Arte e Cultura

MAIS RESPEITO PELA ÁFRICA! A INCRÍVEL JORNADA HUMANA

(E o HOMEM se fez: primeiro a ele mesmo e depois ao mundo)

Márcio Amaral

…………………….

"NAVIO NEGREIRO, W. Tunner. Em 1783, ao fazer o transporte de pessoas negras entre a África e a Jamaica, a "carga" adoeceu. Como o seguro "cobria" apenas "eventos no mar" (afundamentos e e afogamentos) e não mortes por doenças, o Cte ordenou que todos os doentes (132) fossem atirados ao mar com seu grilhões. Sim! Além de todos os absurdos contidos no caso, diria que os seguros têm servido para promover a morte. Em 1840, W. Tunner (1775-1851) pintou essa terrível maravilha de maneira a que os ingleses não se esquecessem de seu passado. Há ali tantas mãos lutando contra o peso dos grilhões que as arrastam para o fundo e a boca dos tubarões! W. Tunner foi execrado pela obra e acusado de louco, já que sua mãe morrera em um sanatório.
“NAVIO NEGREIRO, W. Tunner. Em 1783, ao fazer o transporte de pessoas negras entre a África e a Jamaica, a “carga” adoeceu. Como o seguro “cobria” apenas “eventos no mar” (afundamentos e e afogamentos) e não mortes por doenças, o Cte ordenou que todos os doentes (132) fossem atirados ao mar com seu grilhões. Sim! Além de todos os absurdos contidos no caso, diria que os seguros têm servido para promover a morte. Em 1840, W. Tunner (1775-1851) pintou essa terrível maravilha de maneira a que os ingleses não se esquecessem de seu passado. Há ali tantas mãos lutando contra o peso dos grilhões que as arrastam para o fundo e a boca dos tubarões! W. Tunner foi execrado pela obra e acusado de louco, já que sua mãe morrera em um sanatório.

NOTA: quando soube criação de uma nova Escola de Samba: Os “Bohêmios da Cinelândia”, recebi também o convite (enredo e sinopse) para apresentar um samba e concorrer ao seu primeiro desfile. Saí do local com o primeiro refrão na cabeça e, em 1 semana, tudo estava praticamente pronto. O resultado, porém, era totalmente inadequado à “finalidade”. Sequer foi apresentado e agradeço aos autores da sinopse a inspiração*. Gravei-o alguns dias depois. É tema que me ocupa há décadas e em torno do qual, até por razões da minha história pessoal, sinto presente em mim um lirismo permanente e difuso. Assisti, com o maior interesse, a série “A INCRÍVEL JORNADA HUMANA” (BBC, organizada pela Antropóloga Alice Roberts). Aquela informação, entretanto—da nossa origem africana—eu tinha desde o final da década de 1980. Lembro-me bem de (estando na Suécia) ter falado nisso a um africano que lá encontrei. E que felicidade pude ver nos seus olhos naquele momento! “Um sorriso negro…Um abraço negro…”. Essa canção é uma retribuição a todos os seres humanos que preservam “A COR DA VIDA” (tema do desfile) e me deram todo tipo e apoio na minha própria jornada. Foram tantos! A gravação é muito simples e desigual, mas tenho a impressão de que cumpre a sua função. Quem sabe não servirá de base para eventual gravação futura? Separo-a em trechos, pois tem uma unidade formal que me agrada muito (para ouvir, clique na barra)

…………………..

(DECLARAÇÃO E AFIRMAÇÃO)

ÔÔ…ÔÔ

Mais respeito pela a África

Que foi por lá que a HUMANIDADE começou…ÔÔÔÔ

ÔÔ…ÔÔ

A jornada foi fantástica

Mesmo com a ganância do homem branco

Espalhando tanto horror! ÔÔÔÔ (REPETIR)

……………

(SURGE O SER HUMANO: ERGUE-SE E SE AFIRMA)

humanJá faz 3 milhões de anos

Que se ergueu o primeiro ser humano….

Todo o peso sobre os pés….olhar perdido na distância

No peito aberto uma nova esperança (E)

Nas mãos libertas o poder e a confiança. (SIM)

……………..

 

(AFIRMAÇÃO DOS GRUPOS: A FORÇA MASCULINA E O PODER FEMININO)

Todos nós éramos negros, desfrutando de uma linda comunhão:

Tanto amor, tanto aconchego, mas também tacape e proteção!

Uma coragem a toda prova: homo, homem, se você o quer (MAS)

No centro disso estava o poder suave da mulher

…. ÔÔÔÔ…

(MIGRAÇÃO INTERNA E OCUPAÇÃO DE TODA A ÁFRICA)

Cada grupo solidário…prá todo lado aventurou.

Os destinos? Tantos, vários, que nenhum vazio mais restou.

Mas se pode um Continente todos os corpos abarcar

Como conter aquelas mentes já tão viciadas no sonhar?

Toda Terra era o limite…..cada nova senda um bom convite.

E o ancestral seguiu em frente, passo firme, olhar valente! 

…..ÔÔÔÔ…..

negro a cor da vida

Como hoje os refugiados se dirigiram para o norte,

Ombro a ombro, lado a lado, encarando medo, mar e morte.

Alguns olhos se rasgaram e a pele até perdeu a cor.

Todos os elos se esgarçaram, mas a corrente não quebrou.

Logo veio o RACISMO, e as querelas com vizinhos

Estamos à beira do abismo, DESLEMBRADOS do início do caminho

…………..REFRÃO….

 

 

 

 

(“FÓRMULA BAUDELAIRE”** X todo tipo de NARCISISMO, base do RACISMO)

Quem aprecia o diferente 

Se renova todo dia.

Se você assim não sente…

Cuidado com a vã demagogia (Sim)

O preconceito é pavoroso

Atinge gente torta e fria

Todo racista é um invejoso

Da nossa imensa alegria

…………………………

*A verdade, também, é que os sambas com essa finalidade ficaram por demais presos a uma “FÔRMA”, em vez da boa FORMA que toda produção artística precisa ter. De minha parte, digo que a EXPRESSÃO não deve ceder a nada fora dela mesma.

**Diante de pergunta quanto ao porquê de elogiar outros autores muito diferentes dele mesmo, respondeu o poeta: “Por que procurar por aquilo que se possui em quantidade quase supérflua? Como não exaltar aquilo que é mais difícil de adquirir?” (em “Obra e Vida de E. Delacroix”, Ed. Nova Aguillar S.A., 2006). Se alguém me perguntasse: existe alguma fórmula para a felicidade? Diria: esses termos são já um “fator atrapalhador”. Mas se me perguntassem: há uma fórmula para se obter HARMONIA nas sociedades e entre grupamentos humanos? Eu diria: “Apliquem a fórmula Baudelaire”. Quando as pessoas usam, nessas situações, verbos como “aceito, respeito ou tolero” os diferentes, não sabem que estão em uma espécie de “vestíbulo do preconceito”. Somente não enveredando por ele dadas as condições sociais da época. Já quem aprende a APRECIAR o diferente se tornou, ele mesmo, um baluarte na luta pelos direitos humanos em geral.

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