Arte e Cultura

UCRÂNIA: O QUE GANHAM A RÚSSIA E OS EUA COM A “GUERRA MORNA”?

urso(Uma coisa é certa: OBAMA e a U. Europeia são os grandes derrotados)
Márcio Amaral
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“Kerry argumentou que a crise não é um confronto entre Rússia e Estados Unidos, mas um confronto entre o Leste e o Ocidente” (AFPress, 03/3/14)
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Quem pode duvidar de que os EUA fomentaram a revolta na Ucrânia*? Se havia alguma dúvida, a “inteligência” russa flagrou uma conversa entre dois membros da embaixada norte-americana na Ucrânia desancando os representantes europeus—no momento mais agudo das revoltas em Kiev—por estimularem as forças mais moderadas e “consequentes” entre os revoltosos. Os pobres europeus foram chamados pelos piores palavrões existentes na língua inglesa! Além disso, quem liderava as “negociações” por parte da UE era a muito inglesa C. Ashton**, ou seja: uma “quase” representante dos EUA na UE. Só podia dar no que deu. Mas…quem sai vencendo e perdendo em todo esse jogo de GEOPOLÍTICA—palavra que deveria soar como um palavrão aos ouvidos pacifistas—no qual a vida das pessoas importa muito pouco?
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A princípio, parecia que a derrotada e humilhada seria a Rússia e que o ursinho choraminguento (e já bem piegas e cafona) de Sochi ganharia o rosto de Putin. Bem! O urso estava só hibernando, foi acordado e rugiu. A Europa tremeu e está tremendo até hoje! E então, com a invasão e tomada da Crimeia pela Rússia, o aparenteperdedor passou a ser os EUA, uma vez que a Rússia, sem disparar um tiro, reafirmou seu poder e transferiu o problema das divisões internas para o governo interino da Ucrânia. Logo, o povo do território a leste do rio Dniepper começará a boicotar um governo que não reconhece ou aceita e os problemas vão se agravar. Diante de tudo isso, a reação “Ocidental” foi um tanto ridícula: “Pedimos (!) à Rússia que respeite os tratados; “Vamos boicotar a reunião do G8 em Sochi, etc.. Melhor foi a declaração de Ban Ki Moon (cara de lua e no mundo da lua): “Fiquei muito decepcionado com a atitude do Putin”. Vamos lhe dar um ursinho “à Sochi” para ele brincar. Fizeram cócegas no enorme urso russo, agora aguentem. Só faltaram os protestos do Papa para Putin perguntar, a exemplo de Stálin, de quantas Divisões ele dispõe.
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"SVOBODA: partido de extrema direita que tomou o poder na Ucrânia"
“SVOBODA: partido de extrema direita que tomou o poder na Ucrânia”

Seriam, então os EUA os grandes derrotados, desmoralizados do ponto de vista da capacidade de enfrentar militarmente seus inimigos? Não! Apenas os “falcões”—do seu Congresso e do aparelho de segurança—agora tomaram o comando e Obama se perdeu. O que vem acontecendo era por eles buscado, embora tudo esteja “saindo melhor do que a encomenda”. Quanto amadorismo de Obama e sua equipe! Como imaginaram que a Rússia aceitaria tudo aquilo sem recorrer à força bruta? O próprio Putin, logo depois da invasão, propôs um “acordo tácito” aos americanos de uma nova divisão do mundo. É o que vai acabar acontecendo, passada a fase mais crítica.Não nos enganemos: os dois grandes inimigos da humanidade se entendem e se respeitam. Falam a mesma linguagem e nunca se refizeram totalmente do fim da guerra-fria. Obama, por sua vez, e por não ter enfrentado seus inimigos internos, acabou por ilustrar o ditado chinês: “Se você tentar montar nas costas de um tigre, provavelmente vai acabar na sua barriga”. O ditado parece válido também para URSOS, ÁGUIAS e FALCÕES.

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Conseguiram requentar a “guerra-fria”! Logo voltaremos às “zonas de influência”: quintais onde cada um dos dois faz o que quer. A Venezuela que se prepare e o Brasil que se precavenha. Assim funcionam aquelas mentes nada humanas***. Sua política internacional mistura dois aparentemente inocentes “joguinhos juvenis” (daqueles que “fazem a cabeça” de um povo desde cedo): “BANCO IMOBILIÁRIO” (“Monopoly”) e “WAR”. Em 2008, o “monopoly” jogou milhões na “rua da amargura”; desde o Afeganistão/Iraque, o “WAR” vem matando às dezenas de milhares: da Síria à Ucrânia, passando pela Líbia.  Quem sabe não há também, em tudo isso, um recado para a China, aquela que os EUA verdadeiramente temem, pois logo o superará em PIB e tem avançado muito em termos de tecnologia? Essa talvez seja a grande ironia contida na situação: resultará uma espécie de acordo tácito entre as duas potências (Rússia e USA) contra todas as outras forças que possam ameaçar seu poder em suas respectivas áreas de influência.

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"O SVOBODA e as ligações perigosas da Europa!"
“O SVOBODA e as ligações perigosas da Europa!”

E a U. Europeia? É, juntamente com Obama (e os “Trapalhões” que o assessoram), a grande perdedora na história. Vai ficar com um grave problema enorme em suas fronteiras e sem instrumentos para intervir. “De quebra”, e por conta de uma falsa ameaça russa, ficará mais submissa aos EUA. Muito significativamente, o Chanceller Russo (Lavrov) aceitou dialogar com a UE apenas e depois de se reunir com J. Kerry. Pobre UE! Está mais desmoralizada ainda (se é que é possível), pois os grupos que tomaram o poder na Ucrânia não a respeitam. Quando será que a UE vai se dar conta de que precisa se libertar dos EUA? Sua aproximação com a Rússia—inevitável, do ponto de vista econômico—também era fator de incômodo do outro lado do Atlântico. Mas não pensem que, ao falar na sua desmoralização, estou me referindo a uma fraqueza bélica. Não! Que o povo europeu está cansado de guerras e ensaia algum pacifismo, sinto-o profundamente. Inaceitável é que seus governos permaneçam eternamente caudatários da força mais belicista que já existiu na história. Será que não estranham as palavras de Obama: “A Rússia está do lado errado da História”? Não percebem nessa sentença a fonte de todas as ditaduras e impérios? Quem seria o novo condutor (“Füeher”) desse “bonde”? Obama certamente que não! Falar em ilegalidade, quando invadiram o Iraque sem autorização da ONU? Condenar referendo separatista, quando fizeram o mesmo em Kosovo e nas Malvinas?

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Disse o Primeiro Ministro turco—esse mesmo Erdogan**** que ainda está por lá e cujo poder os EUA também querem solapar— durante primeira crise Irã/Israel: os americanos são mestres em ir para as zonas de tensão, criar confusão e, depois, deixar os problemas para os outros resolverem. Seria necessário listar os exemplos? Felizmente, e com a providencial intervenção brasileira pela paz, aquele virtual bombardeio nunca aconteceu (NOTA: Agora, até Netaniahu está marcando data para bombardeio do Irã, certamente escudado pelos “Falcões” e visando a desmoralização de OBAMA. Parecem-se com o ratinho da piada: um bandoleiro do “oeste” entra em um “saloon”, vai pedindo doses de uísque e dando tragos a um ratinho que tem na lapela. Depois de um tempo, saca dos revóveres e começa a atirar, dizendo que não vai pagar, etc. O ratinho, então, bota a cabeça de fora do bolso e grita: “E tem mais! O gato desse bar é bicha!”). Os acordos hoje assinados por lá repetem os termos do que foi proposto na ocasião por Turquia e Brasil. Um dos nossos maiores desafios continua a ser preservar a América Latina livre desses jogos de geopolítica. É assim que deve ser entendida a manchete do artigo do “The Economist” tentando “chamar o Brasil” a exercer liderança na ASul…à maneira deles, é claro! Querem por que querem que sejamos seus capatazes por aqui. O PSDB certamente aceitaria esse papel.

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*As relações entre a extrema direita ucraniana e o Part. Republicano são muito íntimas: Em 5 de dezembro de 2013, na Conferência da Fundação EUA-Ucrânia, Victoria Nuland (secret. assistente de Estado) declarou que Washington havia investido 5 bilhões de dólares para “desenvolver habilidades e instituições democráticas” na Ucrânia. (OPERA MUNDI, “Ucrânia: Os Laços indiscretos entre os EUA e os neonazistas”)

**Todos sabem que a GBR é uma espécie de cunha colocada pelos norte-americanos para dividir a UE. Bem…a palavra Inglaterra deriva de “ÂNGULO” e ela está cumprindo bem o papel. Com a nomeação daquela mulher para negociar paz as coisas só poderiam mesmo ter ficado muito feias.

**Que Erdogan não tem nada de democrata não restam dúvidas, mas os “estímulos para desenvolver habilidades e instituições democráticas” também já começaram por lá. Recentemente, foi inventada uma certa “escala de fragilidade dos países emergentes”. Apenas mais uma para acuar países. Em primeiro lugar: Turquia; em segundo: Brasil, depois de Índia, Indonésia, A do Sul!“Fala Sério!”. E a GNews se prestou ao papel de divulgar isso com pompa e circunstância! “É uma escala séria, com critérios e ítens de pontuação…”, disse um certo Dony de Nuccio. Vivem declarando amor ao Brasil, mas o que amam mesmo é o dinheiro.  Quem também se deu mal na cobertura dos acontecimentos foi “o nosso comentarista de política internacional”, D. Magnolli. Como que montou um “joguinho” em sua própria cabeça, inventando uma Rússia que simplesmente não existe e ainda teve o desplante de dizer o que seria melhor para a própria Rússia. “Fala Sério”!

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