Arte e Cultura

UM BODE…E…UM PYER…NA SALA?

(A GMÍD DELIMITANDO ALGUNS “PLAY-GROUNDS PARA PROTESTOS”?)
Márcio Amaral

NOTA: é bem conhecida a anedota criada pelos meios de divulgação ocidentais (contra o governo soviético): um grupo foi reclamar aos comissários do partido por achar que havia gente demais morando em um mesmo apartamento. Providência: mandaram um bode para para ficar na sala por uma semana. Quando da sua retirada, todos acharam a casa muito espaçosa. O paralelo feito nesse texto não é perfeito, mas a alegoria do bode é imperdível.

Todas as formas de ilusionismo se baseiam na combinação de movimentos expressivos com uma das mãos, enquanto a outra realiza, verdadeiramente, o truque. As manobras de despiste são essenciais para qualquer mágico; talvez seu elemento principal. Como nós, seres humanos, somos enganados facilmente! Nunca ninguém verá um mágico maneta, pelo menos daqueles que realizam “mágicas de mesa”. Das muito espetaculares…Por essas não me interesso, pois apenas trazem para os palcos os enganos induzidos no cinema, sem qualquer talento especial associado, além do espalhafato e “comunicação”. Aliás, essa talvez seja a palavra cujo significado foi mais estropiado na história da linguagem humana*.

A GMid tem sido uma excelente ilusionista: enquanto estamos todos preocupados e nos iludindo quanto ao impedimento do “Pier em Y” e da “venda do Maracanã” a Eike Batista, tanta coisa deve estar “passando” por aí! Quantos GOLPES OLÍMPICOS estarão se armando?! Um dos piores deles, aliás, relacionado à mentira do GOLFE OLÍMPICO: “Pobre quando vê esmola grande desconfia” e “Laranja madura na beira da estrada…”. Estava tudo tão óbvio, especialmente em relação ao Pier em Y; era tão evidente que aquilo não passaria, que eu pensei: “É manobra!”. O “Bode na Sala” era grande demais para não ser visto. Enquanto ficamos alegrinhos com sua “expulsão” e comemoramos as “grandes vitórias da mobilização popular”, talvez eles riam à socapa de nossa ingenuidade.
..
E QUE MANOBRA! Parecia tudo já tão “arrumadinho”; todo o material de ataque já tão “preparadinho”; o navio tão “grandinho”….que meu senso identificador (ou inventor) de conspirações logo se atiçou. E o Maracanã?! Huuum…! Elke Batista…. Logo ele, tão demonizado…! O perigo é que fiquemos satisfeitos com uma possível (e já prevista) “não privatização” do Maracanã, enquanto, à maneira da EBSERH, fazem com que o público sirva ao privado. Tenho a impressão de estar tudo preparado para dar a ilusão de que os movimentos populares teriam conseguido outra grande vitória. Enquanto isso, o que verdadeiramente interessa (para eles, é claro) vai passando…passando…! Então, me convenci e desenvolvi um método: considerando que a “GMid é o Grande Mal” (ver texto neste mesmo blog) moderno—pois é a porta-voz das grandes corporações que exploram, sem limites, os povos e nações de quase todo mundo– -precisamos desconfiar de todas as suas campanhas. A próxima tarefa passa a ser, então e sempre: decodificar que interesses estão sendo jogados em cada uma das suas manobras, especialmente quando fazem uma sequência de reportagens sobre o mesmo tema.
….
E o “Play-Ground do Protesto”, especialmente dirigido para os artistas mais velhos? É um “play-ground” muito bem delimitado e conta com o concurso e manipulação dos grandes artistas que, um dia, lutaram bravamente contra a ditadura militar. Cada um deles “pega” um protesto de bastante apelo midiático–daqueles que interessam especialmente à classe média mais alta—e faz uma camisa temática, encenando um movimento. Pronto! A aparência da rebeldia está salva. Nossos antigos líderes não repararam que, nos dias que correm, ESTÃO DANÇANDO A MÚSICA QUE A GMid TOCA e que o mal maior mudou de tática e tirou o uniforme…militar. Nossos grandes artistas do passado cresceram tão ligados à mídia, que estão como uma espécie de Jonas bíblico: no ventre da baleia, sem sequer se dar conta disso. Estão mais se parecendo com o Marte, cansado e d ecadente, pintado por Velasquez quando já se podia sentir a decadência do Império Espanhol no mundo. Todos nós, sem que o reparemos, acabamos dançando segundo os acordes da GMid! Quantas vezes ouvi, entre nossos amigos e até correligionários, diante de uma mobilização popular qualquer: “Será que a gente não consegue alguma coisa na mídia?”. Mas…se a mídia é o problema; se tudo nela é pautado—dos esportes às colunas sociais—e se os jornalistas foram os primeiros a perder a sua própria liberdade de expressão…quem poderá nos defender senão nós mesmo? E, quem sabe, Chapolin Colorado?

Dos compositores que capitanearam a grande batalha cultural contra a ditadura, G. Gil era o único que parecia manter uma independência olímpica e cheia de dignidade em relação aos Governos (depois de seu afastamento) e à GMíd. Agora, tudo parece estar mudando. Será que não vê que seu compartilhamento de palco com Steve Wonder, em um “show” na passagem de ano em Copacabana—com os muitos milhões de reais de cachê anunciados—vai servir para coonestar uma aberração? Os artistas mais famosos estão como que “viciados em GMid”. Para os menos famosos, haja “Lei Ruanet”! Efetivamente, não há de ser mais com o apoio deles que a luta política e cultural brasileira vai contar. Está mesmo, em curso, um processo de trituração dos ícones libertários do passado. Até a imagem do maior deles, Oscar Niemeyer, foi usada (pouco antes do seu falecimento) pela dupla C abral/Paes para fazer propaganda de seus governos no Metrô. Não me pareceu razoável esse uso da imagem de um homem tão ligado ao interesse público por gente tão contrária a esses mesmos interesses. O “passeio” com seu caixão por Brasília, aliás, pareceu-me uma aberração, além de um tanto mórbido.

Por fim, o maior jornal da REDE parece incomodado com as críticas que recebeu pelo “slogan” “Muito Além do Papel de um Jornal” (certamente um projeto de poder e de riqueza). Agora, em um grande esforço de auto-louvação (depois de ganhar o “Prêmio CABORÉ-2012″***), voltou a escrever a frase, só que um “pouquinho” modificada: “…continuar merecendo hoje e sempre ser mais do que um jornal, ser o jornal…”. Parecem ter esquecido o dito “Se você caiu em um pântano, fique quietinho, senão vai afundar mais rapidamente”. A emenda pode ter saído pior. Efetivamente, aqui pelo Rio, conseguiram “engolir” todos os veículos de comunicação, tornando-se “O JORNAL…”ÚNICO. Quem sabe não estão tentando fazer o mesmo em todo o Brasil: tornar-se uma espécie de “PRAVDA” das elites?

*Foi, certamente, a associação do complemento “…de massas” que estragou toda a beleza da palavra COMUNICAÇÃO. Massas foram feitas para manipulação, sejam de pessoas, pão ou macarrão. O maior desafio, aliás, das “vanguardas” modernas, parece-me ser exatamente espicaçar as pessoas, de maneira a que desenvolvam seu próprio, e totalmente individual, senso crítico. Foi-se o tempo dos “Führer” (“condutores”, só para bondes), dos “Grandes Timoneiros” (melhores para navios), dos “Comandantes” (melhores para tropas), “Duces”, “vanguarda Leninista”, e assim por diante. Zaratustra era um profeta muito diferente: não gostava que acreditassem muito nele!

**E um jornal da “REDE” (O “EXTRA”), ainda teve o displante de chamar o show de gratuito! Será o gratuito mais caro da história. Sempre que vejo essas quantias astronômicas, especialmente no futebol, suspeito de lavagem de dinheiro sujo, além de um rateio entre os promotores dos acontecimentos, contra o interesse público. Não há espaço para que os artistas aceitem o papel de “santo de prostíbulo”: colocados em pequenos altares, lá em cima e olhando para cima, de maneira a não ver o que se passa embaixo.

***Quem,por acaso, sabe a origem desse “prêmio”? Está mais para “CABARET” (L.Minelli: Money…money…money). Talvez “CABOTINO É”. Pensando bem, aliás, se fossem mesmo “O JORNAL”, não estariam tão preocupados com prêmios, uma vez que seriam “hors concurs”. A propaganda, por falar nisso, mais parecia de cosméticos do que de um órgão de informação. Como dizem os nordestinos: “elogio, em boca própria, é vitupério”. Agora vejam o que é a imprensa investigativa entre nós: há cerca de duas semanas, houve um incêndio, ao que tudo indica criminoso, no Ginásio do Flamengo. Colunas de fumaça encheram o Leblon/Gávea, e até vídeo de um suspeito tinham. Dois dias depois, o assunto desapareceu do noticiário. E as autoridades? Não vão dar qualquer satisfação à sociedade?

Minuta do Contrato

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *