(Se suportou assédio por 5 anos, então, o que lhe falta é caráter)

Márcio Amaral

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NOTA: a saída de Levy confirma a impressão de que os grandes bancos internacionais (e nacionais…se é que isso existe) passaram a jogar todas as suas fichas no “impeachment”. Dizer, como fez Levy em sua carta de afastamento, que o “impeachment não era a primeira opção…” soou até um tanto absurdo…APARENTEMENTE. Afinal se há algo que um Min. da Fazenda (ainda mais um que se dizia “apolítico”) não deve fazer é comentar a possível duração do mandato daquela que o nomeou. Há uma inversão nisso, não? Sonha voltar com um outro “presidente”? Para quem era tido como muito educado, foi muito estranho. A não ser que exista ali uma confissão: fora mesmo um FIADOR/INTERVENTOR do FMI quando os bancos ainda apostavam na permanência de Dilma. Em consequência, podemos supor que sua aposta mudou. Agora é “Temer na cabeça”. Acho que andei antecipando alguns desses desfechos. Engraçado é que profissionais da imprensa sequer estranhem certos acontecimentos e falas. Vão acabar como MERVAL. Vamos criar um “ÍNDICE MERVALDE” (parodiando o ÍNDICE DA MALDADE criado por um psicólogo americano) para avaliar o grau de desonestidade de um jornalista na cobertura e análise de fatos políticos!?

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Há sempre múltiplas informações nas falas das pessoas, bem para além (e aquém) das palavras proferidas*. E quanto mais pomposas e artificiais são essas palavras, mais essas comunicações precisam ser destrinchadas. Nesse sentido, a primeira e OBRIGATÓRIA pergunta é: se TEMER foi tratado como “peça decorativa”, como aceitou esse papel por 5 anos? Sofreu “bulliyng” na infância e está apenas “repetindo”…muito “freudianamente”? Se tivesse caráter explodiria bem antes, como Aureliano Chaves (com Figueiredo). E se essa explosão (desabafo!!) fosse verdadeira, NÃO RESPEITARIA CONVENIÊNCIAS; nem passaria por conciliábulos e “mimimi” (“chororô” ou “nhemnhemnhem”, dependendo da geração). Há muitos trechos ridículos naquela carta, mas o que se refere ao Joe Biden foi demais. Sim! Não deviam tê-lo excluído, mas choramingar, na base do “Todo mundo vai ao circo, menos eu”…cá prá nós! Falar de amizade estreita com o Biden e ficar com ciúmes…Que papel! Que vá se queixar com o Biden… ou com o Bispo!!!

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Bem piores, porém, foram as aspas que ele usou em “ESPIONAGEM”. Quer dizer, então, que Temer não acreditou nas denúncias de E. Snowden e nos “5 OLHOS” que espionam todo o mundo?! Então, e segundo ele, não temos nada a TEMER? É preocupante. Revelou apenas querer ser um “amigo preferencial” dos USA. Já imaginaram um cara desses, com essa falta de senso de DIGNIDADE, no papel de PRESIDENTE? Uma vez capacho…, sempre…! Deverá repetir aquele Min. de FHC que tirou os sapatos no aeroporto americano para ser revistado…e era uma viagem OFICIAL. Quem nasceu para CAPACHO não consegue escapar ao destino. Pode até subir, mas somente por ser “NADA” e por não incomodar ninguém. Sobe no vazio moral de certos ambientes, como os urubus e as fragatas sobem no vácuo deixado pelas bolhas de ar quente. Um dia, entretanto, sonham mais alto do que deviam e, como Ícaros sem glória, quebram a cara. É quando toda a sua fraqueza fica exposta. Para ilustrar a situação, uma citação bem brasileira: “formiga, quando quer se perder, cria asas!”.

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ALGUMAS VARIAÇÕES SOBRE O “VERBA VOLANT…”

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Façamos uma brincadeira com o LATIM do “constitucionalista”: “verba volant; scripta manen” (“As palavras voam; os escritos permanecem”). Partindo da própria citação, o mais engraçado foi sua reclamação da divulgação da carta. Que escritos são esses que “Permanecem para a HISTÓRIA” (interpretação obrigatória) e, ao mesmo tempo, deveriam PERMANECER ESCONDIDOS? Não faz nenhum sentido. Só se, em vez de “SCRIPTA” ele queria dizer “CRIPTA” (caverna subterrânea). Então seria assim (desculpem o mau latim): “verba volant…IN cripta manen“. TRADUÇÃO: “As palavras voam…(cuidado com elas!)…então, que fiquem escondidas na caverna”. Pensando bem, Temer talvez seja um bom exemplo do “MITO DA CAVERNA”. Viveu nas sombras e entre sombras. A rigor, ele é a CAVERNA… Uma “CAVERNA NO PALÁCIO DO JABURU”. Ou um “JABURU NA CAVERNA”…Sei lá! Diga-se de passagem, não estou me referindo à sua mulher! Ela está longe de ser um JABURU! Querem um prova de que ele é nada mais do que um “SOMBRA”: arguido quanto ao porquê de ter assinado decretos de pagamento de 67 bi (sem aval do Congresso: uma das “razões” alegadas para o impedimento), disse: “…agi formalmente, em nome da Dilma”. Que coisa feia! Qualquer assinatura é pessoal.

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NOTA: é preciso ter a mente muito pequena e mesquinha para associar o VOAR DAS PALAVRAS  a algo pejorativo. Nas grandes rapsódias gregas (Odisseia, Ilíada) sempre que alguém fala de maneira a elevar os espíritos e o moral, essas palavras são chamadas “PALAVRAS ALADAS”. As do Temer são mesmo é “RASTEIRAS”

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Mas ainda tem mais: o tal do “VOLANT” pode querer dizer que ele cansou de ser o “trocador” e quer ser o motorista… “MICHEL QUER PEGAR NO VOLANT” (sem outras conotações e malícia). “Chega prá lá…Agora é minha vez!” (seria a tradução do espírito da sua carta a DILMA). E então, precisamos tomar cuidado pois pode “aprisionar a palavra” e “VOAR COM A VERBA”… Mas, no caso, ele seria o CERVERÓ que quase voou (literalmente) com a verba do Delcídio e do “André do PACTO”. E depois? Quem vai “pagar o PACTO”…o Banco?! Todos eles. Voltando ao sério, em algumas línguas, esse “volant” foi associado (especialmente no francês) ao ROUBAR:“Voleur” (ladrões também “voam”). Assim, a nova tradução da citação, baseada no “momento político brasileiro” poderia ser: “Rouba a Verba e Esconde na Mão…Grande” (Manu Magna). Eu, que já sou chato com os jogos de palavras e trocadilhos em português, acho que me tornei insuportável…mas a causa é boa.

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*Especialmente quando estão “se levando muito a sério”, há SEMPRE dois aspectos fundamentais na fala das pessoas: 1- estão tentando nos convencer, “levando-nos na esteira” do que (e como) estão pensando; 2- não escapam da avaliação e julgamento das SITUAÇÕES vividas (o ambiente e o momento em que se deu) e das suas muitas comunicações ali contidas. O que dizer, então, da LINGUAGEM aplicada?Essas últimas, para mim, são muito mais importantes do que a primeira. Até porque, com muita requência as palavras são usadas mais para esconder do que para esclarecer.