Arte e Cultura

RIO+20! SEDIANDO UMA FARSA?!

(“MEIO AMBIENTE“? NÃO! A TERRA COMO UM FIM)

O Mundo Está Sempre Melhorando o Tempo Todo” (Janos Pasztor, Secr. Exec. do Painel de Alto Nível Sobre Sustentabilidade da ONU, OGLOBO, 18/5)

Declarações como essa, provinda de um dos principais responsáveis pela preparação da RIO+20, são suficientes para que qualquer pessoa, ligada aos esforços de preservação do planeta, perca as esperanças quanto aos caminhos e destinos para ela traçados. Contrariamente ao que ele afirma, especialmente na esfera do que a Conferência vai tratar, tudo tem piorado: emissão de carbono, desmatamento, perda da crença no cumprimento de metas e fracasso de todas as tentativas de acordo!

O próprio título do painel por ele coordenado na Alemanha: “Pessoas Resilientes, Planeta Resiliente. Um futuro que valha a pena escolher”, contraria o entendimento de quase todos (até das crianças): A TERRA NÃO É TÃO RESILIENTE QUANTO OS EMPRESÁRIOS E GOVERNANTES QUEREM NOS CONVENCER! Ela é muito mais frágil do que pensamos. Eu que pensava que a RIO+20 seria meramente perfunctória—servindo apenas para que as pessoas se enganassem quanto a “estar fazendo alguma coisa pelo Planeta”—percebo estar em movimento uma “operação desmonte” de todo o corpo de idéias que vem se formando no mundo quanto aos malefícios que o espírito capitalista implica NECESSARIAMENTE para a nossa tão bela Terra. A RIO+20 foi organizada segundo os interesses da iniciativa privada e esses interesses nunca foram de preservação.

Se eu tivesse que apontar UM fator como o preponderante para que a humanidade tenha chegado à situação de colocar em risco o próprio planeta que lhe deu vida e acolheu, assinalaria: nossa arrogância e prepotência. Até recentemente, elas se expressavam apenas na opressão de povos e classes sobre outros povos e classes. De algumas décadas para cá, porém, atingiram níveis que começaram a colocar em risco as próprias condições necessárias para uma vida saudável. Há que superar até mesmo a expressão “MEIO AMBIENTE”, termo transposto dos laboratórios para a vida. Meio ambiente é onde cultivamos bactérias para diversos fins. A TERRA NÃO É, NEM PODE SER UM MERO “MEIO” para qualquer coisa! De que somos feitos? Fomos atirados aqui por acaso? Precisamos de uma conferência que diga, alto e bom som: A TERRA COMO UM FIM! A TERRA SOMOS NÓS!

E o que predomina nessa entrevista? ARROGÂNCIA E PREPOTÊNCIA! Vejamos outros exemplos, além dos assinalados:

1-o que dizer do “Painel de Alto Nível”? Apenas ridículo! O nível será alto ou não dependendo do trabalho realizado. Quando começamos por esse jargão, boa coisa não há de resultar.

2-“Um futuro que valha a pena escolher”. Existe prepotência maior do que achar que se pode escolher um futuro como quem escolhe um prato em um restaurante? São os mesmos que disseram ser o “mundo plano”, para não dizer “chato”. Só as cabeças planas…e chatas podem acreditar em um mundinho tão medíocre! Por esse mundinho não há mesmo por que lutar muito. E é a gente desse tipo que querem entregar nosso futuro!?

3-“Pessoas Resilientes“, mais se parece com um programa do tipo “Gente que Faz”, daqueles que estimulam o “empreendedorismo” (Que palavra, meu Deus!)

Quando questionado quanto aos modestos objetivos da conferência, respondeu: “É verdade…mas nós precisamos trabalhar duro para atingir essas expectativas”. Há aí uma aparente contradição. Quando, entretanto, damo-nos conta de que seu objetivo principal foi atrair a”iniciativa privada”, tudo começa a fazer sentido“Teremos 1000 empresas representadas”“Muito mais importante será a presença de um grande número de pessoas do setor privado…”. Com esse fim, os objetivos tinham mesmo que ser modestos; tão modestos, que desapareceram.

Há quem acredite na possibilidade de convencer os adversários/inimigos com palavras. Creio haver ingênuos de boa vontade na ONU capazes de pensar assim. Os altos salários fazem com que muitos se convençam da importância do que fazem. Sem o perceber, talvez estejam negociando com princípios. Até das “nossas cores” estão se apoderando. E a “ECONOMIA VERDE“!? Pensam que estão tomando a preservação e o cuidado como critério? Não! Apenas a já velha mentira das “mágicas tecnológicas”, em oposição às necessárias mudanças na maneira de viver. E a SUSTENTABILIDADE? O que estão querendo SUSTENTAR? Nada mais do que a sua própria maneira perdulária de viver. Não tenham dúvidas, está em curso mais um esforço das grandes corporações para se apoderar do corpo teórico que tem demonstrado o quanto o capitalismo agride a vida. É da sua índole olhar a natureza como uma adversária a derrota r. Está no seu DNA. A Iniciativa privada tem o seu espaço nessa discussão. Nunca, entretanto, como uma referência. Afinal, não estamos tratando de uma “ONU S.A.”. Talvez melhor fosse dizer “LIMITADA” (em todos os sentidos da palavra).

Por fim, eu não poderia deixar de, diante uma entrevista “tão reveladora”, fazer uma investigação psicológica. Dizendo por que “o mundo sempre melhora“, afirmou o “homem da ONU”: “Prefiro viver no mundo de hoje do que no mundo das décadas de 1950 e 1970”.

Pois se aquelas foram as décadas da sua infância e juventude!!! Pobrezinho! Ele não teve…nem infância…nem juventude. Deve ter nascido de terninho. Dirão eles: “Ah! Mas ele vivia sob a cortina de ferro“. Eu responderia: “Pobres das crianças que não têm imaginação para criar seu próprio mundo onde quer que estejam!”. Há muito tempo, estou convencido de que quem precisa de muito dinheiro—e desse tipo de poder—tem alguma deficiência que sente insanável. Ainda prisioneiros dos seus “personagens”, vingam-se da humanidade e da Terra que tanto os frustraram.

Marcio Amaral

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