Arte e Cultura

GRANDE MÍDIA OU GRANDE MAL?!-II (conclusão)

NUZMAN, A RAINHA DE COPAS: “CORTEM-LHES AS CABEÇAS!”

Márcio Amaral

Terminei o texto anterior citando a manchete de o Globo: “VERDADE NÃO SE APAGA COM O TEMPO!“. Eu mesmo já considerei belas as frases desse tipo, pois apontariam para a vitória inevitável da verdade, assim como a sentença de A. Lincoln (1809-65): “É possível enganar a todos por algum tempo…a alguns por muito tempo, mas não se pode enganar a todos por todo o tempo”. Era mesmo impossível adivinhar que, um dia, o mundo seria tão enganado por uma GM, e por tanto tempo*. Hoje, estou convencido de que essas frases tendem a gerar uma alienação perigosíssima: se a vitória é certa, não precisamos lutar e manter a luta de pé. Todo cuidado é pouco com essas frases “perfumadas”. Os “deuses” não gostam de fazer nada sozinhos.

Passando para as manipulações da GM nos esportes: já há tanto tempo que as grandes redes lançaram “mão grande” sobre essa atividade que envolve tantas paixões populares! Vejam o Campeonato Brasileiro de Futebol! A Globo dele se apossou, a ponto de fazer desconfiar de sutis manipulações. No jogo Botafogo x Cruzeiro (05/9), o locutor L. Roberto, conversando com Júnior sobre liderança isolada do Atlético mineiro, falou da possibilidade do clube ganhar o título “antes da hora”. Confesso que, a princípio, nem me dei conta da frase. O próprio, entretanto, encarregou-se de se corrigir e acabou chamando a atenção: “Quer dizer…com muitas rodadas de antecedência”. “Antes da hora”, para quem? Só se for em relação aos interesses “globais”!

Poderia ser apenas um engano sem significado, mas há muito tempo que sinto no ar um clima de interferência, não necessariamente nos resultados específicos, mas de manipulações das imagens, a ponto de se criar uma “nova realidade”. Houve também, nos anos anteriores, alguns afastamentos de jogadores de jogos fundamentais, difíceis de explicar e resultando em quedas súbitas na tabela. De qualquer maneira, não é saudável que uma rede se “aposse” de um campeonato, fazendo dele uma das suas maiores fontes de lucro. Nessas circunstâncias, é quase inevitável a ocorrência de “pequenas” interferências. A fala do locutor mais se pareceu mesmo foi com um“ato falho”: aquele “erro” que, na verdade, é uma “intromissão” do inconsciente das pessoas, ganhando palavras e revelando verdades profundas e inconfessáveis. Ademais, aqueles “cavalinhos”…Não sei não… pod em ser movidos ou puxados por controle remoto.

Há alguns meses, um jogador ousou desafiar o “Império” e esse mostrou seu braço implacável e inquisitorial. Pior! Era um argentino: HERRERA. Depois de fazer 3 “goals” em um mesmo jogo, o repórter da Globo a ele se dirigiu para que “pedisse uma música”. Música!!!? Por quê? Não vou pedir não! E a sua expressão de indiferença, como se aquilo se tratasse de alguma tolice inclassificável!? Todos ficaram com cara de tacho! Havia tanta dignidade naquele olhar de desprezo, parecendo dizer: quem faz 3 goals, depois de tanto esforço, deve reverenciar a sua própria situação momentaneamente e não descambar para essa tolice!

São os mesmos que inventaram um certo “João Sorrisão (ou bobalhão)” para ser imitado pelos goleadores. Agora, estão fazendo algo menos lesivo ao espírito do futebol: a tal câmera do beijo. Tudo voltado para as pessoas que não gostam de futebol e que o tratam como mera diversão e passatempo. Deveriam ler algumas das crônicas de N. Rodrigues para começar a respeitar mais a quase religiosidade com que o povo trata sua paixão**. Pensando bem, o próprio beijo, nessas circunstâncias, também sai apequenado. Afinal, espera-se que ele seja uma espécie de “pas de deux“. Deixem as representações tolas para as novelas igualmente tolas! Não atrapalhem os verdadeiros beijos de amor!

Voltando ao mesmo Botafogo, alguém já imaginou N. Santos ou Didi pedindo “musiquinhas” ou imitando o “J. Sorrisão”? Não se passou 1m e HERRERA simplesmente desapareceu. HERRERA “ERRARA” de maneira imperdoável! Não pediu música, e tocaram para ele um “Último Tango no Rio”. Seu sumiço não mereceu sequer uma “marcha fúnebre” ou um “toque de silêncio”. Ninguém noticiou seu paradeiro. Caiu em desgraça, logo quando estava em franca ascensão no Botafogo. Foi fulminado por uma espécie de Inquisição moderna. Seu nome nunca mais vai ser citado pela rede. Todos conhecemos a ligação quase orgânica da direção daquele simpático clube com a rede de TV. Têm pelo menos um amigo em comum: o Prefeito do Rio!

Vejam o caso do “golfista” Tiger Woods! Há décadas, toda a imprensa sabia das suas “estrepolias sexuais”. Por alguma razão, havia um “código inviolável de respeito” à sua intimidade, “código” esse que a imprensa não aplica aos demais, especialmente em relação às pessoas consideradas “mais dignas e recatadas”. É apenas a outra face da hipocrisia: ele era apresentado como um exemplo para toda a juventude. (Há que assinalar que ninguém tem nada a ver com a vida particular de cada um). Mais do que isso: era o “preferido” das grandes corporações e…da GM, é claro. E os pobres “jornaizinhos” locais, por que não aproveitaram para dar um “furo”? Porque conhecem bem um outro “código***” (uma “cosa nostra” moderna): sabiam que nunca mais conseguiriam sequer entrevistar qualquer dos outros astros do esporte, igualmente “queridinhos da Corporações”. O mais irônico da história, foi que o escândalo promovid o pela esposa do astro teria sido por ele ter iniciado um “par constante” com uma garçonete. Estrepolias sim! Amor não! É o código!

PROMETEU…DAVID……D. QUIXOTE…e…PERSEU

Por fim, disse certo dia para pessoas das minhas relações: “Não há um intelectual de peso que tenha se dado conta e combatido o controle do mundo pela GM (e as G. Corporações)”!Alguém respondeu, um tanto em tom de blague: “Você, ora!”. Não! Sou apenas um obscuro professor universitário, muito envolvido com a causa pública e a nossa cultura. Esse é o maior problema no ataque a todo esse processo de “apoderamento do mundo”: o poder de atração e sedução da GM é quase inesgotável. Nunca foi inventado um “diabo com tanta bala na agulha, capaz de arrematar tantas almas de escol“. Depois pensei! É bem provável que existam esses intelectuais, mas deles não temos notícia…por razões óbvias. De minha parte, digo que adoro lutas desiguais, nas quais pareço estar em desvantagem. Por isso, meus personagens preferidos da mitologia, da história e da ficção estão lá em cima. Já e m relação aos heróis gregos, nenhum me atrai tanto quanto o que cortou a cabeça de Medusa, aquela que a tudo paralisava e transformava em estátua: PERSEU.

*Acabou de ser denunciado uma espécie de “Weak(Olimpic)Leaks”. Fomos acusados de vazar dados sigilosos do Comitê Olímpico inglês. O velho “complexo de vira-latas” voltou a atuar e começamos a falar mal de nós mesmos. Sequer perguntamos: “Mas que dados tão sigilosos são esses?”; “São os ingleses tão confiáveis assim para fazer esse tipo de denúncia?”. São mestres, isso sim, nas ações de provocação, explorando a ingenuidade alheia (como parece ter sido o caso). Nuzman, agindo como uma espécie de “vira-latas mor” (ou “sabujo inglês”), deu logo algumas “cabeças”, como a dizer: “não tenho nada a ver com isso; não tenho culpa por pertencer a um povo assim”. Bela foi a palavra escrita pelos torcedores ingleses nas arquibancadas: TRUTH, depois do desmentido das manobras policiais (e mídia) para inculpá-los pela morte de dezenas de torcedores há algumas década s.

**Quem quiser apreender a grandeza que o futebol pode alcançar (do ponto de vista do drama), observe a reação do jovem Adrian do Flamengo, depois de seu “goal” de falta contra o Grêmio (16/9). Ficou petrificado, como se não estivesse acreditando no que fizera. Havia toda a técnica e o preparo para a realização, mas o momento e a situação difícil do clube, deram maior grandeza ao acontecimento. Tudo foi reto e claro, como em uma gravura japonesa: as balizas, o goleiro, uma barreira imóvel, a bola, o juíz e Adrian. Nenhum ajuntamento em volta da bola; nenhuma confusão na barreira. Parecia que todos sentiam no ar algo de grandioso por vir. Consumado o ato, ele ficou sem reação, petrificado, até que um companheiro o levantou no ar tentando tirá-lo do transe. Sim! Pode um ser humano se sentir pequeno diant e de si mesmo. Todos temos o nosso “Além de nós mesmos”: o “Übermensh” de que falou Nietzsche. Há que procurá-lo.

***Adoram seus próprios códigos não escritos e detestam qualquer regulação da sociedade sobre sua atividade. Quando da greve dos funcionários públicos, TODA  a GM clamou por uma urgente regulamentação desse tipo de movimento, etc. Já de algum marco regulatório para eles mesmos….!

"Capa do 'The Sun' inculpando os torcedores (fazendo tudo para os humilhar) e, depois, tentando se desculpar". Uma vez hipócritas....

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