A conduta da Alemanha para com a UE mais está se parecendo com a estratégia de reprodução das vespas: capturam uma aranha; nela inoculam veneno suficiente apenas para atordoamento; depositam um ovo em suas costas e renovam a operação até que uma nova vespinha saia para a luz. A aranha, depois disso, que morra à vontade. Lembram-se de “O Ovo da Serpente” (filme que anunciava o advento do nazi-fascismo)? Hoje, o que se está gestando talvez seja “A Larva da Vespa”. Chega a ser surpreendente que outros “líderes europeus” não se tenham apercebido de que a “vaca estava indo para o brejo”? Como acharam que poderiam competir de igual para igual com a indústria alemã? Nessa crise, a frase de B. Clinton precisa ser mudada para: “É a Indústria! Seu estúpido!”
Os que defendem a “lei da selva” vão dizer: “Alemanha está na dela. Os outros que se protejam”. Tudo bem, mas que não falem mais em UNIÃO! Durante a crise de 2008/9, o gov. alemão conseguiu fazer um acordo com os sindicatos e baixar os salários para elevar a competitividade alemã. Considerando que 80% das suas exportações destinam-se ao restante da Europa, a competição havia de ser com (contra) quem? O que valeu, mais uma vez, foi apenas o velho ditado: “DEUTCHELAND ÜBER ALLES” (Alemanha Acima de Tudo). UNIÃO?! Só se for a deles com eles mesmos. É bem verdade que, na esteira dos “bons números” aumentou a pobreza lá também. Há hoje mais 12 milhões de alemães abaixo dessa linha (documentário,TV5-Monde)
Há outra boa “metáfora animal” para explicar o que está se passando na Europa, só que baseada em uma piada impublicável. Quando se deram conta de que a Alemanha estava quebrando o resto da Europa, outros países começaram a pressioná-la para que bancasse a maior parte dos prejuízos. Sua resposta? A exemplo macaco da piada, deverá cantar: “Acabou-se a brincadeira, olê…oleolá…Acabou-se a brincadeira, olê, oleolá…”. O muito espertinho propusera aos animais da floresta brincar de trenzinho, mas dos engates não se pode falar. Ele ficou no fim da fila e as coisas seguiram assim. Depois de certo tempo, um outro animal propôs que fechassem a roda: “Acabou-se a brincadeira….” cantou o macaco imediatamente!
Para entender essas relações, só recorrendo mesmo às metáforas animais. A UE foi a sociedade proposta pela galinha ao porco. Ficariam ricos vendendo ovos com bacon: ela entrava com os ovos, ele com o bacon. Com a primeira crise, tornou-se um “SALVE-SE QUEM PUDER”. Agora, Sarkozy perdeu todo o senso de dignidade. A aceitação da intervenção de Merkel nas eleições francesas pode fazer da França um “semi-protetorado alemão”. Um dia, foi PÉTAIN em VICHY¹! Hoje, em PARIS, é SARKOZY! A história se repete: da primeira vez, foi uma tragédia; da segunda, há de ser uma farsa!
Pior foi o que aconteceu com a pobre Espanha! Acreditou numa espécie de “divisão igualitária” de tarefas e benefícios entre os diversos países da União (?), e investiu nos SERVIÇOS (M. Coutinho, OGLOBO). Desindustrializou-se e está à míngua. Pior é que seu governo ainda defende um modelo de austeridade baseado no vigente na Alemanha! Quantas Alemanhas cabem na Europa? Os ingênuos acreditaram que a indústria havia perdido importância no mundo²! Para desmoralizar essas “políticas de austeridade”, nada melhor do que os artigos de Paul Krugman.
A recente visita de Merkel à China deve ser vista à luz de uma curiosa identificação entre dois países que vivem de quebrar a indústria dos outros. Devem estar combinando a estratégia para “diminuir o protecionismo” no mundo. Só como exemplo, na A. do norte, a “Zona de Livre Comércio” (NAFTA) está destruindo a agricultura mexicana e aumentando em muito o êxodo e o narcotráfico (mesmo documentário). Agora, Merkel já está dizendo até que o “mercado brasileiro é o mais fechado dentre os países do G20”. Se o ambiente fosse de colaboração, seria razoável uma abertura de mercados. Em um ambiente de PREDAÇÃO, há mesmo que se proteger. Já imaginaram a águia alemã dizendo ao nosso tatu: “V. anda tão fechado ultimamente!”?
¹pCidade para onde foi deslocado o “governo” da França, sob inspiração e patrocínio nazista, durante a ocupação.
p²O primeiro Ministro da Bélgica—aquele que usa gravata borboleta e não se envergonha de ser homessexual—já fez (na TV5) ameaças veladas de fechamento de mercados à Alemanha, mostrando a interdependência generalizada na Europa.
