoio da OTAN”. O que teria acontecido de tão diferente para que as coisas mudassem de um dia para o outro? As tropas (se é que podem ser chamadas assim) ucranianas tinham caído em uma armadilha: os separatistas haviam abandonado posições a leste intencionalmente; recuado para dentro das fronteiras russas (fora do alcance dos inimigos), e se dirigido para o sudoeste. Depois que os ucranianos tinham “avançado” bem para leste, ingênua e talvez alegremente—quase perdendo a continuidade de suas linhas de suprimento—seus inimigos entraram de surpresa por Mariupol (mais ao sul e nem fazendo parte das áreas reclamadas pelos separatistas); cortaram suas linhas e aprisionaram seus soldados às centenas. O exército ucraniano acabou. E então, o “chocolate derreteu”. Porochenko se fundiu. Bem…até que “tava bem quente por lá mesmo”!

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 A. Rasmussem.
A. Rasmussem.

Há uma série de fatos que a GMíd teima em desconhecer em suas avaliações, de maneira a demonizar os inimigos. Costumamos associar NAÇÃO a fronteiras, mas por aquela região as coisas são vistas de forma bem diferente. Nação implica, para os russos, a relação de um agrupamento humano com o país e povo do qual procede. É esse um fator de instabilidade? Sim. Deveria ser superado? Sim. Mas é um fato que não pode ser simplesmente  ignorado. De minha parte, diante do dilema “Nação vs Pessoas/povos” eu fico com as pessoas. Porochenko pensa diferente e quis aplicar critérios baseados somente em fronteiras. Para “garanti-las”, não hesitou em bombardear até mesmo seu próprio povo. Morreram, certamente, por esse “fogo nada amigo” muitas pessoas que se consideravam ucranianas. Estava sendo aplicada, intencionalmente ou não, um início de “limpeza étnica”: algumas centenas de milhares de pessoas (quase todos deveriam se considerar russos) se deslocaram para além da fronteira russa. Tudo isso em pleno séc. XXI. Meu Deus! E todo mundo se calou a respeito!!

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Putin nunca abandonaria seus cidadãos! Não por ser bonzinho, é claro. O critério que aplica na Chechênia é exatamente o contrário: “fronteiras históricas”. Todo povo que é “não russo” que se dane! Tudo isso, desde a opressão Czarista tão denunciada por L. Tolstói (“Kadji Murad”) . Quando haveremos de ouvir a beleza e profundidade das palavras daquele grande russo? O povo, por ali, não se considera russo, definitivamente. É mesmo muito triste que, séculos e mais séculos vão se passando e certas coisas não mudam, especialmente na Europa! Voltando às “manobras no terreno ucraniano” (e eu não posso esconder que gosto muito de estudar as guerras): enquanto os ucranianos se preocupavam com o controle dos caminhões do comboio humanitário, “vestidinhos de branco e com cruz vermelha”—foi uma manobra genial, pois parecia haver ali uma fraqueza e reconhecimento de derrota—os separatistas se deslocavam para Mariupol. E os satélites da OTAN que não viram nada disso? Pobre Porochenko! Quando a OTAN lhe reservou uma cadeira de convidado especial em seu encontro, já estava “vendido no lance”. Poderia ser uma cadeira daquelas de neném com babador sujo de chocolate. Seus colegas da OTAN devem ter-lhe dito: “há que sentar na boneca nada derretida” de Putin. Mas eu queria ver mesmo era ver a cara do Primeiro Ministro ucraniano, (Arseniy Yatsenyuk: já traz o veneno no nome) com seu inglês perfeito e carinha de mau. É o mais belicoso de todos os almofadinhas da história!

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NOTA: no dia 08/9, o “Rei do Chocolate” comemorou a libertação de 1200 ucranianos que tinham sido feitos prisioneiros na manobra descrita acima. Onde estão os “nossos comentaristas de política internacional…GLOBAL” que não viram nada disso? O mundo anda muito beligerante (a partir dos movimentos dos EUA/OTAN); como esses jornalistas não foram educados para “guerras quentes”, não conseguem pensar em termos diferentes dos que lhes ensinam lá pelo norte. Estão aprisionados ao “pensar e fazer tudo o que o Senhor mandar” (EUA/OTAN), e nem se dão conta disso. Estão jogando videogame…de guerra e TAMBÉM “vendidos no lance”. Tem uma então, COITADA, que adora papaguear as pesquisas de opinião pública dos EUA. E isso lá é jornalismo?

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O LADO BOM DAQUELE DESFECHO?…SE É QUE HÁ!

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 Arseniy Y
Arseniy Y

Há sim, um lado muito bom nesse desfecho: fazer parar um pouco o afã guerreiro e expansionista de Rasmussem e daqueles que ele representa. É bom lembrar que os maiores momentos da história da Rússia foram associados a guerras e invasões por ela sofridas. Já suas próprias invasões da terra dos outros…O HORROR. Os poloneses que o digam! Mas eu confesso que, diante da pompa cercando a reunião da OTAN no País de Gales, fiquei um pouco assustado com os rumos que os acontecimentos poderiam tomar. Ouvindo Rasmussem, aquele remanescente do arianismo, tentando demonstrar a importância da reunião, fiquei mais preocupado ainda: “No leste a Rússia ataca a Ucrânia. No sudoeste vemos a ascensão de uma organização terrorista, o chamado Estado Islâmico (EI), que cometeu atrocidades horríveis. No sul vemos violência, insegurança e instabilidade”, disse Rasmussen” (ANSA-BRASIL). Será que estão preocupados conosco; com os caças suecos que vamos comprar? Quem sabe com o Banco dos Brics? Seria verdadeiramente de assustar uma associação militar envolvendo os EUA e a Europa como um bloco único! Se passarem a ver perigos em todo lado, o mundo que se cuide! Como dominam toda a GMid da região, somos obrigados a procurar por informações esparsas e juntar dados para entender o que está se passando. É uma das coisas que mais tenho feito e com algum sucesso.

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PUTIN NA MONGOLIA: COMO A HISTÓRIA SE REPETE, MEU DEUS! 

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Mongolia RussiaAs cenas mostrando onde Putin estava, quando a OTAN deu a ordem (talvez por influência da Alemanha ali do lado) para que a Ucrânia aceitasse a proposta de cessar fogo, fizeram-me lembrar de outro período conturbado das relações do ocidente com a Rússia: as invasões do século XIII sobre as quais Eisenstein fez um grande filme e Prokofieff uma bela cantata, “ALEXANDRE NEVSKY”. Derrotados no Oriente Próximo e desistindo de perturbar os muçulmanos, os ocidentais voltaram os olhos para o leste e invadiram a Rússia. Pouco antes (1226), a Rússia fora invadida pelos mongóis, com os quais terminou por fazer acordos considerados bons para os dois lados, cimentados pela ameaça ocidental, muito mais temida pelos cristãos ortodoxos. A ponta de lança da invasão ocidental (1242) era composta de teutões (os bem conhecidos alemães que,hoje, talvez tenham se tornado uma força de paz). A proteção/opressão mongol na Rússia durou mais de duzentos anos, deixando marcas indeléveis e de todos os tipos. Basta olhar para o rosto e as atitudes de Putin para ver que ele é um “mongol alourado”. Nos piores momentos, e quando se sentem muito ameaçados em suas bases culturais/religiosas, é para a Mongólia que o russo olha! Quem quiser que julgue isso tudo uma enorme coincidência! Belas e sugestivas coincidências!

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*Acho que decifrei a origem dessa expressão aplicada para as goleadas no futebol. Em outros tempos, preparar chocolate implicava bater muito. Concluí a partir da canção: “Toma chocolate/Paga lo que deves…“.
PS: Na semana anterior à Rio+20, estourou o escândalo (logo abafado) do destino dado pela Europa ao seu “lixo tecnológico”. O Greenpeace instalou um GPS na carcaça de um computador velho e o “acompanhou” até a costa da Nigéria, Gana e outras nações africanas. É lá que, historicamente, “desovam” suas sujeiras. Fiz um deboche com a hipocrisia muito europeia, usando o “Com que Roupa” (Noel Rosa): métrica respeitada.

“COM QUE EUROPA QUE EU VOU?”

A Europa faz da África um lixão. (AH!)

Essa gente não tem mesmo coração.
Vive se engalanando de nobreza
Mas por sob a roupa é só baixeza.
Agora por lá ninguém se topa,
E perguntam: “Com que Europa?
Com que Europa que eu vou
Pro encontro que a ONU convocou
?”.

Governos vão e veem e nada muda.
Eles ‘tão sempre fingindo dar ajuda (mas)
O que fazem…Deus que nos acuda..
É só distribuir “beijos de Judas”.
Falam de amor e mandam tropa
E perguntam: “Com que Europa?
Com que Europa que eu vou
Pro encontro que a ONU convocou?”.

Eu também amo a Europa da cultura (mas)
Por baixo há outra que a gente esconjura
Gostam de parecer que são unidos
E seus artistas foram perseguidos

Porões?! Só mostram a sala e a copa
E perguntam: “Com que Europa?
Com que Europa que eu vou
Pro encontro que a ONU convocou?
“.

A Europa tá parecendo uma centopeia (Com)
As pernas puxando prá lados diferentes.
Se esqueceu do homem da Galileia
E vai fazendo mal a muita gente.
Enquanto se arrasta…nós galopa.
E perguntam:  “Com que Europa
Com que Europa que eu vou
Pro encontro que a ONU convocou?

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