Arte e Cultura

SUICÍDIO/ASSASSINATO: ESTÁ DOENTE O OCIDENTE?II

(A “paranoia” relativa do ar tornou-se absoluta…E a vida perdeu a graça!)

Márcio Amaral

…………………………………………………..

NOTA: os “donos do mundo” estão tentando restringir aquele ato à responsabilidade errática de UMA só pessoa. Seria a única forma de não mudarem a NATUREZA dos seus próprios procedimentos, e de “aperfeiçoá-los” ainda mais.Tentam ignorar que tudo se deu em uma “atividade de ponta”, com uma pessoa “ultra capacitada; super selecionada e bem avaliada”. Todos aqueles procedimentos estão abalados, apontando para um VÍCIO DE ORIGEM; INSANÁVEL, por definição. Quando um “zipper” entra enviezado, há que voltar. Se forçado, há de quebrar em definitivo. Que as sociedades comecem a se proteger dos que se apresentam como seus protetores.

……………………………………………………….

Carcaça do ônibus israelense
Carcaça do ônibus israelense

E foi então que aquela muito saudável e adaptativa capacidade humana de desconfiar deixou de apenas fazer parte do repertório de condutas possíveis, tomando conta de todo o aparelho mental/social das pessoas/sociedades. É hoje a principal disposição nas relações ditas humanas. Com isso, a afirmação de M. Thatcher: “Sociedade? Isso não existe! O que existe são indivíduos”, passou a imperar. Tudo sob a desculpa da segurança. Mas também nisso havia uma intenção, talvez nem tão consciente assim: a desconfiança de todos contra todos, leva as pessoas à submissão ao Estado. RESULTADO: a própria segurança tem sido a maior vítima no processo. Desde os primórdios da humanidade, somente do apoio mútuo, em uma comunidade qualquer, pode resultar uma segurança digna do nome. Seria por acaso que quase todos os criminosos do tipo que estamos estudando são descritos como SOLITÁRIOS? Por falar no risco dos excessos de “segurança”, quem se lembra do ônibus israelense, tão blindado e travado, que, ao entrar em área de incêndio florestal, levou à morte quase 50 soldados, como que apanhados em uma ratoeira? Não é necessário ir muito longe, pois há muitos casos individuais e coletivos por perto. Os muros altos, por exemplo, não permitindo a visão para seu interior, só ajudam aos ladrões. Depois que entram, quem haverá de nos socorrer? Quem duvida de que a maior garantia contra a invasão de portarias de prédios é uma boa interação entre vários porteiros de prédios vizinhos? Nunca seu isolamento/confinamento, como muitos síndicos “caolhos” pensam. E como é saudável aquela interação entre nordestinos! Acho até que muitos os invejam e tentam lhes retirar a graça e a espontaneidade
………………………………………..E OS MALES SUBJETIVOS IMPLICADOS?!
Isso só para ficar nos casos objetivos e sem falar nos prejuízos subjetivos que a PARANOIA causa às relações humanas e à alegria de viver. Sobrevivemos, mas sem brilho algum! Não tenho dúvidas: seria absolutamente suficiente a exigência—para a abertura da porta da cabine do avião por fora—da digitação de códigos (individuais) por pelo menos duas pessoas da tripulação. Mas os “reis da segurança” são totalmente incapazes para o raciocínio DIALÉTICO; são pobres POSITIVISTAS, além de interessados nos seus lucros, é claro. Não conseguem ver que, para qualquer ação humana, há UM PONTO ÓTIMO, além do qual o resultado começa a ser oposto àquele desejado. Querem exemplos: Doses de medicamentos, cuidados com filhos, dedicação no amor, etc. até o infinito…. Dessa forma: que as pessoas amantes da vida se afastem daquelas que, por não conseguirem aproveitá-la, ficam infernizando a vida dos demais, sob o manto da “segurança e proteção”. Nessa coisa de “SEGURANÇA antes de tudo”, repito com a garotada: “Me inclui fora dessa!”
……………………………………………………….
DISCUSSÃO DIAGNÓSTICA E/OU INVESTIGAÇÃO PSICOLÓGICA?
Direto ao ponto, eliminemos condições que desorganizam muito a conduta (esquizofrenias ou marcante elevação do humor). Deixemos também de lado síndromes depressivos, naquele momento. Não havia qualquer indício dela e não costumam se associar a esse tipo de ato. Quanto a alguma história de episódios depressivos, não digo nada…ainda. Além disso a mera comunicação do próprio quanto ao “diagnóstico” de nada vale. É somente um termo mais aceito socialmente e, por isso, repetido à exaustão: depressão. Seriam necessários exames muito bem feitos e bem registrados, para sua aceitação. Eliminemos (mas eliminemos mesmo) os transtornos de ansiedade, pois costumam cursar com uma enorme preocupação em relação às demais pessoas; ao medo de errar, de provocar algum mal, etc. E assim, cairemos, INEVITAVELMENTE, nos Transtornos de Personalidade. Para Antissocial, não havia a típica história, e ele, com certeza, não teria chegado até lá. “Borderline”? Menos provável ainda. Histriônico? Tudo muito verdadeiro e cruento para ser meramente teatral. Uma coisa é certa: não caberia, para o caso, a observação do sigilo, uma vez que foi ele mesmo quem tomou todas as providências para tornar pública sua situação. A humanidade tem o direito de saber todos os detalhes relevantes à compreensão de algo que a levou à perplexidade. E que não confundam sigilo com ocultação de responsabilidades!

……………………………………………

De alguma forma, o acontecimento vai aproximar os povos das suas montanhas. A reação do povo do lugar, fazer um local permanente para visitas de familiares foi tocante.  "Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro." (Salmo 121)
De alguma forma, o acontecimento vai aproximar os povos das suas montanhas. A reação do povo do lugar, fazer um local permanente para visitas de familiares foi tocante.
“Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro.” (Salmo 121)

E então, ficamos com a obrigação de discutir a Pers. NARCISISTA. A fala do copiloto a uma ex-namorada: “Um dia vou fazer algo que vai mudar todo o sistema…todos vão saber meu nome e se lembrar de mim…”, reforçaria a suspeita e daria algumas pistas. Mas ele seria destituído daquela típica capacidade de autoengano e criação de uma “bolha narcísica de autoestima”, atacando possíveis invejas e boicotes à sua volta, como forma de “preservação” do próprio EU. Sendo assim, caberia aquele diagnóstico? Pelo menos, é o único que não consigo afastar de todo…se é que é necessário um diagnóstico. Mas, à luz daquele “diagnóstico”, aproveitemos para discutir um dos grandes males de nossa época: a indução generalizada do NARCISISMO e ao vazio da vaidade, associada a uma espécie de “MIDIAADDICTION”. Tudo isso, sem falar na sensação de “não ser ninguém”, caso não nos sintamos “muito diferenciados em relação à gentinha ou ralé”. E então começamos a nos aproximar um pouco da compreensão do ato aparentemente absurdo. Se você não vale nada! Se as pessoas também não valem nada, apenas por elas mesmas…(completem as reticências)! É como o mundo está vivendo. Uma das suas consequências é a divisão dos seres humanos em VENCEDORES ‘VS’ PERDEDORES! Para esses últimos, os colunáveis costumam transmitir um tácito “MORRAM!” Nada menos cristão, embora repetido por gente que ainda tem o cinismo de se dizer cristã!Acontece, entretanto, que, de vez em quando, alguns daqueles “perdedores” resolvem “virar a mesa” e levar outros consigo.
…………………………………………………

E A INVESTIGAÇÃO PSICOLÓGICA?

Fiquemos no mais óbvio, uma vez que os dados são poucos: 1-ele estava CRONICAMENTE infeliz, ressentido e hostil para com a humanidade e a vida em geral; 2– seguira todas as “prescrições para uma vida saudável” que se aprendem nos programas de TV: não beber ou fumar; fazer atividade física e correr maratonas, mas, como não era uma espécie de “Forrest Gump”, continuou se sentindo cada vez mais infeliz; 3– seria um obcecado pelo trabalho (informação da TVEspanha); tinha um desempenho exemplar (100% em todos os testes, segundo a Lufthansa); uma perfeita peça de engrenagem; 4- ouviu, por toda a vida e toda parte, discursos com diversas variantes do “Só vale quem tem…” (poder, dinheiro e muito) e até,  provavelmente, os repetiu; 5-um dia, recebeu umas receitas (ou laudos) que soaram como um “fim de linha”; rasgou-os, tomando a decisão de não sair da vida anonimamente e sozinho: o NARCISISMO como se último e mais profundo “valor” (era um perfeito filho de sua época); 6-um outro dado (verificado) que precisa ser valorizado são suas respostas CÍNICAS E LACÔNICAS às orientações do piloto quanto à preparação para aterrissagem: “Tomara!”, “Veremos!”. O cinismo costuma ser o vestíbulo da morte. Quem sabe não havia aí uma expressão de“burn out”, muito associado ao cinismo?*; 7– por fim, o silêncio! Se “No início era o Verbo!”, no final haveria de ser A AUSÊNCIA DO VERBO, esse instrumento que nos fez, um dia, humanos. Se ele desse alguma resposta aos chamados desesperados, por pior que pudesse parecer, talvez o curso dos acontecimentos fosse outro. E se alguém tinha dúvidas quanto a se tratar de um ato terrorista, o “mudar todo o sistema” o confirma. Poucas vezes alguém esteve tão determinado em dar um fim a um certo mundo no qual vivia.

……………………………………CONTINUA

*O “burn out”, espécie de “incêndio” no qual se teriam queimado todos os projetos e sonhos de alguém que os investiu em um trabalho e sofreu uma enorme decepção, é uma boa via de compreensão, pelo menos de alguns aspectos do caso. Todos os dados apontam nesse sentido, inclusive o CINISMO muito típico. Mas não é absolutamente típico esse desfecho.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *