Arte e Cultura

O MENINO REI E O REI MENINO

Pedro ii menino
“Trata-se do primeiro capítulo de um romance de 2003, registrado no MEC, mas não publicado. Anos depois, uma emissora de TV apresentou um seriado bem interessante com o mesmo título. Era uma boa coincidência, sugerindo acuidade na observação de algo muito verdadeiro em relação ao personagem. Boa parte de seu conteúdo se passa no COLÉGIO PEDRO II”.

Todo menino é um rei
   Eu também já fui rei…”
   Nelson Rufino e Zé Luiz

Apesar de seus 13 anos, Pedro era ainda um menino e estava retornando às aulas com a mesma animação de sempre! Nunca as férias tinham lhe parecido tão longas como naquele início de março de 1964! Confessar esse sentimento? Nem pensar, tal era a “obrigação” quase sacramentada entre seus colegas de reclamar da escola! A vontade de rever alguns deles, o colégio que aprendera a apreciar e até os professores, pesavam bem mais do que a apreensão por saber, de antemão, o quanto iria sofrer com os problemas mais propriamente escolares. Afinal, sua vida familiar desabara completamente desde a saída de seus pais de casa: o pai para se afundar de vez no vazio e no álcool, enquanto sua mãe—depois de superar um longo período em que não saía da cama…e fumava…e fumava—para resgatar antigos sonhos deixados de lado havia tanto tempo. Era uma reconstrução, mas também um abandono. E Pedro não tinha ninguém por perto a quem recorrer.
Entrava a segunda semana de aulas e ele não sabia se um velho professor, com quem aprendera a gostar de geografia, continuaria com sua turma. Até o conhecer, Pedro costumava menosprezar a geografia, especialmente quando comparada à tão apreciada História. Segundo seu julgamento, muito temerário e bastante pretensioso, a geografia era mera “decoreba” de rios, montanhas e outros acidentes. M. Lobato tinha alguma participação involuntária nesses julgamentos. Que decepção tivera Pedro com a “Geografia de Dona Benta”! E logo depois de se deliciar com a “História do Mundo para Crianças” e suas inúmeras batalhas! “A geografia é chata porque tudo fica sempre no mesmo lugar e nada acontece de mais emocionante”. Parecia-lhe mais fácil culpar a própria geografia do que pensar nas possíveis limitações do escritor que lhe tinha aberto um “novo mundo”. Mas com que prazer descobriu, com o novo professor, o quanto a vida de um povo era marcada pelo local onde se formara ou fixara e também que, a rigor, nada fica no mesmo lugar!
Ninguém sabia a idade do velho mestre e dizia-se mesmo que ele estava em vias de se aposentar. Alguns até já debochavam, às escondidas, de algumas das suas “esquisitices”, mas Pedro por ele aguardava ansiosamente.
Ao final da segunda semana de aula, anunciou-se, finalmente, que ele voltaria e foi com algum pesar que Pedro reparou, quando da sua entrada, na curvatura mais acentuada de seu dorso e no quanto arrastava pesadamente os pés ao caminhar. Reparando melhor, entretanto, seu olhar parecia mais vivo do que nunca.
Contrariando seus hábitos, nem bem permitiu que os alunos acabassem de se levantar à sua entrada, sinalizando impacientemente com as mãos um tanto trêmulas para que se sentassem. Depois de colocar algumas coisas sobre a mesa, o professor, sem levantar muito a cabeça, correu os olhos lentamente por todos os rostos enquanto virava o corpo em todas as direções, pois perdera boa parte dos movimentos do pescoço. Isso provocou um efeito enorme sobre as crianças que ficaram mais atentas do que o habitual. Havia alguma maldade naquele olhar; qualquer coisa de um desafio dirigido a uma estranha platéia que talvez nem estivesse ali. A asa de um anjo—quem sabe exterminador?—roçou todas as cabeças fazendo baixar um silêncio quase mortal na sala. O que ninguém sabia era que o velho professor preparara uma espécie de gran finale para uma vida que ele mesmo julgava obscura.
— Vocês que estudam no Imperial Colégio de Pedro II devem disso se orgulhar! – disse ele com uma voz sonora e com pompa amaneirada, quase teatral, mas não havia ali teatro algum! A suspensão da frase, o silêncio que se seguiu e o passeio do olhar do mestre por sobre rostos surpresos reforçaram a expectativa em relação a algo completamente inusitado que se anunciava. De repente…um estranho humor…
—Depois os republicanos passaram a chamá-lo Ginásio NacionalÉ, mas eles tinham essa mania de chamar tudo de “Nacional”, disse, enquanto agitava as mãos agressivamente, como se espantasse uma mosca.
As crianças se entreolharam com expressão de dúvida. O que dizer, ainda, daquela sintaxe totalmente estranha aos seus ouvidos?! Na primeira afirmação….formalidade; na segunda, deboche, especialmente na pronúncia da última palavra.
– É claro que vocês não sabem nada disso, mas deviam saber! Quando D. Pedro II fundou este Colégio… Não aqui, mas lá no Centro – apontando com o dedo para um ponto que ninguém sabia se correspondia à direção do centro da cidade – sua corte o denominou: “Imperial Colégio de Pedro II!” –- valendo-se de mais pompa ainda – E quantos sonhos tinha ele de que dali a cultura e o saber haveriam de se irradiar por todo esse enorme país!!! –um gesto largo, como se abarcasse todo o mundo e ninguém conseguia saber se debochava ou falava sério demais—Depois veio a República…! Tentando apagar tudo que tinha o nome do antigo Imperador, os militares mudaram seu nome para “Ginásio Nacional”. Mas não adiantou nada! Não “pegou” e o povo continuou a chamar esse colégio de Pedro II—escandindo um pouco cada fonema das últimas palavras .
De repente, uma pausa enorme! E a expectativa chegou ao ponto de causar mal estar em muitas das crianças. Ninguém ali vivera algo de parecido em suas curtas vidas….A imensa maioria jamais experimentaria algo semelhante.
– Hoje é o meu último dia de aula nesta escola….. Estou me aposentando – houve um pequeno burburinho e as expressões dos alunos eram as mais variadas, desde o espanto e a tristeza, até a malícia e o riso cínico (não deixava de ser um alívio, pois o velho professor era conhecido por ser muito exigente) – mas há algumas coisas que eu tenho que dizer… – depois de mais uma grande pausa – … os tempos não são bons, meus filhos,…  disse ele enquanto abanava a cabeça negativamente – … Eles voltaram e estão aí de novo. A Hidra de infinitas cabeças está aí de novo com suas fardas e capacetes – os alunos não entendiam quase nada daquele destampatório, mas alguma coisa lhes prendia a atenção. Pedro, porém, de imediato associou aquelas estranhas palavras ao que vinha ouvindo nos últimos meses em sua própria casa. Mais do que isso, elas fizeram ressurgir em sua mente imagens de um certo “trabalho” que desenvolvera durante as férias e de cujo abalo moral ainda estava se recuperando. O tanto de profecia e mistério que as frases do professor continham, porém, provocou nele aquilo que outrora chamaram de magnetização. Havia ali uma estranha mistura, a um só tempo, de lucidez, mistério e obscuridade.
– Não se enganem meus filhos! Com essa confusão toda que está acontecendo por aí, eles vão tomar de novo o poder e depois que isso começa, vai até o fim! Não se iludam… Muita coisa ruim está vindo por aí!!! Bem…Eu estava falando de Pedro II e depois vocês vão entender porque. Vamos em frente! Vocês precisam saber um pouco da história desse colégio. Como é que pode isso? Estão aqui já há tanto tempo e nem sabem o que ele representou na nossa história!!
 Vocês sabem quem foi Pedro II? – Várias cabecinhas se moveram para frente e para trás. O ambiente tinha se desanuviado um pouco – Não… vocês não sabem quem foi D. Pedro II. Eu mesmo, às vezes acho que não sei quem ele foi. Vocês certamente acham que foi um velho de barba branca que parecia mais velho do que o próprio pai, Pedro I…sempre mostrado como um jovem de suíças e bigodes pretos, não é mesmo? – aqui ele fez uns gestos inusitados, para representar suíças e bigodes que provocaram risos diversos. Quanto humor podia haver naquele velho, mas era o contraste que provocava tanta admiração! Em nada ele se parecia com o velho que, minutos atrás, entrara na sala arrastando os pés. Os alunos estavam encantados.
– Pois bem! Talvez não seja à toa que todo mundo tem essa imagem dele, pois se ele teve que ser, desde criancinha, um pequeno adulto…quem sabe até mesmo um velho!? Vocês sabem o que é isso? Não, não sabem. Por exemplo…Você! Se você – apontando de forma brusca e quase agressiva para um aluno que, um tanto assustado, encolheu-se todo na carteira.
– Se hoje você fosse declarado adulto e rei do seu país, o que você ia sentir? – O garoto fez uma expressão de perplexidade e o professor generalizou a pergunta.
– Você, você, você, … qualquer um de vocês!! O que sentiriam se tivessem que ser, a partir de hoje, adultos e reis do seu país? Ah! Mas isso é pouco… E se você tivesse perdido a sua mãe com três anos de idade e se seu pai, o Pedro I, tivesse abandonado o trono, ido embora para Portugal, deixando você aqui com cinco anos, para um dia ser um rei de verdade? – sua voz voltou a ter o acento dramático de antes e ele fez uma enorme pausa, deixando todos em suspenso, até ser cortada por algo que parecia um soluço vindo das últimas filas. Há mesmo pessoas que não suportam bem qualquer tipo de suspense. Quem pode saber, ainda, quantos ali haviam perdido a mãe e sido abandonados pelo pai?!
– Pois bem, meus filhos… Tudo isso aconteceu com aquele rei que vocês hoje acham que foi sempre um velho e que já nasceu barbudo – os olhos do próprio professor ficaram um pouco marejados. Sua fala que, até então, fluía em um “quase presto”, de repente, tornou-se lenta, em um “quasi adagio”, algo como um larghetto. Também os acentos ásperos desapareceram e sua voz como que se “aveludou”. Pedro nunca se sentira antes tão arrebatado; como que “acolhido” por uma voz. Se os braços podem abraçar um corpo, uma voz pode envolver a alma. A voz do velho era a última trincheira da sua juventude. Era ali que toda a sua virilidade se concentrava. E ela quase não sofrera com o uso constante.
– Pois bem, meus filhos… esse menino foi um rei… um rei como poucos existiram no mundo. Estudou muito, aprendeu latim, francês, inglês, alemão e até um pouco de grego. Leu os grandes livros e interessou-se, desde muito pequeno, especialmente por aqueles livros que mostravam as tramas palacianas… Aqueles que mostravam como os reis eram enganados, manipulados … e também como eles terminavam por ser escravos das intrigas. E quando ele lia, certamente dizia pra si mesmo: ‘Mas comigo não vai ser assim’… E não foi mesmo… Sabem o que ele mais fazia? Lia os jornais dos adversários, daqueles que atacavam o governo, para ter argumentos para sabatinar os seus próprios ministros. Eles deviam ficar loucos de raiva com isso… Ah! Como deviam ficar loucos!!
Vejam que coisa engenhosa ele fazia… quem frequentava a sua Quinta..— esta mesma que fica perto daqui e que talvez muitos de vocês nem conheçam…— não participava do governo e quem participava do governo não frequentava a sua Quinta.. Os intrigantes deviam ficar roxos de raiva… –tudo isso com uma sequência de gestos que terminou em um curioso “diálogo de dedos” junto ao próprio rosto.
– Uma vez, e ouçam isso porque eu não conheço coisa mais bonita, ele vinha lendo vários artigos em um jornal dos seus inimigos de que estava gostando muito. Não vinham assinados. Só tinham um pseudônimo… Vocês sabem o que é isso? É um nome de mentirinha. Pois bem! O Imperador mandou investigar. Que surpresa! Era um certo Torres Homem… aquele mesmo que deu o nome a uma rua que, se não me engano, fica em Vila Isabel. Pois bem! O  mesmo Torres Homem que o tinha atacado usando palavras terríveis em artigos anteriores. Até a Imperatriz ele tinha atacado, duvidando da sua linhagem nobre. Sabem o que Pedro II fez? Depois de alguns dias, nos quais ficou muito pensativo, chamou o homem ao palácio, elogiou os seus artigos; fez-lhe algumas perguntas e, tendo gostado das respostas, ofereceu-lhe um ministério. Torres Homem caiu aos seus pés e lhe foi fiel até a morte. Um dia, aquele mesmo homem disse ao rei que queria se desculpar também com a rainha, mas Pedro II respondeu: “Não recomendo! Os italianos não sabem perdoar como nós brasileiros!”.  Vocês sabiam que a rainha era italiana? Agora me digam: tem alguma coisa mais bonita do que isso?
Ah!… Mas ele também tinha lá os seus caprichos… Quem já viu um rei sem caprichos? Mas… que caprichos!!! Um dia ele entrou em uma escola do interior, pois gostava de visitar as escolas pelo Brasil afora… e viu uma gaiola com um passarinho. Pois bem..pediu uma escada, subiu e simplesmente abriu a gaiola soltando o passarinho sem  sequer perguntar de quem era o passarinho… E os passarinhos lá pertencessem a alguém!? Que besteira é essa de alguém querer ser dono dos pássaros, não é mesmo?! – Alguns meninos certamente se identificaram totalmente com o rei e com o passarinho, mas outros—e entre os meninos havia alguns que adoravam caçar e aprisionar passarinhos— estranharam muito aquela atitude.
E foi um desfilar de situações que o professor fez, nas quais a imagem de Pedro II aparecia sempre engrandecida! Ele falava agora quase como quem tivesse testemunhado o que relatava. Tanto lera e imaginara aquelas situações que elas se haviam como que nele entranhado. Os personagens, por ele mesmo criados, reviviam em toda a sua plenitude naquela dramatização involuntária e improvisada. Era isso o que provocava e fazia manter nas crianças uma atenção extrema e inédita para alguns deles. Dramatizava com gestos, mímicas e movimentos dos braços os relatos da Guerra do Paraguai e aí os meninos vibravam com a bravura imaginada.
As meninas, porém, gostaram especialmente da pequena história da procura que a Marquesa de Santos fez do Imperador, quando ele tinha dezoito anos, para ajudar o seu marido—encarcerado por ter participado da Revolta Farroupilha. Todos sabiam que a Marquesa fora amante do pai do Imperador e uma espécie de pivô de muitas das desgraças da vida de sua mãe. O jovem Imperador pensou que ela pediria anistia para o marido encarcerado, pois o prisioneiro estava muito doente. Seu pedido, porém, foi bem diferente: queria ficar presa junto com o marido para dele cuidar. Isso comoveu profundamente o único homem que tinha o poder de tomar a decisão. Já acostumado a identificar atos elevados, Pedro II enviou à Marquesa uma carta onde dizia que, cada vez mais, descobria a grandeza de seu próprio pai. Não havia sido por acaso que ela, a Marquesa, fora a única mulher a quem ele, realmente, dera o seu coração.
Por fim, as crianças começaram a dar sinais de inquietação e cansaço, não por desgostar do que ouviam, mas porque a capacidade de suportar emoções, associadas a experiências intelectuais, estava se esgotando. O professor dava também sinais de cansaço, mas seus olhos tinham agora um brilho mais estranho ainda. E veio o epílogo! A “cobra mordeu o próprio rabo”, numa demonstração de uma tendência natural ao bom estilo:
– E quanta ironia, meus filhos! Este colégiotinha que ficar bem perto do Colégio Militar! E seus colegas da Tijuca tinham que ficar brigando com os filhos dos militares! Chega a ser engraçado!!! Num dia desses, eu me dei conta disso. Os “filhos de Pedro II – e ele abarcou o espaço à sua frente com a mão direita como se roçasse cada uma das cabeças voltadas para ele – enfrentando os filhos dos militares que estudam no colégio militar! Não sei se isso é ironia ou é o Destino! – e seu olhar fuzilava mais do que nunca, deixando perceber que as fagulhas de ódio anteriormente intuídas estavam se organizando e passando a predominar no coração daquele velho. Suas emoções alcançavam um perigoso paroxismo que mais se parecia com o último e extremo brilho dos filamentos de uma lâmpada prestes a queimar.
– E veio a República, meus filhos, e o sangue… a violência… mas, principalmente, o mau gosto. Tudo aqui é muito engraçado! Tínhamos uma monarquia democrática e veio uma república totalmente intolerante…E hoje eles estão aí de novo…Enquanto nós…sempre reféns das fardas e coturnos!!! – Sua voz alterou-se um pouco e seus olhos lembravam aqueles de pessoas mentalmente perturbadas – Está tudo se desenrolando, meus filhos. É sempre a mesma coisa…Primeiro vem o Deodoro, depois o Floriano…Primeiro aquele general sem pescoço e com cara de bonzinho…Depois, vai ser engolido pela máquinasem rosto e sem nome…! E então, há de vir o mesmo Floriano… aquele eterno Floriano, meu Deus! Sem expressão, sem perfil… sem emoção… E a crueldade… A eterna crueldade…Não se enganem, meus filhos, um rosto sem expressão, é própria a expressão da crueldade, da pior de todas a crueldades…. Mas do que é que eu estou falando?
E caiu sentado, pondo as mãos abertas sobre as têmporas, cotovelos sobre a mesa, permanecendo imóvel e olhando fixamente para baixo. Uma menina da primeira fila levantou-se apressadamente e saiu da sala. Os outros alunos começaram a se levantar, sem saber o que fazer. Logo, aquela mesma aluna entrou com uma coordenadora da escola que se dirigiu respeitosamente ao professor ajudando-o a se levantar. Não sabia o que havia se passado, mas parecia saber bem o que devia fazer. A própria cena impôs a conduta. O professor não ofereceu nenhuma resistência, levantou-se, deu um sorriso de beatitude para os alunos, fez um gesto sutil de despedida e deixou-se levar para fora da sala. Havia uma tristeza pungente em seu olhar e ele parecia um pouco envergonhado.
Seu corpo se esvaziara como um saco despejado. O que restava agora mais parecia uma carcaça. Quem poderia acreditar que, havia pouco, aquela carcaça abrigara uma alma plena de energia e disposição para a luta?!
E foi com um aperto no peito que Pedro observou o velho sendo arrastado carinhosamente para fora da sala. O brilho súbito daquele “sol crepuscular”, entretanto, ofuscava agora todas as experiências intelectuais e morais do ainda quase menino tão necessitado de uma identificação mais profunda. Afinal, se da parte dos seus colegas de escola ainda conseguia perceber atitudes de respeito, de seus antigos amigos da rua tudo o que vinha recebendo nos últimos anos era uma progressiva desconsideração. Talvez não lhe perdoassem a fraqueza de um corpo infantil que se recusava a ir embora e (quem sabe?) “se perder”.

Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ