Arte e Cultura

PROMISCUIDADE PREFEITURA-AMBEV: A GRANDE SUJEIRA

(“Aproveitaram” o carnaval de maneira a “limpar” a COMLURB para a COPA?)

Márcio Amaral

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"Disney Parade", Av. Atlântica, Natal 2009. É nesses desfiles que o prefeitinho se sente à vontade".
“Disney Parade”, Av. Atlântica, Natal 2009. É nesses desfiles que o prefeitinho se sente à vontade”.

A população do Rio foi surpreendida por uma greve de garis em pleno carnaval. A princípio, pensei em incompetência e desinformação da Prefeitura, mas a evolução das coisas me fez pensar em uma malícia muito maior e dirigida. Foi SUJEIRA demais e sem qualquer recurso ou investimento de última hora, para que não houvesse algum interesse oculto: vão aproveitar para “limpar a COMLURB” dos revoltosos e, “de quebra” desmoralizar o carnaval, pensei! Por isso teriam deixado tudo “correr frouxo”? Mas alguma coisa “escapou ao controle” e a greve foi geral e com total participação. Quem tem um mínimo de experiência com greves sabe que a adesão foi quase total e os pelegos sindicais saíram totalmente desmoralizados do acontecimento. Aquele nível de adesão, só se consegue quando há um grande consenso em uma categoria. O que restou à Prefeitura foi tentar criminalizar o movimento, apesar de não haver um registro sequer de agressões ou “vandalismo”. A “escolta policial para garantir o direito de trabalhar” está mais se parecendo com uma coação policial que me lembrou os capatazes da escravidão: “TRABALHA NEGRO!”

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ESSE PREFEITO ODEIA O RIO DE JANEIRO E SUA CULTURA

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Quem se lembra de que, ao final do seu primeiro ano de gestão (Natal 2009), promoveu uma “DISNEY PARADE” na Av. Atlântica? É desse tipo de desfile que ele gosta e onde se sente à vontade, como um “bom menino criado com vó”: tudo limpinho e comportado. Por vários anos, tentou “amarrar” e descaracterizar o nosso carnaval de todas as maneiras. Derrotado, parece ter reagido assim: “É de sujeira e bagunça que vocês gostam? Então tomem!”. Não, senhor prefeito! O povo não gosta de sujeira e consegue manter uma enorme organização baseada apenas na humanidade. Além disso, acreditou que a Prefeitura—que andou promovendo umas multas absolutamente impertinentes e demagógicas—cumpriria o seu papel. Mas é bom que tome cuidado, pois assim o povo vai ficando cada vez mais contra os tais “grandes eventos”: voltaram-se contra o povo; o povo há de se voltar contra eles…ainda mais.

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UM “AQUÁRIO GLOBAL” NA SAPUCAÍ

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E a Globo, o que disse desse tema que adora: a “falta de educação do povo”? Uma das apresentadoras da GNEWS, uma certa Mara…, em vez de discutir a incompetência da Prefeitura para se antecipar ao acontecimento, culpou, é claro, a gente mais simples do povo. O “globais” são mesmo ridículos e, como diz a garotada: “Sem loção”! Pensam que o mundo acontece verdadeira e somente na sua telinha. Tanto se habituaram a falar assim que até acreditaram. Vivem mesmo em mundo muito restrito. Ao final do desfile da Mocidade, levaram para dentro do “Aquário Global” alguns “espécimens” da escola, escolhidos a dedo para tocar e sambar. E assim sambaram e cantaram…tudo muito comportadamente, é claro. Fátima “Pollyanna” Bernardes até ensaiou alguns passos de samba. Enquanto isso, o desengonçado L. Fernando “batia” seguidamente no ar com o microfone. Ninguém sabia bem se ele imitava uma baqueta de surdo ou se aspergia água benta sobre todos os “pocket sambistas”. Muito significativamente, o único apresentador ligado diretamente ao carnaval quase saltou sobre o vidro, como a querer quebrar a bolha que os aprisionava. Nada demais: tudo “simplesmente global”, mas daí a querer julgar o mundo através das suas infinitas paredes de vidro, vai uma distância enorme. Já Lilia Telles tomou alguns bons safanões no mundo real do asfalto da Sapucaí.

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Voltando à “falta de educação do povo”, será que achavam possível um desfile de quase 1 milhão de pessoas (Bola Preta) deixar de gerar montanhas lixo? E as caçambas que não existiam na Av. R. Branco, conforme pude ver na manhã seguinte? Com tudo isso, dizer que o povo é mal educado… “Fala sério”! No “mundo global”, tudo pode ser cheio de cores…, mas é tão inodoro e insípido!

Para a “Pollyanna”, tudo estava “lindo e muito legal”. Comentando os vídeos enviados, parecia usar a mesma entonação e carinho que dedica aos seus bichinhos de estimação, se é que os tem. Dois meninos brasileiros mandaram, do Canadá, um vídeo cheio de neve, casacos, sorrisos…e até algum sotaque. Era uma alegria!“Pobrezinhos…coitadinhos…naquele frio…!”, disse a “Pollyanna”. Foi o maior anticlímax. Gelou! O que terão pensado os meninos lá perto do polo norte? Acho bom ela “rever os seus conceitos”. Não duvidemos: a única chance da Globo manter seu poder na sociedade é através da infantilização, mas tratar as pessoas como se fossem“Pets”…é demais. Aliás, e pensando bem, quem sabe não são eles mesmos os “Pets Globais”?

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A FARSA DOS “CREDENCIAMENTOS” E DA “ORGANIZAÇÃO”

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E a AMBEV que, juntamente com a Prefeitura, e sob a desculpa da “organização do carnaval”, apossou-se do espaço público e monopolizou a venda de bebidas! Aliás, a maior parte da sujeira das ruas provinha dos “Credenciados da AMBEV” (quanto pagou, oficialmente, à Prefeitura?) que jogavam as embalagens de cerveja para todo lado*. E a água que dispensaram e empoçaram em qualquer lugar, sem sequer o cuidado de procurar por um bueiro!? Que diferença em relação à dispensa de óleo pelos pipoqueiros! São assim essas empresas e pessoas, uma espécie de Midas: tudo em que tocam se transforma numa mistura de ouro e sujeira moral.

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Essa gente pensa que se pode “organizar” alguma coisa sem ser a partir de princípios morais e/ou éticos, como os nazistas durante as prisões, deslocamentos e execuções de judeus e outros. Todos concordam: foram muito bem “organizados”. É um exagero a comparação? Talvez, mas os exageros são bons para expressar até onde pode ir uma perversão aparentemente sem maiores consequências iniciais. E a exigência de que os blocos ostentassem em suas camisas a marca da “cerveja da diretoria”? Pensando bem, há nisso uma confissão e uma adulação ao que as pessoas têm de pior: a fantasia de participar das “panelinhas” que se voltam contra os interesses dos demais. De minha parte, já decidi: NÃO BEBO MAIS NADA QUE VENHA DA AMBEV. Tornou-se intragável para mim. E dizer que seu dono se envolveu com educação e fornece bolsas para “formar elites” nos EUA….!

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OS “BLOCOS EXÓTICOS” E ATÉ IGREJAS NO CARNAVAL!

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Que a Prefeitura, junto com a AMBEV, anda financiando os blocos que não têm muita relação com o carnaval do Rio, todos já o sabem. Enquanto isso, os blocos tradicionais, ficaram à míngua. Esses “blocos exóticos” seriam muito bem vindos se não se deixassem usar contra os demais e contra o próprio carnaval do Rio. “Tá certo”! O carnaval existe há milênios e o samba não tem dele monopólio. Mas não podemos ser ingênuos e nos deixar usar dessa maneira. A unidade entre a Prefeitura e a AMBEV é de tal ordem, que esses mesmos Blocos foram anunciados nos vagões do Metro* (formam um bom trio): “Este carro leva você aos melhores blocos da Boa!”. Boa…M…”, eu complementaria. Seguia a lista dos “blocos oficiais e exóticos”; as estações onde saltar e os dias respectivos. Nosso carnaval está mesmo sob forte pressão e correndo o risco de descaracterização. Muito dinheiro e uma estratégia bem montada estão ameaçando o espírito do carnaval carioca. Tem muita gente aceitando se tornar “bloco oficial”. Que perigo!

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Até das “igrejas Universais” e congêneres, nosso carnaval está sofrendo ataques cerrados. Mas pensam que são críticas a partir de púlpitos, como, inocentemente, faziam alguns padres antigamente? Não, agora fazem, eles mesmos, seus blocos e saem pelas ruas tentando atrapalhar a alegria dos outros com imensos “trios elétricos”. Teriam todo o direito de cantar suas marchinhas e até cânticos religiosos. Seriam bem vindos…se o espírito fosse de respeito mútuo. Já há vários anos, montam um desfile exatamente no horário da saída do simpático bloco “Largo do Machado, Mas não Largo do Copo”. Estacionam seu trio elétrico bem próximo e somente a intervenção de fora os faz seguir adiante. Esse ano houve um agravante. Como havia muito lixo (papel e “plástico ambévico”, na maior parte) fizeram descer algumas dezenas de mulheres com vassouras, juntamente com rapazes munidos de sacos. Começaram a usar a HIGIENE (muito significativamente) como pretexto para invadir a área do bloco, levantar poeira e incomodar. Foi preciso uma brigada para lhes dizer: “Daqui vocês não passam”. Lógico que começaram a falar em “Aceitar Cristo”, etc. Ao que alguém respondeu: “O meu Cristo é aquele que transformou a água em vinho nas bodas de Caná; o que sentava com os publicanos e andava sobre o mar!”. Ficaram noar…perderam a terra e quase se queimaram no fogo do carnaval. Por fim, foram embora cantando uma marchinha muito ruim que dizia “Não vai sair…Não vai sair…”(Deus, depois de entrar no coração). Saíram e o bloco pode, enfim, seguir em frente.

“Assim Falava..(e ainda fala)…o Carnaval”. Ver Marchinha inspirada em poema de Lula Dias.

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* Todo CREDENCIAMENTO, quando é sério, implica muitos compromissos: ligação direta com algum órgão responsável pelo estabelecimento de regras de conduta e sua fiscalização. A própria palavra deriva de “aquele que adquiriu credibilidade” conferida por alguma autoridade. E isso está umbilicalmente ligado à RESPONSABILIDADE(“responder por”), algo que esse prefeito não sabe o que significa.  O QUE HOUVE FOI UMA FARSA PARA JUSTIFICAR UM MONOPÓLIO. A grande sujeira do Carnaval foi a promiscuidade Prefeitura-AMBEV.

**A última do Metro, essa empresa que não gosta de gente, foi fechar todas suas estações na terça-feira, antes das 23hs, deixando aberta apenas a estação Central…Assim, sem aviso algum e a pretexto de que havia um desfile mirim na Sapucaí e como se a gente do povo fosse uma ameaça às crianças! Dezenas de pessoas bateram com a cara nas grades e protestaram, inclusive uma senhora (de mais de 70 anos, sozinha, vestida com as cores da Mangueira) que não tinha condições de voltar para casa. Tenho a impressão de que ninguém pensou em registrar o fato e o encaminhar à Delegacia do Idoso.

Marcha do Lula

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