Arte e Cultura

SEM INTERMEDIÁRIOS! GLOBO JÁ FALA PELA PREFEITURA!

professora-globo

(Um “encarte global” para não deixar dúvidas quanto a quem está no comando)

Márcio Amaral- Prof. da UFRJ, Vice-diretor do Inst. de Psiquiatria-IPUB

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Antigamente, quando os jornais divulgavam algo de interesse direto do poder executivo (ou de um agente econômico qualquer), escreviam sobre a página “INFORME PUBLICITÁRIO”. Era um bom cuidado, de maneira a não parecer ser notícia, aquilo que era apenas uma divulgação, SOB PAGAMENTO. Nos últimos tempos, entretanto, esses limites se borraram completamente, principalmente a partir da relação promíscua que OGlobo vem desenvolvendo com a pessoa que assumiu a Prefeitura para atender aos interesses das grandes corporações que aportaram no Rio muito agressivamente. Agora, na edição do jornal de domingo (27/10), foram rasgados todos os véus que ainda recobriam aquilo que qualquer um já podia ver: O Globo está falando pelo prefeito “em nome da educação” e sem qualquer cerimônia. Uma vez que o intermediário fracassou na “venda” do projeto, aqueles que o prepararam (“TODOS PELA EDUCAÇÃO”…desde que seja uma GRANDE CORPORAÇÃO) resolveram defendê-lo diretamente. Fica a pergunta: QUEM PAGOU POR AQUELE ENCARTE? Não há qualquer indicação, mas há tantas formas escusas de “pagamento”! A coluna do Ancelmo, por exemplo, tornou-se uma vitrine de computação gráfica e maquetes das “realizações futuras” do prefeito. Antigamente, era a primeira a anunciar acontecimentos não muito agradáveis aos governos. Agora faz “jornalismo futuro” e propaganda de obras do prefeito. Quanta ambiguidade no tal “Vamos cobrar!”

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O encarte “A VERDADE sobre o plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos PROFESSORES” é , por si só, uma “prova pericial” da intromissão direta do jornal na educação do Rio. Resolveram, definitivamente, levar às últimas consequências o seu próprio lema-confissão: “Muito Além do Papel de um Jornal”. Encimando-o, a sua caracterização: “O GLOBO PROJETOS DE MARKETING”! Mas “marketing”… de quem ou de que? Se é “marketing”, como lhe dar por título: “A VERDADE...”? Pois se todos sabemos que o compromisso principal do tal do “marketing” é principalmente com o convencimento rápido e a indução de decisões rápidas de compra (no sentido mais amplo da palavra). Se confessam que é “marketing”, então deixem a VERDADE (ou sua procura, pelo menos) de fora. Que eu saiba, além disso, há que pagar por toda peça de “marketing”, ou não? Por isso, volto a perguntar: Era “marketing” de quem? Quem pagou por aquela peça? Se ninguém pagou, é porque foi do interesse do próprio jornal; sendo assim, estaria confirmada (ou muito reforçada) a promiscuidade que se estabeleceu em nossa cidade entre a Prefeitura e o Globo. Aliás, essa promiscuidade, associada à palavra “VERDADE”, fez-me lembrar de um certo “PRAVDA” (A VERDADE). Decididamente, as coisas não estão cheirando muito bem no Rio.

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Um pouco mais abaixo, uma foto da Câmara de Vereadores do RJ; aquela mesma que foi fechada para o povo, segundo práticas muito bem demonstradas em “O PODEROSO CHEFÃO”. Encimando a foto, um julgamento/elogio: “CÂMARA PRÓ RIO”. É a mesma mania de acrescentar qualificações que desqualificam, a exemplo do “além papel do jornal”: qualquer “acréscimo” na atuação da imprensa corresponde a seu sacrifício em outros altares muito contábeis. Quem é o Globo para julgar se a Câmara é Pró ou contra o Rio? Estão dizendo apenas que a Câmara aceitou ser caudatária de seu (de OGlobo e das corporações que representa) próprio projeto para o Rio. Há ali, ainda, o julgamento também dos vereadores contrários ao “PROJETO GLOBAL”. Se os que votaram a favor são “PRÓ RIO”, por consequência, os que votaram contra seriam “CONTRA o RIO”. Eis a fórmula e a linha direta para o fascismo: “Tá tudo dominado”. Eduardo só não se torna um líder fascista por que é muito medroso. Ano passado, em solenidade com crianças, diante do espocar de bombinhas, jogou um copo para o ar e saiu correndo para trás de um biombo. Quem faria um atentado contra aquela figura?

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O tal encarte é todo feito de números: percentuais, valores, etc., como se a luta dos professores se resumisse a salários. Se houve uma derrota do movimento, foi não conseguir transmitir à sociedade que suas razões iam muito para além das questões contábeis. Das muitas razões que os professores têm para protestar, duas, pelo menos, atingiram-me fortemente: 1-a substituição do papel do poder público pelas GRANDES CORPORAÇÕES na educação, certamente visando a formação de “mão de obra” e “capital humano”, não cidadãos plenos; 2- um sistema dito “meritocrático”, mas que visa atirar os professores uns contra os outros, “dividindo para reinar”. Sei que é difícil lutar contra uma mídia totalmente “interessada” (para dizer o mínimo), mas há que não deixar que as discussões se resumam a salários.

BEM TI VI

[audio:http://www.ipub.ufrj.br/cultura/wp-content/uploads/musicas/BEMTIVIMARCIO AMARAL.mp3]

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