Arte e Cultura

“SEEDORF NO REINO DE SUCUPIRA”?!

O prefeito do RIO ainda não se deu conta de que não é um animador de festa/auditório. Por isso, anda confundindo aquilo que chama de “a capacidade do carioca de bem receber”, com humilhação e atitude de capacho/sabujo. Se ele cometeu ou não alguma irregularidade do ponto de vista eleitoral—quando exibiu Seedorf na sacada do palácio—não me interessa muito, mas o mau gosto de sua conduta me atinge verdadeiramente. Afinal, e de alguma forma, ele representa a todos os que vivem nessa cidade. Além disso, dizer em resposta ao MP: “Ele critica muito rápido…Sou prefeito do RIO, quer ele goste ou não” é demonstrar o quanto é mais um “menino mimado”. Lembrei-me do “Sóis Rei”, bordão do “reizinho do Jô Soares”, repetido por sua corte de sabujos, sempre que alguém colocava em dúvida o seu poder.

O Procurador que viu nisso abuso de poder político poderia dizer o mesmo: “Sou Procurador do RJ, quer ele goste ou não“. Quem, aliás, tentou retirar o poder do MP foi o Prefeito. Afinal, quem “critica” são os políticos, jornalistas, as pessoas em mesa de bar, etc. O MP percebe a existência de indícios ou evidências de crimes e propôe indiciamentos. Essa “fulanização” e banalização do papel do MP demonstrou apenas um despreparo, muito compreensível em quem age como animador de auditório. Ele acha que estão todos apenas no mesmo barco cuja condução está a ele confiada. É típico dos “reizinhos” começar a desconhecer o equilíbrio entre os 3 poderes.

Já o holandês deve ter achado tudo aquilo muito ridículo. Para completar a cafonice, só faltou a entrega de uma “Chave da Cidade”. Ele deve ter pensado: “Será esse o país que tem a sexta economia do mundo? Será esta a cidade maravilhosa de que tanto ouvi falar? Será este mesmo o seu prefeito? Isso aqui está mais se parecendo com uma aldeia ou vilarejo à beira mar! Pensando bem, meu nome—lá em uma daquelas línguas que se falam na região onde me fizeram nascer—é mesmo “Aldeia à beira do mar”.

Mesmo por aqui, apesar de mais discretos, há balneários parecidos onde o trânsito da gente do povo é restringido

Em nossas praias o prefeito andou até tentando demarcar áreas e cores de barracas. É o “espírito balneário”. Não nos enganemos, se não houver resistência, ele vai nos “vender” como um balneário. Agora, a comprovação: um dos seus lemas que criaram para o RIO é: “O futuro que vamos construir”. Sai prá lá!!! As cidades evoluem respeitando uma história e segundo uma cultura. Da nossa, devemos nos orgulhar. Meninos criados com vó, costumam achar que o mundo é um “postinho de gasolina”; enquanto as meninas, uma “casa de boneca”. O RIO é indomável. O prefeito passará, como vários outros, mas seus projetos não.

Só para fazer um contraste, na semana anterior, a gente simples de nosso povo deu—em relação à nigeriana que ficou sem documentos—uma bela demonstração do que é essa nossa capacidade de acolher estrangerios e se envolver com seus dramas. Ela também se tornou “um acontecimento” na cidade, especialmente no bairro onde foi morar. Também essa situação, aliás, não será muito bem compreendida lá fora. Mas quanto lirismo singelo! Quanta grandeza em sua pequenez muito humana! Se alguém está preocupado com “vender” a nossa imagem, diria que ninguém fará isso melhor do que aquela mulher muito simples. Diria até que sua cidade, lá do outro lado do Atlântico, não será mais a mesma. Temos por lá uma embaixadora…Quer dizer, se certos aspectos religiosos não atrapalharem!

*Por falar em “Chave da Cidade”, é hora de o prefeito começar a respeitar mais a UFRJ e a utilização das áreas federais ocupadas por seus campi: Ilha do Fundão e outros. Não faz muito tempo, um próprio federal (no centro da cidade) foi por ele invadido e ocupado de maneira truculenta. Não temos notícia da sua devolução.

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