Temas e Controvérsias

INDC: UM CENTRO DE ACOLHIMENTO DIÁRIO PARA IDOSOS?

(E a "Mão de Obra"? Equipe técnica básica e PARENTES em revezamento)
Indc
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NOTA: este texto deriva da fala de uma pessoa ligada à direção do C. Hospitalar considerando a possibilidade do IPUB exercer um papel mais ativo na  reativação de serviços no I. de NEUROLOGIA DEOLINDO COUTO.
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“Toda uma aldeia não é suficiente para cuidar de um bebê!” (Ditado africano).
Talvez mais verdadeiro ainda quando aplicado a idosos: tentando resgatar o compromisso de todos para com todos.
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Quem pode desconhecer o drama por que passam todas as famílias (...seja rica ou seja pobre...) no lidar com seus parentes que perderam autonomia em função da idade? Sobre a precariedade da situação dos mais pobres seria fácil discorrer, mas os mais ricos também sofrem intensamente nesse tipo de processo*. E eu estou convencido de que um dos maiores determinantes desse sofrimento é o ISOLAMENTO a que são submetidos; não somente os próprios idosos, mas também aqueles que os amam e/ou cuidam e assistem mais diretamente. Há que reverter essa tendência tão avassaladora no mundo moderno, que parece apostar no descompromisso dos seres humanos, uns para com os outros mais diretamente**. Diriam alguns: “Ah! Mas essa deveria ser uma ação do ESTADO!”. Sim, mas quem disse que as AÇÕES do ESTADO precisam ser isoladas—deriva de “ISOLA”, ilha, a maioria delas muito distante da “paradisíacas”—das ações muito pessoais de cada cidadão e família?
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E A EQUIPE DE ATENDIMENTO? ONDE SERIA RECRUTADA?
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Há algum tempo venho pensando no funcionamento de uma instituição que acolhesse idosos no curso do dia (um ou dois turnos) cinco dias na semana, em princípio. Mesmo temendo o deboche, não me furtarei à comparação com os cuidados voltados aos primeiros anos de vida e tenho certeza de que seu retorno social há de ser quase tão grande quanto aqueles. E as EQUIPES de acompanhamento, cuidado e assistência, como se formariam? A partir de uma equipe técnica com capacidade de orientar cuidados básicos às pessoas em geral! Seria exigida a indicação, pelos interessados em que algum idoso da sua família ali passasse os seus dias, de dois ou três parentes (por hipótese e salvo situações de impossibilidade) compondo um extenso RODÍZIO no qual cada um deles passaria pelo menos um turno (a cada 21 dias?) no local, interagindo com todos os que ali estivessem, sem responsabilidade específica por nenhum deles. Dezesseis ou dezessete anos seria a idade mínima para a participação nesse rodízio e posso imaginar quantos talentos para cuidados e assistência poderiam ser ali descobertos e desenvolvidos.
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SIMULAÇÃO: para 50 idosos–150 participantes do rodízio. Considerando a presença de 5 desses por turno, teríamos 10 por dia e cinquenta por semana. Sendo assim, cada componente do rodízio daria UM turno a cada 3 semanas. Todos esses cálculos podem ser refeitos.
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ESPAÇO, COZINHA E EQUIPE BÁSICA…ÔNIBUS PARA ALGUNS!
Toda a INFRAESTRUTURA está ali preparada, como a esperar por um uso implicando maior retorno social. Quem conhece seus jardins internos e seus outros espaços sabe como podem ser palco de inúmeras atividades assistidas ao ar livre. Haveria pelo menos UM ônibus (de início) voltado ao transporte de pacientes das chamadas “comunidades” (mais próximas): Chapéu Mangueira e Babilônia. Uma ou duas pessoas, do próprio local, começariam, ali mesmo, sua participação no rodízio e no próprio ônibus. O transporte, em geral e para todos interessados, poderia ser futuramente programado. No próprio INDC haveria um clínico durante o dia e uma equipe mínima de enfermagem para qualquer eventualidade. Tudo isso se daria ao rés do chão e os andares superiores do belo prédio continuariam seus projetos de revitalização ligados à investigação e prática da NEUROLOGIA e atividades correlatas. É bom lembrar de que contamos com o H. ROCHA MAIA (ali ao lado) que sempre nos acolheu muito bem. Quem sabe não nos ofereceriam uma vaga, pelo menos, para internação eventual (quando muito necessária), nunca como finalidade?
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E A PARTICIPAÇÃO DO IPUB NESSE PROJETO?
Como é do conhecimento geral, dispomos de uma equipe muito respeitada (nacional e internacionalmente) voltada ao estudo, pesquisa e assistência aos transtornos mentais da idade avançada (CDA) dotado de Ambulatório, Oficinas e H. Dia. Mas o que seria oferecido no INDC seria algo diferente, pois NÃO voltado direta ou exclusivamente aos TRANSTORNOS em geral e propriamente ditos, embora para alguns dos idosos eventualmente acolhidos já se possam caracterizar alguns dos sinais e sintomas típicos daquelas condições. Os critérios para  participação; os limites de perda de autonomia (o mínimo, para o acolhimento e o máximo para participação) precisariam ser discutidos e tornados bem claros. Seria preciso ter certeza do benefício para todos os participantes. Quanto a se exames e acompanhamento clínico poderiam ser ali também implementados, seria algo a decidir.
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*E como é comum a desconfiança generalizada (na imensa maioria das vezes injusta e infundada) para com acompanhantes; câmeras torturantes: aos vigiados e aos que vigiam diuturnamente, sem descanso e segundo infinitas fantasias, quase todas muito destrutivas. Seria exaustivo discorrer muito sobre esse calvário de luxo!
**Conversando com um pastor da Igreja Luterana Alemã (na P. da Cruz Vermelha), grande apreciador do nosso povo e cultura, disse-me ele que, na Alemanha, tudo o que depende do ESTADO (no sentido formal) é executado com muita presteza e eficiência. Já aquele cuidado muito pessoal e solidário para com um estranho, quase não existe. Enquanto no Brasil seria exatamente o contrário. Já lá se vão 18 anos. Acho que pioramos muito nos dois aspectos ultimamente.Tem
Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ