Arte e Cultura

PSOL NA UFRJ: O ECLIPSE TOTAL DE UM PROJETO!

(Do ZÊNITE, na "esteira da EBSERH", ao OCASO do "VegetaUFRJ")
Assembleia na coppe
“Mais de 1000 colegas rejeitando a EBSERH na UFRJ”

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“…je ne puis pas rejeter…ce monstre rabougri” (“Bénédiction” C. Baudelaire)
(“…e não posso rejeitar—negar, atirar fora—esse monstro enxovalhado”)
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NOTA: alguns podem até estranhar uma discussão aqui sobre um partido qualquer. Nunca a fiz, apesar de saber o quanto as pessoas confundem as INSTITUIÇÕES PÚBLICAS com seus partidos sacrificando as primeiras em função de interesses dos segundos. Como, entretanto, essa “mistura” teria ido ao ponto de uma gestão ter obedecido orientação direta para não se apresentar à reeleição (forma curiosa de ferir a AUTONOMIA), ela cabe e deve ser tratada nos termos propostos. Os próceres do problema podem alegar uma decisão PESSOAL, e então, terão dificuldade para explicar a incrível sintonia na conduta coletiva: 1- Abandono do processo eleitoral e sua não condução; 2– inexistência de debates propriamente ditos; 3– não aplicação da proporcionalidade na contagem de votos; 4– não realização de segundo turno (ninguém obteve maioria); 5– nenhuma participação de monta de membros da gestão no processo ou nas chapas. FOI UM ECLIPSE TOTAL. Estariam todos tão sintonizados com a DEBACLE que sequer precisariam de “orientação”? Escolham a pior opção!
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Ninguém duvida duvida de que a eleição de R. Leher à REITORIA-UFRJ se deu “na esteira” do grande movimento que barrou a entrada da EBSERH por aqui. Poucos sabem, porém, que sua entrada (e do seu partido) no movimento somente se deu depois de um tempo bastante razoável e quando um pequeno grupo de colegas (da área da saúde) tinha já conseguido muitos apoios nos HUs e avançar bastante nas discussões. Tudo começou com um grupo mínimo: Profs. Nelson S. e Silva, Fátima Silianski, eu mesmo no IPUB e, imediatamente, Romildo Bonfim da Fisioterapia. A esses juntou-se logo um grupo de 6 alunos liderados por Bárbara Bulhões. Mais algumas semanas, e se achegaram ao grupo alguns médicos do HU e as Entidades e então, as ações mais específicas sofreram grande avanço. E foi desse pequeno grupo, quase um “EXÉRCITO DE BRANCALEONE”, que surgiu o grande movimento que empolgou toda a UFRJ e reafirmou a AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA.
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E O MOVIMENTO TRANSBORDOU PARA OUTRAS ESFERAS DA UFRJ
Depois de muitas discussões nas nossas unidades de saúde—SEMPRE conquistando enormes apoios—o movimento ultrapassou em muito a esfera da saúde. Foi quando entramos em nova fase e…PERDEMOS ALGUM PROTAGONISMO. Era natural. Aqueles que abraçaram o movimento tinham: um membro do CONSUNI muito respeitado, colegas articulados e ainda vários jovens bastante mobilizados, alguns deles membros do CONSUNI. Contamos também com o apoio da comunidade acadêmica de outras UNIVERSIDADES, especialmente colegas da UFF, UNIRIO e também do FÓRUM DE SAÚDE CONTRA A PRIVATIZAÇÃO. Foi mesmo um grande movimento que extrapolou em muito o âmbito da UFRJ. Fomos convidados para outros Estados e não fizemos feio nas discussões.
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PASSANDO ORGULHOSAMENTE PARA UM SEGUNDO PLANO
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Abutres1E então, nós, os iniciadores do movimento, passamos para um muito natural segundo plano. É verdade que continuamos a FORMULAR, TEORIZAR, PUBLICAR e influenciar profundamente todo o seu seguimento. E que grandeza moral vi nos meus colegas que aceitaram esse segundo plano sem maiores traumas. Em certo momento, em reunião do CONSUNI, quando os jovens se pronunciavam com grande clareza (a partir de um entendimento profundo das muitas teses que vínhamos discutindo) disse ao amigo NELSON: “Acho que podemos até morrer…tudo está bem entregue!”. Ele sorriu, certamente dos meus excessos e arroubos, mas tenho certeza de que sentia algo parecido: UM ORGULHO PROFUNDO de ter iniciado um movimento que não teria volta e a certeza de certa ascendência imorredoura conquistada sobre outras gerações.
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E OS RETALHOS NUNCA ENCONTRARAM UMA COSTURA!
Veio a gestão e parece que a única “costura” que se deu entre seus membros foi ao final e TÁCITA, aquela que implicava a confissão generalizada do fracasso. Havia, sim, boas iniciativas (especialmente em relação às atitudes para com o PESSOAL) e eu tentava reforçar esses ganhos. Estávamos SEMPRE dispostos a colaborar e nos orgulhávamos quando procurados, afinal, temos uma longa história de gestão reconhecidamente bem sucedida. Profa Maria Tavares, gestora experiente e que sequer os tinha apoiado, também estava permanentemente tentando colaborar e reforçar os aspectos positivos da gestão Leher. Enquanto isso, acobertado por discursos melífluos cheio de elogios falsos, nosso destino (e do Campus PV) era negociado. Estávamos sendo “subtraídos em tenebrosas transações”. Aquilo funcionou como um “DEPOIS DE MIM, O DILÚVIO”. Mas os “DIQUES” já foram erguidos e as “águas” deverão ser dirigidas segundo os interesses da UFRJ E DA CIDADE
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E SERIA POSSÍVEL UMA NOVA AURORA PARA ESSAS PESSOAS?
Antes de tudo, os jovens das grandes lutas de 2013/14 continuam jovens e o seu mal estar em relação aos que comandaram tão mal a UFRJ e os destinos do movimento deve ser enorme. É a eles que dirijo uma convocação para que exijam, junto com as forças mais consequentes da UFRJ, a realização de um CICLO DE DEBATES do tal projeto semelhante àquele que realizamos na luta contra a EBSERH. Há que recusar “Apresentações de PENDRIVE” feitos por “propagandistas meros tiradores de dúvidas”. De minha parte e daqueles que já estão em campo e na luta digo que, sem isso, não aceitaremos qualquer decisão sobre nossos destinos. Afinal, somos ou não um TEMPLO DE DEBATES e um exemplo de DEMOCRACIA para a sociedade?
Vice- Diretor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ