Arte e Cultura

LULA: A OPORTUNIDADE QUE OS CONSERVADORES PERDERAM!

(“O VERDE OLIVA E O NEGRO”: militares substituídos pela “JUSTIÇA”)
Márcio Amaral, vice-diretor IPUB
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NOTA: Quando Temer disse: “…os brasileiros têm atração pelo autoritarismo” falava apenas por ele mesmo e por aqueles a quem serve (como um capacho) há muitas décadas! Tê-lo dito em ITU, onde os Barões do café se reuniram contra IMPÉRIO (1873), e na comemoração do PRIMEIRO GOLPE MILITAR da nossa história, é quase uma confissão. Pedro II era um empecilho aos seus desmandos e estava em franca oposição aos interesses dos falsos republicanos. Algo de muito parecido se deu no final da I. MÉDIA quando os chamados “BARÕES LADRÕES” (W. Durant, “História das Civilizações”) enfrentaram o poder central da Monarquia francesa que tentava limitar suas ações criminosas. Por isso o tal movimento “republicano” se radicalizou logo após a publicação da “LEI DO VENTRE LIVRE” (1871). A verdade ESCRAVAGISTA recoberta por um fino verniz “republicano”. Daí às “vivandeiras” passarem a adular e seduzir as fardas…apenas um passo. Juntem-se a isso os padres e os dias de um IMPERADOR, amado pelo povo e profundamente democrata, estavam contados. É o que vem acontecendo desde então! Tanto “BARÃO LADRÃO”!
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Falamos muito nos possíveis males que a ditadura militar teria causado às mentes brasileiras e ao país em geral, mas não nos demos conta de que o maior deles se deu em relação à mentalidade das próprias elites econômicas brasileiras. A rigor, nada mais do que a reprodução”ad nausean”do que se passa entre nós desde o primeiro golpe militar contra PEDRO II. Aconchegados à “segurança” conferida pelos militares, aquelas elites nunca se deram a trabalho de tentar convencer os explorados de que seu poder:“…é importante para o próprio país; que, no fim, todos haverão de se beneficiar com a melhoria da vida, especialmente a partir dos milagres da tecnologia, etc.”. Em verdade, nunca aprenderam a fazer POLÍTICA. E assim, depois do ensaio de um poder civil canhestro e CORRUPTO (a “privataria tucana”o comprova), ao primeiro teste e ameaça ao seu próprio uso desonesto do Estado, não tardaram a recorrer ao mesmo discurso de ódio cujo maior protagonista, em outros tempos, foi C. LACERDA. Havia que apear do poder as pessoas com as quais essa elite não se identificava (para dizer o mínimo), custasse o que custasse. Dessa vez, porém, as cores mudaram: a violência não mais viria sob a farda VERDE OLIVA, mas acobertada pela TOGA PRETA de uma “Justiça” toda ela dirigida à preservação de seus (dela mesma e da maioria dos seus membros) interesses de classe.
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“WE ALL ARE SÉRGIO MORO”
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As coisas poderiam ter seguido muito bem (para eles mesmos), caso mantivessem apenas a manipulação e a desmoralização de LULA executada descaradamente pela MÍDIA GLOBAL. Arrastados,entretanto, por um ódio insanável; inspirados por um juiz de perfil francamente FASCISTA, “perderam a mão” como diz o povo. Até por MEDO, decidiram esmagar o “verme” que os ameaçava…se possível (quem sabe?) fisicamente. O que se passou com D. Marisa, vítima direta dessa sanha odienta, é uma comprovação da intenção. E foi então que os ventos começaram a mudar! Nosso povo tem aversão a esse tipo de ódio. Apesar dos muitos milhões de tolos que vestiram amarelo e tomaram as ruas com faixas do tipo “WE ALL ARE S. MORO”, aquele ensaio fascista foi desmoralizado. A desaprovação silenciosa àquela palhaçada—por parte de muitos mais milhões—tornou-se óbvia. Passeei por entre aquela turba que saudava helicópteros como quem espera PAPAI NOEL e quase não vi jovens entre eles. Deviam estar chocados com o “MICO” que seus pais estavam “pagando”.
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“NÃO SE FAZ ISSO COM UM ÍCONE DO POVO!”
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Eu…que ainda não votei no LULA; que não suportava mais o governo do PT e seu uso da SAÚDE como moeda de troca nas “negociações pela governabilidade”; que me ofendia e rebelava contra sua tentativa de impor às UNIVERSIDADES (e seus HUs) uma EMPRESA de franco matiz privatista, subitamente, diante daquela mal fadada “condução coercitiva”, fui tomado de um mal estar indescritível. Estávamos em uma segunda-feira e eu vi muitas pessoas em Copacabana comemorando a prisão de LULA. Estava em curso uma peça de propaganda em função de manifestação de feitio FASCISTA programada para o domingo seguinte…A Justiça estava sendo usada para uma BAIXEZA, capitaneada por um juiz ávido por notoriedade. Naquele momento, eu, que nunca fui um “lulista ou petista”, senti profundamente que a defesa do DIREITO de LULA a uma investigação e julgamento justos passara a ser a questão primordial na luta política de todos os democratas que se prezam no Brasil: aqueles que não se deixam levar por ódios. No sábado seguinte, disse aquela frase lá de cima aos meus amigos de vôlei de praia, alguns deles não somente de DIREITA, mas militares reformados. E disse um pouco mais:“Vs vão trazer o Lula de volta! Ele e o PT estavam por baixo, quase definhando; vs vão se encarregar de trazê-los de volta ao protagonismo”. Ouvi horrores, fui-me embora, e as amizades se abalaram seriamente. É essa tese que vou tentar aprofundar aqui: tentar demonstrar aos conservadores brasileiros (não necessariamente “de DIREITA”) que, fora da política e do respeito às pessoas e a seus direitos, haveremos de ficar oscilando eternamente, como um pêndulo, entre a DIREITA golpista e o POPULISMO canhestro.
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COZINHAR LULA EM FOGO BRANDO…
…Teria sido tão fácil! Os membros do PT, suas alianças, traições a antigos princípios e desmandos, forneciam um farto material para que se fosse minando a popularidade de LULA inexoravelmente; tudo isso sem manifestar ódio frontalmente a ele e SUA FAMÍLIA (Que indignidade!). E que ódio! Mortal e aversivo para a gente simples do povo. Seria suficiente bater permanentemente na tecla da sua RESPONSABILIDADE direta por tudo aquilo, sem que tivesse (ele mesmo e sua família) participado diretamente da corrupção. Ao que tudo indica, aliás, essa sua eventual corrupção direta NÃO ACONTECEU, ou então os procuradores são uns incompetentes. Bastava mostrar a incapacidade do ex-presidente: para controlar aqueles que o cercavam ou aplicar uma política diferente em outro momento, enfatizando o risco de que tudo aquilo tornasse a acontecer. Seria muito mais efetivo e ninguém poderia acusar os investigadores de manipulação: afinal, os desvios ocorridos nos governos de LULA, por muitos de seus correligionários e por aliados, estão mais do que comprovados. Como negar sua intimidade com os ODEBRECHT e com Eike Batista? Para a desmoralização de um ex-presidente, isso seria suficiente.
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SERIA NOSSO POVO TÃO PASSIVO QUANTO O ACUSAM?
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Em função da nossa mentalidade um tanto irresponsável de classe média, costumamos acusar a gente simples do povo por não se indignar como nós nos indignamos (!!!). Eis uma forma de NARCISISMO muito perigosa! Aprendi a desconfiar dos grandes movimentos que se dão sem alguma clareza ideológica. Costumam descambar para o FASCISMO. A esses inconformados com o povo lembro alguns dados (independentemente de se gostar ou não de LULA): mesmo com TODA a G. MIDIA…e a pequena também…martelando por anos suas cabeças; deformando dados e avaliações, aquela gente do povo cada vez mais está declarando apoio ao muito ENXOVALHADO LULA. É isso uma forma de RESISTÊNCIA popular…ou não? Os inimigos têm ido ao desespero com essa situação…já nós…se não houver quebra-quebra de rua e revolta (ainda que não dirigida e meramente destrutiva; daquelas que a DIREITA adora) atacamos aqueles que deveriam ser nossa referência para tentar alcançar. Esse silêncio DESAPROVADOR da gente simples foi muito bem captado por F. Gullar em poema sobre GREGÓRIO BEZERRA: “…Estava certo Vilock (Coronel que o prendeu)/Que o povo ia cooperar/Para em plena praça pública/O comunista enforcar/Mas para seu desespero/O povo não o apoiou/Aos seus apelos de “ENFORCA!”/Nenhuma voz se juntou/Um silêncio insuportável/Sua histeria cercou/…A solidariedade humana/Como uma flor despertou…” (“História de um Valente”, com esse trecho censurado na INTERNET)

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Já Dilma, foi mais uma vítima nesse processo do que artífice: herdou “alianças” que nunca soube conduzir, e isso não a deslustra nem um pouco. Cometidos os ABUSOS contra LULA e sua FAMÍLIA (Que indignidade!) por aqueles que deveriam ser os maiores responsáveis pelo impedimento de qualquer ABUSO (JUSTIÇA!), a discussão mudou de rumo. Agora são o juiz e a “força tarefa” que estão sob suspeita. Afinal…como condenar alguém sem provas cabais e indiscutíveis? Por isso mesmo, ficarão marcados para sempre. Com o passar do tempo, serão olhados da mesma forma que os jurados responsáveis pela condenação de Sócrates: quando chegavam aos banhos públicos, a gente do povo simplesmente saía da água e ia embora (Montaigne, ENSAIOS). Muitos se suicidaram; outros se condenaram ao exílio. Bem, aquele juiz paranaense confessou adorar os “SUPER HERÓIS” do NORTE. Quem sabe não encontrará alguma “super ação” inspirando-se em algum deles?
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