Arte e Cultura

PAES: TRISTE FIM DE GESTÃO “PRÁ INGLÊS VER”!-I

(Desrespeitaram: cultura, mulheres, vida/saúde, transporte público….)

Márcio Amaral

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disney

Comecemos pelo mais antigo dos atos desrespeitosos da PREFEITURA (para com nossa CULTURA). Foi aquele que chamou menos a atenção: a proibição silenciosa  do samba em toda a ORLA ATLÂNTICA desde que a FIFA* dela tomou posse. A tal “ordem” tinha um quê de mafiosa ou de traficantes: era verbal, sem qualquer documento, imperiosa e em tom sutilmente ameaçador. Vinha de “alguém da prefeitura”. A NOSSA ATLÂNTICA tornara-se nada mais do que um CENÁRIO para a tal “FIFAFUNFEST”. A situação mais dramática aconteceu com o bom grupo “Mal de Raiz” que tocava há anos (nos fins de tarde, aos sábados) no quiosque quase em frente à R. P. Freitas. Quem quiser fazer o teste, vá e pergunte a que trabalha lá há algum tempo (ou procure na INTERNET). Já o fiz acompanhado de pessoas que não tinham sido testemunhas do fato, só para comprovar. Eles mesmos (os empregados e donos) confirmam: ficava cheio; era uma alegria e hoje está “às moscas”. O grupo protestou publicamente, ganhando notícia na “Pequena Mídia”, mas evitou conflitos com o empresário, sabendo ser ele também uma vítima. Talvez a maior…além da nossa cultura, é claro. Alguns dos seus integrantes eu conheço bem e outros são inclusive da área da saúde. Havia outros grupos: no Leme, próximo ao “Meridien” aos domingos; perto da Pedra do Leme (onde meus filhos chegaram também a se apresentar). Foi um sentimento de revolta que me inspirou os versos abaixo (clique na barra)

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SAMBA…RESISTÊNCIA A TODA PROVA!

Para os Grupos: “MAL DE RAIZ” e “RAIZ FORTE”
………..REFRÃO…

O samba tem resistência a toda prova

Quando sob ataque sua energia se renova

Se o maltratam nosso povo não aprova (Assim)

Tem político aí que vai levar uma bela sova (Ah!Vai)

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Proibiram nosso surdo de bater em toda orla

Tiraram da praia o pobre…prá madureira deram esmola

Até parecem uns menininhos que são os donos da bola

Que vão saindo de fininho, por aqui isso não cola…

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O Paes fala, fala, fala e não sabe o que diz

Fez parar na Paula Freitas o samba do “MAL DE RAIZ” (Mas)

Essa é uma RAIZ FORTE e disso ele não entende nada

Que vá procurar suporte lá na tal raiz quadrada

………….(REFRÃO)

Mar e samba, Samba e Mara são do Rio a raiz

Ninguém há de aqui mandar sem humildade de aprendiz

Bem vindo todo estrangeiro que sabe chegar pequenininho

Respeitando o brasileiro e pisando nesse chão devagarinho

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Drummond disse que o Rio se escreveu em torno ao mar* (verso reproduzido no banco da estátua)

Agora o COI e compadrio querem essa ligação cortar

E se com o corte nossa ATLÂNTICA no oceano afundar

Um Deus negro, pai do samba, há de vir prá nos salvar

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GRUPO MAL DE RAIZ
GRUPO MAL DE RAIZ

DESDE ENTÃO…música…na orla! Só se for com um “banquinho e um violão”. Considerando a amplitude do local, chega a ser incômoda a situação dos músicos. Sim, a “bossa nova” tem origem em Copacabana, mas, como disse um de seus criadores, foi fruto do tocar baixinho no seu próprio quarto e para não incomodar o vizinho. Com muita frequência corro aquela orla de bicicleta e me entristeço vendo algumas pessoas “cantando para ninguém” e sua vozes se perdendo, na medida em que não encontram outras para lhe fazer coro. A desolação é enorme. Sei que exagero…um pouco, mas tenho termo de comparação. É verdade que as pessoas continuam a apreciar a nossa Atlântica à sua maneira. Em um domingo à noite, próximo à S. Clara, ouvi um bom violonista que, acompanhando uma cantora, conseguia tirar um som lembrando percussão no violão. Assinalei o fato e ele, muito feliz pela observação, confirmou o esforço, pois a percussão propriamente dita estava mesmo proibida.

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PAES: “DISNEY PARADE” NA ATLÂNTICA- NATAL 2009
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Quem se lembra? Ali estava a verdade de PAES. Era naquilo que ele queria nos transformar. Fui até à nossa ATLÂNTICA só para apreciar um ridículo de proporções…ATLÂNTICAS. Só para dar outro exemplo, bem mais tarde, “elogiaram” nossa cultura chamando-a de “CARIOQUICE”; esqueciam-se de que o sufixo é SEMPRE de menosprezo: TOLICE, MESMICE, CHATICE, MOMICE, CRENDICE… Esse mal estar com nossa cultura sai pelos seus poros. Sua incompatibilidade com os “EDBOYS” é insuperável. Fingiram que gostavam do Rio só para ir tentando domar a fera…INDOMÁVEL. Viraram caricaturas ambulantes. Como muitos outros antes, estão sendo derrotados e começaram a recuar pensando nas eleições. Mais recentemente, relaxaram a “ordem anti-samba” e os “estilizados” já se podem ouvir em alguns quiosques da Atlântica. Mas o SURDO (essa alma sonora do samba) NÃO! Os “donos do mundo” devem ter alguma razão. Há algo de libertador no SAMBA…especialmente no SURDO e a forma como ele nos atinge profundamente! Essa deve ser a origem do incômodo que causa nos muito superficiais (ainda que não o reparem). Sem “teoria da conspiração exagerada”—pois há tantas conspirações por aí—teriam “apenas” uma aversão visceral e irracional ao SURDO. Vejam a “festa brasileira” (havia tão pouco para além dos estereótipos) de Londres (2012): o samba apresentado, apesar de ser um SAMBA-ENREDO (e que samba!)—“É HOJE”: “A minha alegria atravessou o mar…”, U. da Ilha)—foi também “estilizado” e…sem SURDO. Eles têm uma certa razão quando SENTEM, sem sequer chegar a PENSAR: “Calemos o SURDO, antes que seja tarde!”.

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NOTA: confesso que vejo as VIDEOCASSETADAS e, por isso, tenho que aturar alguma bobagens do gordinho. No dia 21/02, depois de que um grupo sertanejo cantou, disse o gordinho (vestindo um quase pijama) ao responsável pelo “Dicionário Houaiss de Música” (usando o nome do original): “O Brasil não pode se limitar um ritmo só, a um tipo de música só…, não é mesmo?” (repetido algumas vezes, cada vez mais agressivamente). Era óbvio que ele se referia ao SAMBA e a maldade estava nele não o dizer diretamente. Parecia até que a A GLOBO vivia mostrando samba e estava fazendo uma autocrítica ou que o pessoal do SAMBA estava hostilizando outros ritmos. O mal estar para com o SAMBA era óbvio.

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AGRESSÃO À MULHER PELO “CANDIDATO DO PREFEITO”

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Em todo o acontecimento, o mais estranho foi a fala de Paes: Vou com ele até o fim!”. Só não disse que tipo de fim seria esse. Afinal, esse não é um assunto pessoal; não se tratam de amizades ou casamentos na família do prefeito, mas dos interesses de toda uma cidade. Já o “candidato”, reproduziu TODAS as etapas que caracterizam um agressor contumaz: 1-Escondeu; 2-Revelado, mentiu (dizendo que fora “só uma vez”); 3- Desmascarado, acusou os denunciantes de manipulação; 4-Confrontado, disse que era um “assunto particular” (tese também do prefeito…e há um processo na JUSTIÇA, com “exame de corpo de delito”); 5-Acuado, constrangeu a agredida a fazer um depoimento no qual a própria disse: “dou a minha cara a tapa como ele não faz mais…”É quase impossível não fazer alguma piada com uma fala dessas na boca de alguém que já teve que ser atendida em hospital pela agressão de um marido, mas, em respeito às mulheres em geral, vou evitar. Quanto ao “candidato”, caso assumisse logo; pedisse desculpas e dissesse que tinha procurado ajuda profissional, todos (ou quase) o compreenderiam. Especialmente no Rio, o brasileiro adora perdoar um arrependido. Conselho a quem cai em um pântano: não se mexa muito, caso contrário, vai afundar mais rapidamente.

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*É verdade que a tal “ordem ao estilo mafioso” não atingiu o “quiosque global” que apresenta conjuntos no mais alto volume; ouvido a quilômetros de distância.

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