Arte e Cultura

HOPI HARI: RISCOS TOLOS PARA UMA TOLA DIVERSÃO!

(JN: “Em respeito aos frequentadores…”)

Diante do acidente que tirou a vida de uma japonesa em SP, há que se discutir o papel desses “brinquedos” que têm por objetivo dar a sensação aguda de que a vida está em risco iminente.

Tantas vezes vai o cântaro à fonte, que um dia ele se quebra!”.

Outra característica desses mesmos “brinquedos” é tratar as pessoas como se fossem meros objetos; nada mais do que um corpo. Bem! De vez em quando, eles transformam as pessoas em apenas corpos mesmo: a serem velados, enterrados e, principalmente honrados de maneira a que cada morte não tenha sido em vão. Temos sido atirados em muitos vãos. Mas o pior de todos foi a declaração que a editoria do JN fez W.Waak dizer, justificando a reabertura do parque no dia seguinte ao acindente:

“A direção do parque comunicou sua reabertura em respeito aos frequentadores!”

COMO ASSIM?! Não existe mais sequer o poder público?

1-Quem decide por aquela reabertura ou não? Os próprios ou a Prefeitura de SP?

2-EM RESPEITO AOS FREQUENTADORES?! Que inversão de valores será essa que atingiu até a rede de comunicações mais importante do país?! Respeitar os frequentadores seria submeter TODO O PARQUE A UMA VISTORIA. Reabriram “em respeito ao LUCRO e ao DINHEIRO proveniente dos frequentadores“.

3-Por que, em relação a acidentes em “parques mambembes”, são tão rígidos e, quando tratam com “iguais”, fazem a sua defesa?

4-E o pior: o JN ainda fez propaganda do tal parque.

Ficou muito mal! Considerando que nesses veículos nada é de graça, uma pessoa mais desconfiada poderia suspeitar de que a GLOBO ganhou pelo aviso. SERIA O CÚMULO DA DESFAÇATEZ! Triste foi ouvir um jornalista tão respeitado sendo obrigado a dizer aquelas palavras! Não enriqueceram seu currículo!

Por fim, há muito simbolismo nessa extrema passividade humana diante das máquinas! Todos reconhecem que, sem “emoções mais fortes”, a vida fica um tanto sem graça. E eu pergunto: o que estará se passando conosco, de maneira a que precisemos ser tratados como se fôssemos roupa suja atirada em uma máquina de lavar para alcançar emoções novas? O que é feito do amor, do esporte, das discussões acaloradas, das discordâncias fundamentais, dos projetos e de tantos riscos criativos que nos elevam a outros patamares nessa vida? Será que não existem formas mais criativas de produzir tensão e relaxamento posterior?

Nossos irmãos lusos têm um ditado que ilustra bem a situação: “Quem não arrisca, não petisca!” . Somente correndo riscos sentimos estar verdadeiramente vivos. O mais curioso, é que vivemos a época do “fugir ao risco a qualquer preço”; da segurança em primeiro lugar; do sexo visto como muito perigoso; do medo a tudo o que é desconhecido (pessoas e situações)… Há “bichos papões” por toda parte…Pelo menos é o que os pais e os “Aparelhos de Segurança”—dentro do Estado e com fortes ligações com a mídia—tentam nos fazer pensar.

Talvez esse seja o transfundo de todos esses parques muito tolos: uma espécie de “prêmio de consolação” para vidas um tanto sem graça: o “perigo sob controle”…mas nem tanto! Nesse sentido, há que, mais uma vez, louvar o nosso RIO DE JANEIRO. Muito significativamente, por aqui, esses monstros mecânicos não têm encontrado muitos corpos para chacoalhar. Nenhuma dessas coisas “se cria” entre nós. Há muita criatividade em nossas ruas…nossas praias…nossos bares e, quem sabe—por que não dizer?—nossos lares.

*A última sujeira dos responsáveis pelo parque foi uma fraude para enganar peritos e atribuir toda culpa a falha humana. MOSTRARAM A CADEIRA ERRADA PARA SER PERICIADA. Somente a denúncia da família desfez a farsa. Depois, inventaram que os funcionários estavam em “atendimento psicológico”, como se estivessem confessando seu próprio erro e não pudessem depor. Eles negaram a informação e disseram que A TAL CADEIRA ESTAVA COM DEFEITO HÁ MESES e, mesmo diante de seus avisos, receberam ordens para continuar a usar o “brinquedo mortal”. Que notícias tem a GLOBO a nos dar a respeito, e em respeito aos que a assistem?

Marcio Amaral

2 Comments

  1. Muito obrigado, Consuelo, por sua leitura e interesse! Perder uma vida por algo tão tolo fez com que eu quisesse mesmo a repetição. Por ora (mas vou pensar melhor), vou escrever RISCOS TOLOS POR UMA TOLA DIVERSÃO. Soa bem melhor. Eu tinha pensado em “…Para (conseguir) uma tola…”. Sua sugestão é melhor.
    Um abraço e sincero agradecimento. Márcio Amaral

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