Temas e Controvérsias

CNRM E A R. MÉDICA NO HUCFF: INTERVENÇÃO NEBULOSA!

(É possível confiar em boas intenções e aplicação de PRINCÍPIOS?)

HucffFui membro da direção da CEREMERJ por muitos anos e participei das visitas que resultaram na colocação em diligência (implicando suspensão de seleções e entrada de novas turmas, dentre outras coisas) dos PRMs da S. Casa e do IASERJ. Conheço bem essas situações e sei como são dramáticas. Caminhamos, nesses casos, entre 2 possíveis graves erros:
1– a responsabilidade por autorizar entrada de MRs em serviços sob risco, nos quais MRs ficariam por, em média, 3 anos sem a certeza de que um mínimo de preparação seria oferecida;
2– ficar prisioneiro a um falso “IDEAL” (desconhecendo a grave situação do país, em geral) e, com isso, matar serviços que vinham fazendo um esforço enorme para sobreviver, enfrentar uma crise e…CRESCER (como parece ser o caso de HUCFF nos dias que correm). Acertar, nessas situações muito dramáticas, costuma implicar:
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Caminhar entre 2 erros, fazendo correções de rumo permanentes e tentando ficar mais longe daquele ERRO QUE TERIA PIORES CONSEQUÊNCIAS.
Por isso, eu não tinha nenhuma dúvida: o erro mais grave seria A PUNIÇÃO E FECHAMENTO de PRMs nos quais identificávamos um INVESTIMENTO dos responsáveis por ele. É o caso do HUCFF desde a entrada de uma nova direção, ao que tudo indica.
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ESTARIA A CNRM MANCOMUNADA COM A EBSERH?
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Gostaria muito de acreditar que, ao colocar os PRMs da HUCFF sob diligência, a CNRM teria sido movida por bons PRINCÍPIOS e não por interesses inconfessáveis. Afinal, aquele HU esteve por muitos anos em condições muito precárias; consideradas mesmo por muitos insuficientes para a preparação de MRs em alguns de seus serviços. Um breve olhar para o quanto aqueles PRMs eram, em outros tempos, a primeira escolha dos que tinham ido melhor nas provas deixando progressivamente de sê-lo é suficiente para indicar a decaída no seu prestígio e qualidade. Sendo assim, eu mesmo me surpreendia (na medida em que não podia participar das visitas, considerando minha ligação com a UFRJ) de que não houvesse alguma crítica mais contundente de visitadores; daquelas que obrigariam a uma reflexão. A verdade é que os médicos são muito corporativistas e costumam viver em um certo apadrinhamento mútuo. E como eu fiquei antipatizado somente por estabelecer um PRINCÍPIO nas visitas! Essas se iniciavam, quase sempre, por uma visita de “cafezinho e biscoitos” às direções, onde éramos “alertados, preparados e amaciados”. Só então passávamos à reunião com os MRs. INOVAMOS: as visitas de que participava se iniciavam pela reunião com os MRs… depois de um breve cumprimento aos diretores, é claro. Antipatia não era necessária; apenas dar prioridade àqueles que, de alguma forma, “recebiam os serviços” e que tinham muito a dizer e, eventualmente, reclamar. “Armados” dessas informações, nossa reunião com as direções se tornavam muito mais produtivas.
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A NOTA DA REITORIA UFRJ
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Nossa Reitoria, como de hábito, emitiu uma nota muito esclarecedora e equilibrada a respeito, na qual situou bem sua dificuldade de compreender como uma decisão de consequências tão graves recebeu um parecer: “…de natureza genérica, sem especificar quais deficiências deveriam ser corrigidas…num prazo de 120 dias. Esse parecer foi aprovado em reunião da CNRM no dia 13 de dezembro e a comissão decidiu colocar o hospital em diligência, justificada por argumentação não demonstrada…”. Isso é absolutamente inaceitável, sugerindo fortemente que a decisão já deveria estar tomada por antecipação. De novo são PRINCÍPIOS que devem nortear qualquer decisão de um órgão público e outros. E quais PRINCÍPIOS regem a RM? Como se aprova e permite o início de um PRM e o que se exige para que ele continue a funcionar? Nesse sentido há 3 PRINCÍPIOS BÁSICOS:
1- haver uma demanda populacional e de pacientes para a região.
2- haver condições físicas para acolher bons serviços e dar um mínimo de conforto promovendo boa assistência e FORMAÇÃO
3- haver pessoal qualificado para oferecer FORMAÇÃO aos novos médicos.
Pois bem: nenhum PARECER que recomende: EXIGÊNCIA, DILIGÊNCIA OU FECHAMENTO de PRM pode deixar de se referir a esses PRINCÍPIOS. E dizer que até o fechamento de um BOTECO (com todo respeito aos botecos que respeito muito) precisa ser acompanhada de documentos, provas e autos de infração!!!
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ESTABELECENDO UM OUTRO PRINCÍPIO:
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Há algo sobre o que nossa Reitoria precisa se informar e que foi fator preponderante no fechamento dos PRMs da S. Casa (não sei da situação atual): em um grande hospital em grave crise ESTRUTURAL, por melhores que sejam alguns PRMs periféricos, TODOS terminam por ser fechados. A S. Casa é emblemática nesse sentido e uso seu exemplo aqui no IPUB: por lá havia muitos colegas que só se preocupavam com o SEU SERVIÇO. Alguns eram mesmo muito bons, como OTORRINO e outros, mas diante do fracasso e “desabamento estrutural e moral” generalizado, tudo é levado de roldão. Nesses casos, uma exigência de melhorias gerais, por parte dos visitadores, é absolutamente justificada. Sendo assim, o argumento de que alguns serviços são bons, etc. não me parece convincente nem suficiente. Melhor é enfatizar os investimentos da nova DIREÇÃO na melhoria geral e nos esforços de apoio aos serviços e PRMs deficientes. Por fim, como deixar de considerar que o FANTASMA EBSERH está pairando sobre nossas cabeças? Quem sabe assim mais pessoas vão se dar conta de que essa EMPRESA, SIM É UM CÂNCER que ameaça todos os nossos HUs!?
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Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ