Durante cinco dias, cerca de 1100 pessoas participaram de 57 atividades que ocuparam os espaços do IPUB e o território da Praia Vermelha, reunindo práticas e saberes diversos. Atividades musicais, oficinas, rodas de conversa, exposições, exibição de filmes, apresentações artísticas, aulas abertas e mostra de pôsteres integraram a programação, compondo um panorama vibrante do que o IPUB produz no ensino, pesquisa, extensão e cuidado.

O Instituto de Psiquiatria da UFRJ realizou em outubro, a Semana de Divulgação Científica e Cultural – IPUB: O que podemos fazer juntos? Contribuições do Ensino, Pesquisa e Extensão para a promoção da saúde mental. O evento ocorreu para celebrar o Dia Mundial da Saúde Mental, que em 2025 teve como tema central – Comunidade: Apoiando o Bem-Estar Mental Juntos.
Promovida pelo Setor de Memória, Arte e Cultura (SeMAC) do IPUB e pelo Centro de Cultura e Convivência Praia Vermelha (CECCON), a Mostra teve como objetivo divulgar e coletivizar o conhecimento produzido no IPUB-UFRJ. O Evento procurou estabelecer um canal de comunicação entre a universidade e a sociedade, de modo a propiciar o debate, o compartilhamento de saberes e a produção de novos conteúdos sobre saúde mental – uma zona de convergência entre história, ciência, arte e cultura.
Um IPUB que se encontra na diversidade
Ao abrir suas portas, os diversos setores do IPUB puderam compartilhar suas práticas, criando um espaço de troca e convivência. O pátio e as enfermarias se tornaram palco de apresentações, práticas corporais, rodas de conversas, misturando saberes e experiências. Havia um entusiasmo e – por que não dizer? – um certo encantamento e curiosidade com as propostas apresentadas, expressado nos corredores da instituição por uma vontade de saber mais, de promover pontes entre os setores. “Por que não fazemos mais isso?” foi uma pergunta recorrente durante a Mostra.

O que produzimos juntos?
Foram apresentadas 57 proposições, sendo 14 proposições artísticas, 14 oficinas práticas, 9 rodas de conversas, 12 aulas abertas e conferências, 8 apresentações de posters.
Durante a semana tivemos contabilizados 1047 participantes nas atividades, distribuídos na seguinte proporção:
| Profissionais IPUB | 258 |
| Estudantes | 446 |
| Usuários | 211 |
| Familiares | 32 |
| Público Externo | 61 |
| Categoria não identificada | 47 |
Proposições artísticas
Foram apresentadas 14 propostas de cunho artístico e cultural. Entre os destaques, o “Baile na Ciência” reuniu adolescentes do CAPSij CARIM em batalhas de rima e poesia, além de baile funk e roda de capoeira na Casa da Ciência/UFRJ.


Os Cancioneiros do IPUB, comemoraram seus 29 anos de rock antimanicomial com um show no Átrio do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. O Espaço de Convivência PROJAD também participou com a oficina “Em Movimento”, que une exposição artística de conviventes e treino de Capoeira Angola com o grupo Ngoma.




O grupo Loucos por Teatro também esteve presente com a apresentação da peça “Eu aprisionado”. A Musicoterapia mostrou sua força com a apresentação de diversos projetos: Andanças, ComuniMúsica e encerrou a semana com o projeto Toma essa canção como um beijo.






Cinema e narrativas
O auditório da Casa da Ciência recebeu a exibição do documentário “Cuidadoras”, dirigido pela jornalista Fernanda Berlinck em parceria com o Projeto Mulheres Cuidadoras na Atenção Psicossocial, obra que retrata de forma delicada histórias de mulheres cuidadoras.
A mostra também apresentou o curta “Bem-viver e o Bem-dizer: Escutas e Vozes Tranfluentes”, produção da Universidade Indígena Aldeia Maraka’nà, que traz depoimentos sobre saúde mental, território e cultura, intercalados por rodas de canto e registros audiovisuais.


Oficinas e práticas integrativas
Foram realizadas 14 oficinas práticas durante o evento. A oficina “Roda de Tambores na Promoção de Saúde” propôs reflexões sobre tradições rítmicas latino-americanas como recurso terapêutico decolonial. O projeto de extensão PROAPTIVA – Idosos e Práticas Integrativas discutiu a importância da atividade física para a saúde mental de pessoas com transtornos e cuidadores. Outras atividades incluiram aulas abertas de Hatha-Yoga e meditação, oficinas de dança para mulheres, de horta culinária, assim como a oficina “Papo de Dinheiro”, voltada à educação financeira e à autonomia de usuários em contextos de renda limitada.






Rodas de conversa e afeto
As rodas de conversa foram um dos pontos altos da Mostra. Foram 9 rodas de conversa, de temas variados, que propiciaram um espaço interativo de escuta, troca e acolhimento coletivo. Entre elas destacamos “Rodas de Afeto: O que sustenta uma família?” atividade inspirada na prática da Terapia de Família, que convidou o público a refletir sobre os vínculos familiares e comunitários na promoção da saúde mental; o movimento Ouvidores de Vozes/Intervoice que compartilhou suas experiências sobre cuidado; a Roda de Saúde Mental Estudantil promovida pelo Diretório Acadêmico Dona Yvonne Lara (IPUB); a Roda de conversa Cuidado de crianças e adolescentes, que reuniu trabalhadores da RAPS; e a Roda de conversa Entrelaços: Grupo de Pares, que compartilhou a experiência do grupo de pares, constituído desde 2013, atuando na cidade do Rio de Janeiro.




Aulas Abertas
Um dos destaques da Semana de Divulgação Científica e Cultural foi a possibilidade de abrir para o público externo alguma das aulas dos diversos cursos ofertados pelo IPUB. Também foram realizadas conferências especificamente para a Mostra, como a Conferência Saúde Mental Coletiva e Bem Viver: uma aposta contracolonial, proferida na abertura das atividades pela professora Flávia Fernando; a Conferência Lima Barreto e o Hospício dos Alienados: quando o paciente descreve os psiquiatras, realizada pelo professor Manoel Olavo Teixeira e as aulas Bipolaridade e criatividade e O delírio de ciúme de Bentinho em ‘Dom Casmurro”, de Machado de Assis proferidas pelo professor Elie Cheniaux que procurou estabelecer relações entre arte, literatura e questões da saúde mental à luz da psicopatologia, psicanálise e psiquiatria.



Conclusão
A Mostra IPUB 2025 foi marcada pela participação ativa do Corpo Social do Instituto, que, com criatividade e envolvimento, deu forma a uma programação diversa e vibrante. A iniciativa revelou a pluralidade das ações que compõem o IPUB e o desejo de maior integração entre seus setores. Nossa expectativa é que a Mostra passe a integrar o calendário anual da instituição, fortalecendo a articulação entre ciência e arte para a promoção do cuidado em liberdade.


