(As ameaças do CAPITALISMO à própria VIDA exigem uma aliança mais ampla)
Márcio Amaral
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A ideia da formação das “FRENTES DE ESQUERDA”, para quem esteve alijado do poder; foi enxovalhado e humilhado durante anos, é quase irresistível. Ao lado disso, a recente ofensiva golpista sobre a sociedade brasileira, por parte de grupos autodenominados “de direita”, também forneceu amplo material para um “REVIVAL” de certos estereótipos. A recente derrota do partido “PODEMOS” (Espanha) nas últimas eleições gerais (26jun)**, quando—depois de se aliar ORGANICAMENTE à “Isquierda Unida”—perdeu mais de um milhão de votos em relação à eleição anterior, deveria ser suficiente para uma reflexão profunda entre as tendências autodenominadas “de esquerda” do Brasil. Algumas permaneceram presas aos velhos estereótipos e, por isso mesmo, tornaram-se apenas “marcadoras de posição” (um tanto paralisadas): uma espécie de “reserva moral das esquerdas tradicionais”.
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Outras, entretanto, têm desenvolvido uma prática muito ampla de INCLUSÃO de outras tendências—conquistando até mesmo a simpatia de setores, até mesmo ditos “de centro”, tal a vibração da sua juventude—e estão vislumbrando uma conquista de poder nas próximas eleições. Essas, logo ficarão diante de um dilema…falso como todos, desde que não fiquem presas ao passado. A hora é de ampliar a zona de conquista de apoios sem perder PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS e não de estreitar o campo de ação. A violência CAPITALISTA, contra os povos, a Terra e a natureza em geral, está nos cobrando uma demonstração cada vez maior de capacidade de brecar esse avanço. Os “trilhos” a que Temer se refere quando fala em“colocar (quem sabe amarrar?) o Brasil nos trilhos”, parecem visando passar por cima de nossos valores com uma locomotiva desgovernada e “muito liberal”, o quer dizer: SEM QUALQUER RESTRIÇÃO AO CAPITAL.
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E ENTÃO, A SOCIEDADE ACORDOU PARA OS MALES DO CAPITALISMO
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Essa é a grande novidade trazida pela crise que se arrasta e continuará se arrastando enquanto não surgir uma espécie de “NEW ‘NEW DEAL'”*(um NOVO “NOVO ACORDO”) à maneira do proposto por Roosevelt, mas muito mais radical no seu controle aos movimentos do CAPITAL. A crise está se arrastando simplesmente porque suas causas estão SE APROFUNDANDO em vez de sofrer um combate cerrado: 1-elevação do poder do capital financeiro e aumento da concentração de renda; 2-ataque aos direitos dos trabalhadores em todo o mundo, ataque esse capitaneado até por partidos ditos socialistas (como na França); 3-esforço de queda das barreiras à exploração máxima e destruição da natureza (transgênicos, exploração de gás do xisto, e outros). Por tudo isso, está ficando cada vez mais clara a ameaça que o CAPITALISMO representa para todos os povos do mundo. Assim, a Igreja Católica e o Papa já se deram conta disso chegando a condenar todas aquelas práticas (mas sem dizer o nome do novo “diabo”). Agora mesmo, Stephen Hawking disse “Além dos robots devemos termer o CAPITALISMO”. E parece que nem “de esquerda” ele é. Pois bem, em situações desse gênero, quando a sociedade se sente ameaçada, o natural é que procure por forças mais consequentes que impeçam o avanço daquilo que a ameaça: o CAPITALISMO, no caso.
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A situação brasileira é muito favorável ao surgimento de uma nova força política com forte matiz anticapitalista e necessariamente de esquerda. O COLAPSO MORAL de todos os partidos tradicionais—sem exceção cooptados pela força do CAPITAL—está fazendo com que a sociedade olhe para os lados à procura de novas e mais consequentes forças que apontem novos caminhos. Alguns poucos partidos saíram incólumes do (bom e generalizado) desastre. Mas as velhas fórmulas (historicamente aplicadas pelas esquerdas) não parecem ser suficientes para responder às demandas da sociedade. Expectativas de revoluções ou estabelecimento de uma forma qualquer de comunismo, por exemplo, penso que não estão no horizonte. Quem quiser defender algo parecido vai perder outros tantos milhões de votos. A sociedade quer que se mantenha e se eleve a produção e sabe que os “capitães de indústria” conhecem os procedimentos para isso. Mas está se dando conta, também, de que, deixados à vontade, destroem tudo à sua volta. Assim, a boa fórmula continua a ser a proposta por OLOF PALME (ex-PM sueco, décadas de 1970/80, assassinado a mando de defensores do capitalismo e de suas mazelas): “O CAPITAL é um carneiro que precisa ser mantido bem tosquiado”. Só um sueco poderia comparar o CAPITAL a um carneiro. Não devemos ser contra o CAPITAL, mas contra o seu PODER POLÍTICO e sua concentração crescente: o CAPITALISMO.
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*A divisão “esquerda ‘vs’ direita” andava em desuso. Com o GOLPE parlamentar em curso e a polarização generalizada da luta política, aquela divisão/separação retornou no velho estilo. Prefiro classificar as pessoas em: COM OU SEM ESPÍRITO PÚBLICO. Há tanta gente que se diz de esquerda e é destituída desse espírito!
**Em dez/2015 o “PODEMOS” se tornou a terceira força na política espanhola. Não foi possível a formação de um governo obrigando a novas eleições. Nesses 6m, parecia que se tornariam a segunda força (superando o PSOE) e sonharam com a conquista do poder, aliando-se à “Isquierda Unida”. A DIREITA fez uma campanha voltada para o medo e aquela aliança perdeu mais de um milhão de votos em relação a dezembro. O fantasma da guerra civil está ainda muito vivo
…CONTINUA: “OS RISCOS DE UMA FRENTE DE ESQUERDA”….
A TERRA É MÃE, MAS TAMBÉM SABE SER MADRASTA
(um diálogo entre o Poeta e a Terra)
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(Introdução: o poeta)
A terra é mãe,
Mas também sabe ser madrasta!
Dá calor e confiança,
Solo firme e esperança
A uma gente tão ingrata
Que, na mesquinhez do dia a dia,
Sem saber o que faz,
Mais e mais dela se afasta.
A terra é mãe!
Mas também sabe ser madrasta
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(A TERRA, com algumas modificações na letra)
Te FIZ nascer, te alimentei
Sempre girando segundo a lei…. (as da física)
Te VI crescer, me orgulhei,
Até que um dia surgiram os reis.
Da tirania e exploração
Fui palco de coisas que nem pensei.
Por insolência e insensatez
Estragas tudo que te leguei.
Mas tá vindo a hora, tantos avisos dei,
Da tua punição, também segundo a lei. (as da moral)
Quem sabe uma nova aurora?
Distante que nem sei!
Da tua redenção
Pelo tanto que te amei.
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OS DOIS (com acréscimo)
O povo diz que Deus é pai, nunca é padrasto!
Mas é também muito cioso de seus astros.
Chega um dia, a paciência se desgasta
A esfera rosna, treme toda e dá um basta!
(TODOS)
A TERRA É MÃE, MAS TAMBÉM SABE SER MADRASTA!
Bom texto. O problema é que muita gente da esquerda se diz anticapitalista e não para de arrumar formas de apoiar suas desgraças com a desculpa de que não temos acúmulo de forças para fazer diferente. Talvez, o diferencial seria no nível de compromisso com as institucionalidades que garantem o funcionamento da dominação do capital. Abraço!