Arte e Cultura

LONDRES 2012-II:ASSOCIANDO O ESPORTE À GUERRA!

(SÓ A BANDEIRA É SAGRADA?!*)

Márcio Amaral

Os "quase-famosos" e/ou "famosos-decadentes", participantes do War Games. Garanto que, em caso de fogo verdadeiro, seriam os primeiros a se esconder debaixo da cama!

NOTA: No texto anterior, acho que consegui ser apenas crítico e penso ter mantido algum humor. Diante da associação, pelo COI, do espírito olímpico ao militarismo (“War Games-Olimpic Games”: “Entretenimento ou Ofensa”- O Globo, 15/8), entretanto, nada mais me resta além de tratá-los como inimigos da humanidade. Pelo menos em 2 outras situações, o COI fez também macular o espírito olímpico: permitindo sua utilização por nazi-facistas em 1936 e pela ditadura chinesa há 4 anos. Corromperam o espírito olímpico e, como diziam os latinos: “Corruptio optimi pessima”: a corrupção do que há de melhor é o que há de pior.

O Brasil está tomado por uma “discussão transcendental”: a quebra dos protocolos em relação à bandeira olímpica, tratada como um ícone quase religioso. Mais uma vez, a tônica das matérias nos nosso jornais é a nossa “bagunça e inferioridade tupiniquins” em relação aos “muito educados e disciplinados” europeus. Bastava informar a todos que o objetivo do uso das luvas (no seu manuseio) é para evitar lavagens que, a médio prazo, estragariam a bandeira. Talvez funcionasse melhor do que meros protocolos vazios. Esse é o drama da mistificação das coisas materiais: elas se sujam em contato com o mundo. Santa “sujeira”! É a marca da vida: o uso humano que dá sentido às coisas humanas.

Nada mais do que uma expressão da enorme hipocrisia européia! Afinal, alguma coisa tinha que ser tratada como sagrada! O que dizer da inserção, durante os jogos olímpicos, da divulgação de um “reality show” (NBC) comparando as disputas esportivas aos combates armados, glorificando a guerra e o militarismo!? Existe alguma violência maior ao espírito olímpico? Dessa vez, entretanto, foram longe demais: inverteram completamente as coisas. Desde sua origem, as Olimpíadas fizeram até com que se interrompessem guerras! Tem sido o esporte, além disso, a maior esperança para que, um dia, a humanidade encontre um caminho mais construtivo para as suas disputas. Não há como negar: o COI está a serviço dos aparatos de segurança organizados para além da nações e contra elas voltado.

Diante desses fatos, quem se valer da expressão “TEORIA DA CONSPIRAÇÃO” para tentar desqualificar esse tipo de desconfiança receberá o troféu “Bobo Alegre” do ano: aquele que aceita qualquer tipo de manipulação; os que cantam pela vida afora: “Tô nem aí”!

Dizem que a bandeira olímpica foi de Pequim a Londres! Mas, observando as ameaças (por escrito) de invasão da Embaixada do Equador e impedimento de saída de Assange/Wikileaks feitas pelo governo inglês, parece que o espírito da ditadura chinesa foi junto com a bandeira. E vejam que os chineses queriam impedir a saída de outros chineses! “Dr Jekil e Mr Hide” parecem estar no DNA dos ingleses. Durante as Olimpíadas, representaram bem “Dr Jekil”. Agora….. Esperemos que não cometam um massacre parecido com o de Jean Charles! Há menos de 3 anos, os ingleses deram salvo conduto àquele que, confessadamente e a mando de Kadafi, explodiu o avião caído em Lockerbi, ao que tudo indica, depois de um acerto financeiro com Kadafi.

Um dos momentos mais tocantes da festa de encerramento da Olimpíada foi a imagem de J. Lennon cantando “Imagine”. É impossível, entretanto, es quecer da perseguição a que foi submetido nos EUA (visando sua expulsão), simplesmente porque não se limitou a IMAGINAR e se envolveu profundamente na luta contra a guerra do Vietnam**. Sofreu um verdadeiro linchamento público pela mídia americana. Agora, os “herdeiros e descendentes” daqueles que o perseguiram estão tirando dividendos de sua mensagem, tentando fazer delas um mero espetáculo vazio. A falta de perspectiva histórica é mesmo um dos maiores males da humanidade.

*Mais uma vez, nossa Chancelaria acertou em cheio no caso, especialmente ao se valer da expressão: “seria um INCIDENTE GRAVÍSSIMO”. O silêncio seria vergonhoso. Ameaças específicas, contra-producentes. Mais uma vez, hão de ser: nosso peso, determinação e cuidado, os fatores decisivos no avanço da questão.

**Algo de muito parecido aconteceu a outro inglês nos EUA, C. Chaplin, durante a segunda grande guerra. No caso, porém, sua luta era pela abertura de uma segunda frente anti-nazista ocidental, de maneira a desafogar um pouco a pressão nazista sobre a URSS. A imprensa e o FBI valeram-se de métodos tão sórdidos, envolvendo também acusações de natureza sexual, que sua esposa—Oona O’Neill, filha do escritor Eugene O’Neill—preferiu se tornar uma apátrida a continuar sendo cidadã norte-americana (ver biografia de C. Chaplin). E ela nascera lá! Quem quiser que continue acreditando no “Sonho Americano e na “Terra da Promissão”!

2 Comments

  1. A indústria bélica detém o poder, destrói famílias do povo americano e inglês, cansados dos embates sem fim. Muito difícil a atenção do espectador popular, condicionado ao fast food televisivo e absorção visual do “espetáculo”, parar e pensar com essas suas perspectivas. Precisamos de mais professores como o senhor na imprensa!

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