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NOTA: o coletivo do Bloco “Tá Pirando…” teve a felicidade de escolher um dos nossos maiores escritores para o homenagear no desfile de 2019. Infelizmente, tudo aquilo que ele mais denunciou (de forma muito humana e NÃO PANFLETÁRIA, até porque, falava do que vivia na própria pele) está de volta e não somente por imposição armada direta, mas através de votos. A releitura do “POLICARPO QUARESMA” levou-me aos dois traços que considero fundamentais na formação da ideologia que perpassa nossa sociedade, resultando: 1- na crença de que os mais pobres o são por conta de uma inferioridade intrínseca; 2- na nefasta mentalidade POSITIVISTA que pode ser traduzida assim: “Somente a partir de ditaduras militares, com sua ORDEM imposta, o Brasil poderá avançar para o PROGRESSO”. Hoje estou certo de que o “PROGRESSO” do lema que tristemente paira em nossa bandeira nada mais é do que uma desculpa para a imposição de uma certa ORDENAÇÃO da sociedade de maneira a manter: PRIVILÉGIOS amplos para alguns e RESTRIÇÃO AOS DIREITOS da imensa maioria. Embaixo, um samba a ser apresentado para escolha de jurados.
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O PODER IDEOLÓGICO DO POSITIVISMO NEFASTO!
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Comecemos pelo POSITIVISMO que, infelizmente, exerce um poder ideológico imenso até sobre pessoas com bons propósitos. Afinal, quem pode, em sã consciência, desgostar de alguma ordem? E assim, escreveu L. Barreto, diante de uma revolta da armada a partir dos abusos cometidos, em nome da ORDEM e a partir da “Proclamação da República” (nada mais do que a imposição da nossa primeira ditadura):
“…Os militares estavam contentes…para a maioria a satisfação vinha da convicção de que iam estender a sua autoridade sobre o pelotão e a todo o rebanho de civis….em muitos outros havia um sentimento mais puro, de desinteresse e sinceridade. Eram os adeptos desse nefasto e hipócrita POSITIVISMO; um pedantismo tirânico, limitado e estreito, que justifica todas as violências, todos os assassinatos, todas as ferocidades em nome da manutenção da ORDEM, condição necessária, lá diz ele, ao PROGRESSO, mas também ao advento do regime normal, a religião da humanidade, a adoração do grão-fetiche, com fanhosas músicas de cornetim e versos detestáveis. O paraíso, enfim…” (P. Quaresma, parte 2-V).
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Eis a grande lição de L. Barreto, ensinada, aliás, a partir de uma profunda compreensão e sem qualquer condenação rasa: mais do que nunca é preciso desmistificar toda ORDEM que passa necessariamente pela OBEDIÊNCIA especialmente militar, hierárquica e “aos mais velhos”. Eu que julgava nunca mais ouvir essa defesa da idade como critério para o respeito, ouvi de um certo general, muito próximo ao eleito: “Tem que obedecer aos mais velhos!“. Frase que não resiste à mínima pergunta: E se ele for um abusador de qualquer espécie, inclusive sexual? Tudo isso está de volta e é duro constatar como é entranhado até em pessoas que se acham progressistas. Não fazemos, com frequência, a apologia da educação formal como critério para desenvolver o discernimento, esquecendo que, com isso, estamos desmerecendo os iletrados? E dizer que foram pessoas com maior escolaridade aquelas que elegeram o discurso fascista e de defesa da tortura (vejam que evito falar de pessoas) para a PRESIDÊNCIA DO BRASIL!
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