(O Flamengo é muito maior do que quem o dirige)

O futebol brasileiro tornou-se uma espécie de pântano onde é muito dificil alguém transitar sem se deixar por ele “engolir”. O problema começa com os dirigentes, continua com uma imprensa* “muito interessada”, chegando até os jogadores. Por isso, quando vejo uma campanha de difamação de um jogador, como no caso de Ronaldinho, já sei que os interesses dos dois primeiros: dirigentes e imprensa, estão se juntando contra o elo mais fraco da cadeia! Quer dizer…os elos mais fracos são, em verdade, os CLUBES, essa pobre instituição parasitada por todo tipo de “ervas daninhas”, sobrevivendo apenas para permitir que a exploração continue. Deve dar o que pensar o fato de que, enquanto todos enriquecem com o futebol, os clubes estejam cada vez mais endividados! Mesmo não torcendo pelo Flamengo…Declaro: “Eu teria um desgosto profundo/ Se faltasse o Flamengo no mundo”. Afinal, é uma das marcas da nossa cultura.

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O que ninguém perdoa no Gaúcho, e em seu irmão Assis, é que tenham se antecipado, não dando tempo para que a lenta campanha de difamação tomasse maior vulto. Um dia os jogadores aprendem, especialmente quando contam com uma advogada experiente e que sabe lutar por princípios trabalhistas nas relações clubes/jogadores. Um certo jornalista, chamado CALAZANS (que devia se inspirar nas duas primeiras sílabas do seu próprio nome), com uma inveja indisfarçável, apelou para moralismo e “crítica de costumes”: “...aquela figura virtuosa (Assis), digna, elegante, de ótima formação nos quesitos da ética e da decência, grande inimigo das cafajestadas…” (OGlobo, 31/5). Em “tempos de Demóstenes”, todo moralista deve ser olhado com reservas.

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Depois de debochar do jogador em manchetes, fazer piadinhas de mau gosto no corpo das matérias e selecionar fotos ambíguas—até no fogo dos infernos eles o colocaram—O Globo (31/5) mostrou o quanto os dirigentes do Flamengo são reincidentes específicos nas mesmas práticas deletérias aos interesses do clube. Romário, Edmundo, Petkovit…têm todos, até hoje, pendências judiciais não resolvidas com o clube. Para uma imprensa crítica e desinteressada, bastaria esse fato: o empregado é uma vítima no processo. Hoje em dia, porém, não se fazem mais “vítimas como antigamente”, quando, manipulando o amadorismo natural dos jogadores, diretores os exploravam até não valerem mais nada e, por fim, deixavam-nos na “rua da amargura”. Nos dias que correm (é o que dizem…), fazem acordos com os jogadores para lesar os clubes fazendo contratos astronômicos e rateando o “excesso” entre eles mesmos.

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O que dizer da condenação ao fato de um cidadão brasileiro recorrer à JUSTIÇA de seu próprio país para resolver uma pendência qualquer em relação a um empregador? Até gente da mídia repetiu essa ladainha! Bem…a FIFA, essa “máfia legal e internacional”, tem uma lei acima de todas as leis de todas as nações: Quem recorrer à Justiça, contra qualquer dos seus atos, será excluído dos seus quadros, caindo em danação e arrastando todos aqueles que o acolherem. As pequenas máfias clubísticas têm em quem se inspirar. Por aqui, entretanto, a nação e suas leis continuam a valer.

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Um certo Rafael de Piro, dirigente do Flamengo, em um surto PIROMANÍACO, ameaçou Ronaldinho (e a JUSTIÇA) com um “Tiro de canhão”. EssePIROU de vez! Com um cara desses, até se tiverem uma vitória, haverá de ser uma “vitória de PIRRO“. Aliás, Ronaldinho está prestando um enorme serviço ao FLAMENGO, pois conseguiu “desentocar” todos os sujos que sujam o Flamengo. Um deles ameaçou com vídeos contra o jogador, fazendo supor que era mantido sob chantagem. A situação ainda vai cair na esfera criminal! Repito: estavam a ponto de iniciar a campanha de assédio e difamação do jogador, quando ele se antecipou. Até porque, do ponto de vista do futebol, ele não esteve muito abaixo do que se podia esperar.

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Os jornais trouxeram, ainda, a frase de Zinho “Acabou a bagunça!”. É também uma confissão. TUDO ESTAVA UMA BAGUNÇA! De quem é a responsabilidade por não deixar que as coisas se tornem uma BAGUNÇA? Dos dirigentes. Está tudo nos jornais. Pobre…Zinho! Já assumiu com um discurso de diretor de colégio interno, como se a “bagunça” se iniciasse entre os jogadores! E quem vai acabar com a bagunça (especialmente nas contas do clube) promovida por aqueles que o contrataram? E Zagallo que não perdeu mais uma oportunidade de participar da malhação e, como um bom narcisista, competir com os jovens: “Eu percorria 100m para fazer a dupla função, disse o ex-técnico que ainda se movimenta de forma competitiva, mesmo em espaços reduzidos,…meu negócio é ganhar!” (OG, 03/6). Isso é que é espírito esportivo!

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Que o jogador e seu irmão evitem falar demais e deixem que os outros se compliquem. Por fim, e para voltar à alegoria do PÂNTANO, um conselho aos dirigentes do clube. Diz um sábio ditado:

“Se você caiu em um pântano, não se mexa, pois vai afundar mais rapidamente. Fique quietinho e chame por ajuda…de quem está fora do pântano, é claro. É bom também tomar cuidado com os “abraços de afogado”.

Os diretores do Flamengo estão chafurdando e afundando mais e mais. Sua imensa torcida—aqueles que verdadeiramente amam o clube—vai, um dia, agradecer a Ronaldinho e seu irmão pela coragem de enfrentar todo esse bombardeio, acreditando no amor que a gente simples do povo tem pelo seu talento e alegria.

*A atitude corporativista está em alta na imprensa! Todos saem em defesa de todos imediatamente, até diante de atos aparentemente anti-éticos ou delituosos, mas vivem pedindo punição aos Conselhos Profissionais diante de atitudes duvidosas de algum dos seus membros. Serão intocáveis os membros da mídia e seus interesses, por mais nebulosos que possam parecer? J. Saldanha, que conhecia bem de que “acordos” eram capazes alguns membros da mídia, chamava-os “meus coleguinhas da imprensa”.